sexta-feira, 11 de abril de 2014

Leituras do mês


No último ano retomei meu hábito de leitura que era, digamos, voraz, porque eu lia de tudo e muito: leituras acadêmicas (basicamente crítica literatura, história da arte, teoria lingüística), leitura de fruição (contos de fadas, contos celtas, mitologia, esoterismo, livros de gatinhos, nhoinn) até as bestagens destruidoras de neurônios, como o terrível quem mexeu no meu queijo. Quase que não me recupero, mas tudo bem. 

Contudo, apesar de todas essas leituras, algumas, confesso, um desserviço ao meu constructo intelectual, li pouco de literatura em si durante a universidade, porque simplesmente não vivia, eu me arrastava até o campus. Por sorte é que li muitomuitomuito antes da academia. Li os clássicos da nossa literatura, os clássicos universais mais conhecidos, todo um cânone, e eu nem sabia quem diabos era Harold Bloom. Mesmo assim, consegui entrar para o curso de Letras sem ler James Joyce. Eu não o conhecia nem de nome. Repare que eu conhecia e havia lido algo do beatnik e nada de Joyce. Inclusive fui motivo de chacota por conta disso.

Adendo do abuso: curioso era que o povo não possuía metade das minhas leituras de literatura brasileira, mas euzinha não conhecer Joyce era um absurdo.

 Mas tudo bem, eu li Joyce, alguns contos do caolho irlandês e o famoso Ulisses, tudo durante o curso. E ao contrário do que pensava, eu me apaixonei por seus escritos (Já a persona James Joyce, que criatura sebosa). Só que ler algo do porte de Ulisses durante a universidade foi a mais perfeita exceção, porque, via de regra, é a dona academia que dita as suas leituras.

 Após dar uma banana concluir minha vida acadêmica, fui retomando meu velho e bom hábito de ler feito doida. Por agora estou numa fase de releituras, compras felizes para leituras vindouras. Tudo lindo. Outro hábito de gente perturbada é dividir as leituras por épocas peculiares. Explico. No verão acho bonito ler Macunaíma, na primavera Cecília Meirelles. Não faz o menor sentido, eu sei. E essa época do ano que chove aqui em Fortaleza,  invariavelmente retomo o meu apego ao Bram Stoker (imaginando Maicon e Jacintinha pronunciando Stoker com aquela lindo acento britânico ♥) e demais leituras mórbidas. Na verdade eu acho só divertido, mas tudo bem.



Sobre o Dracula, confesso que amo Lucy Westenra. Lucy é a melhor amiga de Mina Murray, que é a protagonista da estória de Bram Stoker, e deveria ser mais interessante, mas ao menos para o meu olhar de leitora, Lucy, em todas as suas aparições, interpretações e demais desdobramentos da romantização do Dracula, é profundamente mais interessante e instigante. Por que? Ora, porque Lucy, apesar de manter alguma cousa que seria entendida como ingenuidade, é leviana, um tanto lasciva, apesar da descrição, como uma moçoila de natureza pura e beleza angelical. Ela é danadinha, sabe como? Pois é. Lendo isso em cartas, através da descrição de Mina, e da própria Lucy, como se desenvolve a trama de Bram Stoker, é muito divertido, quase uma fofoca ao pé de ouvido. 

 A melhor versão de Lucy Westenra é a do filme de Fracis Ford Coppola, aliás, a mais completa em uma aparição longa. Certo que mais erotizada, o que era uma nuança nebulosa na obra literária, e que Coppola transformou na principal característica de Lucy (como o Dracula romantizado e apaixonado, que só existe no filme de Coppola). A personagem aparece mal e parcamente no Nosferatu mudo (surrealismo alemão) e uma passagem linda em Phanton der Nacht, com a maravilhosa Isabelle Adjani como Lucy Harker.



Minha edição do Dracula, daquelas de banca de jornal, capa dura, letras douradas por uma pechincha.



Esta minha edição encontei em um sebo, capa negra e páginas azuis. Amo. Edição portuguesa, paguei quase nada.

Bisou

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