segunda-feira, 21 de julho de 2014

Fortaleza, 6 meses.



E já faz seis meses que voltamos e, se me perguntarem, não, eu não estou feliz. O certo é que as coisas nunca - nunquinha - são do jeito que a gente imagina. Às vezes são melhores, às vezes são piores, depende do contexto e da vida. No meu caso, sempre tem uma ajudinha de Murphy, para que tudo fique ainda mais difícil. Nestes seis meses eu tive que me reinventar, que me reconstruir. Começou por conseguir emprego de professora e voltar a enfrentar os desafios diários da profissão. Depois encontrar um cantinho para chamar de lar para mim, meus erês, Benji, Miu e o novo membro da família, Justine.

E não, não voltei a estudar francês, nem inglês, não está dando para ir ao cinema todo o mês, mas estou lendo muito. Fotagrafando, nem tanto. O recomeço de uma pós-graduação é a parte mais engraçada. Além de nenhum dos telefones da federal e estadual do Ceará parecerem funcionar (ao menos para mim), quando entro em contato com algum professor, possível orientador, a criatura simplesmente me ignora, às vezes de forma grosseira, como o fez uma certa professora muito bem vestida do CH. Ao menos não é brega feito a outra, que foi me (des)orientadora. Sim, estou sendo fútil. Ver o mar, nem sempre dá. Desenhar, estou aos poucos. La Coloriste está empoeirada, confesso. Mas estou aproveitando todo o tempo livre possível para ficar com meus filhos, meu cachorro, meus gatos, ou seja, meus amores. Exercícios que tenho feito: equilíbrio carregando livros em ônibus lotados, longas caminhadas, faxinar meu apartamento, subir e descer escadas ad infinitum.



A coisa boa disso tudo é que só agora é que me dei conta do tanto que o Rio me fez bem, o tanto que fui feliz por lá. Óbvio que fui feliz por ajuda não apenas do lugar incrível em que morava, mas também por conta das pessoas. Aconteceram coisas muito ruins, mas olha, fui tão feliz, a vida foi tão boa que, passada a minha confusão mental, sobrou foi saudade e um monte de memórias boas (e ruins também). Hoje eu entendo quando meu pai dizia que o Rio de Janeiro é uma dádiva. Quem mora no Rio sabe que a grande estrela do Rio é ela mesma, o Rio é a atração, o Rio é o personagem principal.

E Fortaleza? Bem, vinte dias após nossa chegada, escrevi alguma coisa sobre, as primeiras impressões do retorno e olha, as impressões só pioraram. A cidade em si está maltratada, com obras pela metade. Ah, pois é, querem (e parece que vão) destruir a Praça Portugal, um dos cartões-postais da cidade, uma das almas da Aldeota. Estão removendo algumas árvores centenárias da Avenida Santos Dumont, o Centro da cidade está hor-ro-ro-so e a impressão sobre as pessoas de Fortaleza, impressão que só se reforça, é que se endureceram, se desumanizaram, talvez por conta deste rebuliço pela cidade, que está lhe rasgando as entranhas e evanescendo a sua alma.


Inté.

Imagens: por volta de 2006, feitas por mim com uma câmera mega amadora.



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