sexta-feira, 18 de outubro de 2013

O Fausto por Sokurov



O primeiro filme do Sokurov que assisti foi Arca Russa, indicação de um amigo que estudava psicologia e que me disse ter achado o filme a minha cara. Como bom simulacro de psicólogo, soube mexer com o ego da persona e óbvio que fui atrás do filme e gostei. Mas não achei a minha cara.

Passaram-se alguns anos e um dia, do nada, passava uma versão do Fausto de Goethe no Cult e eu assisti. E era o Fausto do Sokurov. E me deu náusea.

Não seu qual a sensação que vossas mercês sentem ao lerem Fausto, mas a minha é de náusea. Não estudei alemão o suficiente para ler nada de Goethe na íntegra, infelizmente. Então só li traduções, umas três diferentes, mas, a sensação de embrulho no estômago é a mesma. A história de Fausto e Mefistófelis me perturba e bolina as minhas vísceras.

Não assisti os outros filmes que culminariam no Fausto de Skorov, que são Hitler, Lênin e Hiroito, mas já me dei por satisfeita. Fausto transmite uma forte sensação de claustrofobia, mal estar, repulsa.  É tudo feito para incomodar. O quarto do protagonista é baixo, apertado, o Dr. praticamente tem que rastejar. Nas ruelas em que as pessoas esbarram umas nas outras ou na própria aldeia, aprisionada entre as colinas, todos se esbarram, rastejam. Tudo sufoca. Tenho gastura de multidão, lugares apertados, e, especialmente, gente que rasteja. Não bicho ou coisa. gente.

A imagem do filme é meio leitosa, esbranquiçada, sem contraste e com lentes distorcidas. A câmera  fica entre o esbarrão dos corpos, como num pesadelo de ir e vir, sem chegar a lugar algum. talvez o limbo.

O personagem Fausto na versão de Sokurov não é um arquetípico, é mais humano, o que foge do Fausto de Goethe, uma subversão dum personagem que já é por si só uma subversão. 

É um belo exercício de cinema.

Bisous.

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