domingo, 3 de setembro de 2017

O Feminismo e a Liberdade na era de *temer



*troque o t minúsculo pelo maiúsculo...

Esta semana, mais uma semana, de muita correria, stress, nada de novo sob o sol, um pra cada vivência aqui em Fortaleza e há quem chame de cidade solar por causa disso. Acho brega no último. Mas então, foi uma semana meio difícil pra mim. Tudo bem, sempre é meio difícil pr'uma mulher dona das ventas, feminista e socialista num ambiente cujas as cores são outras. Mas esta última semana, ah esta última, foi de lascar. 

Primeiro, filhas doentes. Uma do rim, outra da vesícula. Às vezes perco o sono pedindo pra ser comigo e não com elas. Por menos grave que seja, mãe nenhuma merece ver os filhos sofrerem. E os meus já sofreram tanto desde que voltamos do Rio. Há de melhorar.

Segundo, observar pessoas que se relacionam entre si por causa de iPhones 7. Sério, existem pessoas que têm iPhone 7 que só fazem amizade com outros donos de iPhone 7. Steve Jobs rindo, diabolicamente, no oitavo círculo dantesco. Algum estoico pode me aconselhar pra mode evitar esse tipo de gentinha. Pois é, amiguinho, não posso não ó, desolée pour moi (problema meu, né?). 

Em seguida, discutir com gente que acredita que magro é oprimido por ser magro, assim como branco, homem, hétero. Gente. Queria morrer, sério. No mesmo dia, numa lotérica pagando boleto (é só o que eu faço nesta vida severina) um homem horroroso me empurrou e falou bem alto, pra todo mundo ouvir, que era por isso que mulheres apanhavam, porque estavam sempre no caminho. Ainda falou que Maria da Penha não servia de nada porque as juízas apanhavam dos maridos em casa também. E foi nesses últimos dias que a Clara Averbuck foi molestada num Uber, que um maníaco ejaculou numa moça dentro dum transporte público e foi liberado pelo juiz que não entendeu como injúria grave o ocorrido, e o pior de tudo, cara solto fez de novo, está preso agora, até o juiz, seu fã número um, o liberar de novo. Uns meses atrás, minha filha e eu fomos agredidas na rua por um monstrinho, que passou por nós dizendo que iria estuprar todas as feministas nojentas, e esbarrou na minha filha com força. Acho que esse monstro supôs que éramos namoradas, estávamos de braços dados, sei lá. Quem entende o que se passa na cabeça dessa gente? Eu não entendo e nem quero.

Daí disso tudo, emergiram as lembranças de outras agressões. Sim, mulheres instruídas e esclarecidas estão sujeitas à agressão, às vezes por desconhecidos (já aconteceu comigo, tentando defender amiga), outras vezes, a maioria, por quem deveria nos amar, e isso foi cafona. Acreditar em amor romântico é uma cafoneira horrorosa. E eis que chega-se à conclusão de que já fui agredida de tudo que foi jeito, dentro e fora de relações tóxicas e abusivas.

E, mesmo sendo feminista, tenho consciência de que o feminismo nunca me protegeu ou livrou de nada disso. O feminismo não evita que vivamos relações erradas ou que sejamos agredidas na rua, andando de braços dados com nossas filhas e filhos. O feminismo não nos cria um escudo, nem uma redoma de vidro, não nos impede de tomar decisões perigosas, como entrar num Uber sozinhas e vulneráveis, num mundo feito pra machos ruins. Mas o que o feminismo faz por todas nós é nos acordar, é nos dar consciência que a culpa nunca é nossa do mundo ser esse patriarcado lixo que nos oprime. Ou seja, o feminismo nos liberta da escravidão de achar que a culpa é nossa, naquela concepção medieval de que ser mulher é errado. Medieval nada, milenar, bíblica, judaico-cristã.

Viva ao Feminismo Abolicionista.

Inté.

Imagem: feita por mim com uma Sony Cybershot.

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