quinta-feira, 14 de agosto de 2014

Espedito Seleiro



A primeira vez que vi uma peça do Mestre Espedito Seleiro foi nos pés de uma colega do mestrado em literatura, e claro que era das figuras mais insólitas do Bosque das Letras. Adendo: Bosque das letras s. m. epíteto abaitolado com que batizaram meia dúzia de árvores centenárias e uma espécie de praça que compunha o CH 1 (Campus de Humanidades, cuja totalidade era o curso de letras). 

Esta figura namorava com um antigo colega do francês, um daqueles tipos revolucionários, que os lindos chamam de "petista". Bien, esse sujeito era um trouxa em calça de brim encardidas, pose de intelectual de filme do Godard. Mas era alto e bonitão. Já a moça, com as sandálias de Espedito Seleiro, era do tipo meio louca, de curso de humanas, parecia inté saída de um filme do Almodóvar. Gostva dela. Dele não.

Foi desta moça que ouvi uma das maiores verdades acadêmicas que podem existir, que um idiota com mestrado ou doutorado é apenas isso, um idiota mestre (douto) ou um mestre (doutor) idiota.

Aqui e ali ela aparecia com as sandálias Espedito Seleiro, com seus arabescos coloridos. A sandália era azul. Couro curtido azul. Minha gente. Meu coração. Uma beleza tão única, às vezes eu supunha que havia me apegado à figura dessa moça de Almodóvar, por conta da memória afetiva das sandálias Espedito Seleiro. E sempre quis uma peça Espedito Seleiro. E nunca tive. Nunca fui à Baixada do Araripe, ou seja, nunca fui à Nova Olinda. E sempre procurei por algo no Mercado Central em Fortaleza, mas nunca encontrei. 

É um vazio em minha vida, porque, para mim, it bag ou a bolsa coisa, é uma bolsa Espedito Seleiro. 

Bisous.

 Imagem: FFW.

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