Inaugurando no bloguito uma seção que será uma espécie de terapia, porque afinal escrever para mim já é uma terapia - dia desses me sugeriram análise, pague que eu vou - o consultorinho sentimental.
A gente vai se deter por aqui nos pormenores do coração. Olha só que brega, não é mesmo? Pois é, mas vamos tentar ao menos rebuscar a nossa breguice existencial, vamos transformar em algo kitsch, né? Pois então. Dizem por aí que todo apaixonado é brega e eu sempre fiquei pensando, já que o apaixonado, com todos os seus clichês, é brega, o corno é o quê? É kitsch, olha só que coisa linda.
E o feminino de corno? Poderia ser Elizabete facilmente, mas vamos tratar por corna, aceitando o morfema da língua.
Ao longo dos meus quase quarenta anos (eu tenho 37), tive apenas dois relacionamentos sérios, que resultaram em uniões estáveis e que terminaram em traição do desgraçado do respectivo. Ou seja, eu sou um fracasso. Óbvio que eu tive outros relacionamentos, quando eu era mais erê, amorzinhos platônicos, o primeiro beijo depois do show da Legião Urbana, mas nada sério, na verdade eu sempre fui meio esquisita, meio gauche nessa coisa de relacionamentos. E é para você, querida leitora (ou leitor, né? vai saber) gauche na coisa de se relacionar que eu escrevo.
Vamos falar sobre a Outra? Que, vamos combinar, filosoficamente é a Única. Você, querida traidinha é que é a outra, com letra minúscula. Você passa a não ter significado e importância relevantes.Você é alguém que precisará de ajuda, e quem precisa de ajuda, atrapalha. Ainda mais um lindo casal em começo de vida romântica, não é? Você é um estorvo. E, se precisar de ajuda financeira, chérie, você é O Estorvo, e a Outra o bálsamo.
A Outra nunca será odiada, não adianta. A Outra é a romantizada, que vira personagem para Meryl Streep, É a mulher a ser conquistada, é a mulher a ser amada, porque ela se entrega de corpo e alma. E você, querida? Você é apenas você. Então se apegue ao que você é.
Adendo: tem vezes que a gente é o amor que sente pelos filhos, pelo gato, pelo cachorro e não há nada de errado nisso.
Adendo: tem vezes que a gente é o amor que sente pelos filhos, pelo gato, pelo cachorro e não há nada de errado nisso.
E o ex? O ex, às vezes, é a pessoa que você amou. Às vezes porque acontece de você entrar numa relação sem amor. Aconteceu comigo, quando era muito jovem e julguei que amizade seria suficiente. E não foi. Já senti isso que chamam de amor e também não bastou. Aquela coisa do fracasso que já falei.
Não espere que o ex seja crucificado, a gente acha que merece, mas não é assim. Muitas vezes a existência é santificada, porque, apesar de tudo o que você fez (você foi traída, mas você fez muita coisa errada, viu?) ele te ajuda. E, se ele ajudar sem vocês terem filhos, é santo canônico. Ah, e você é uma bruxa.
O que resta é você se apegar com você mesma, tentar voltar a se bastar e mudar a realidade, como na música do Cranberries, so take my hands and come with me, we will change reality. Acho que foi um dos motivos internos de ter pegado minhas tranqueirinhas e filhos e ter fugido do Rio.
Bisous.
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