segunda-feira, 10 de novembro de 2014

A minha lista de 15 músicas mais tristes



Estava escrevendo dia desses sobre minhas reflexões acerca do fracasso (Nubia Lafayette mode on) daí que me ocorreu um monte de músicas tristes e, como boa adepta da internê e das listas, ça fait long temp (faz tempo à beça) revolvi fazer uma lista minha, muito-minha-só-minha, de musiquinhas tristes e lindas.

1. Climbing Up The Walls (Radiohead, Ok Computer)

" I am the key to the lock in your house, that keeps your toys in the basement"

Como fã do Radiohead considero o Ok Computer a coisa mais depressiva e auto-destrutritiva já criada pelo caolho de Oxford, vulgo Thom Yorke. E essa faixa em específico, a mais melancólica (e perturbada) do álbum, que já é uma ode ao buraco existencial de cada um de nós.

 "That either way he turns,  I'll be there"

Não sei vocês, mas eu leio que é sobre a tristeza que se fala. Então, né? Pois é.

Adendo: você, pequeno padawan fã de Radioahead, que acha Creep uma musiquinha triste e tem peninha do Thom Yorke, saiba que Creep não é uma música sobre depressão ou tristeza, Virou o hino dos geeks, porque what the hell I'm doing here. Mas é uma tiração de sarro, porque Thomas é assim, gente.

2.  Gloomy Sunday (na voz de Billy Holliday)

"Sunday is gloomy, my hours are slumberless, dearest the shadows, I live with are numberless"

Meretriz que deu à luz ou o correlato vigente.

Tem outras versões, inclusive uma na voz do Michael Stipe (REM), mas é na voz de Billy que o negócio pega. Além das lendas sobre a música em si. A história acerca dessa música e dos suicídios que ela provocou é bem controversa, uma vez que não há registros oficiais sobre.

Mas vamos lá, a música, que no original é Szomorú Vasárnap (Gloomy Sunday - Domingo Lúgubre), é do compositor húngaro Rezső Seress e algumas pessoas chamam essa música de Overture to Death (Abertura para a Morte). Seress a escreveu em 1933. Em 1936 ocorreu o primeiro suicídio. Joseph Keller, de Budapeste, deixou uma mensagem de suicídio que continha as frases da Gloomy Sunday. Após essa morte, mais 17 pessoas se mataram, com mortes de alguma forma relacionadas à música. Além dessas, especula-se que mais 100 suicídios tenham sido cometidos ao redor do mundo. Diz-se que muitos pularam no rio Danúbio segurando a partitura da música. Dois atiraram em si mesmos enquanto ouviam uma versão da música. Um homem pediu a música em um clube noturno antes de sair e atirar em si mesmo. Outro se enforcou com uma cópia da música a seus pés. Uma secretária se suicidou com gás após pedir que tocassem a música em seu funeral. Também se diz que, por causa disso, a BBC e outras rádios decidiram banir a música. São causos não comprovados, lendas urbanas. Mas a música é triste de doer n'alma. Eu mesma tenho vontade de morrer bem lindo quando ouço Gloomy Sunday. Você não? Que não, né?

3. I"ve seen at all (trilha de Dancer in the dark, na voz de Björk e Thom Yorke)

Eu, particularmente, não consigo evitar as lágrimas ao ouvir a música, porque lembro automaticamente da pobre Selma.

A história sobre a gravação da música é interessante, Björk tinha acabado de conhecer Thom Yorke nos bastidores das gravações do Space Gost coast to coast (não poderia ser mais bizarro). Daí eles se identificaram, saíram para tomar umas biritas e surgiu o convite, que Thom não recusou.

4. You know you're right (Kurt Cobain)

Eu fui adolescente nos anos 1990. Eu vivi o grunge. Eu fui-sou grunge ainda, porque eu não sei ao certo se tem como deixar de ser. E a minha banda grunge favorita é o Nirvana, seguida de perto por Alice in Chains (formação antiga, por favor). Essa música é a única coisa que sobrou gravada na voz do Kurt pós -n Utero, último álbum de estúdio do Nirvana. Por si só já seria duma tristeza imensa. Mas a canção em si é dolorosa.

"I will never bother you, I will never promise too, I will never follow you, never speak a word again, I will crawl away for good, I will move away from here,You won't be afraid of fear, No thought was put into this, I always knew it would come to this, I have never failed to felt. Pain. You know you're right"

Às vezes eu tenho a nítida impressão de que minha alma ficou presa em 1994.

5. The Suburbs (Arcade Fire)

"Sometimes I can't believe it, I'm moving past the feeling"

É linda. E triste.

6. Tempo Perdido (Legião Urbana)

" Veja o Sol dessa manhã tão cinza, a tempestade que chega é da cor dos teus olhos, castanhos"

Outra banda que trancou o meu coração na década de 1990. Eu cresci com Legião Urbana, responsável por minha educação musical. Foi por causa do Renato Russo (e dos meus vizinhos ruivos, indies ancestrais) que eu descobri Smiths.

Tempo Perdida é possivelmente a musica mais triste da Legião, mas eu me entristeço muito por conta de um fenômeno de agora: todo mundo, de qualquer geração, sabe cantarolar alguma mísica da Legião, entrou no imaginário coletivo do brasileiro. Tem gente inclusive que, de tão metido hipster-indie, tem vergonha de admitir que gosta da Legião por conta dessa popularização extrema. Qual é o problema? O vazio, sabe? As pessoas cantam, como se tivessem cantando atirei o pau no gato, virou quase que folclore. Ninguém entende a profundidade das letras, como Pais e filhos que fala de suicídio.

7. Dead Souls (Joy Division)

"Someone take these dreams away"

O Joy Divison é uma banda que fazia um som existencialista que nos leva aos mais diversos labirintos de nós mesmos, em diferentes facetas de tristeza coisa e tal. Para mim Dead Souls é o ápice disso tudo.

8.  Prayers for rain (The Cure)

"And drab the hours all spent, on killing time again, all waiting for the rain"


Soa quase como um encantamento desencantado e eu amo The Cure que, para mim, é a banda mais melancólica de todos os tempos.


No livro The Beatles - a história por trás de todas as músicas - diz que Paul se inspirou na luta das mulheres negras dos Estados unidos, e queria encorajá-las. Tem a lenda do melro-preto, que Paul desmente. Tantas lendas. Tão linda.

Eu pintei blackbirds na minha antiga casa no Rio. E lá fiocu, sabe como?

10. Let it be (Beatles)

Essa música é a cara do meu pai, que é um dos maiores amores da minha vida, de quem eu sinto falta todos os dias e sentirei pra sempre. Só por toda a carga emocional e pessoal já bastaria, mas citando de novo o livro The Beatles - a história por trás de todas as músicas - Paul escreveu a música como desabafo perante a desintegração da banda.

Let it be não saía da minha cabeça durante a minha separação. E passei boa parte do vôo para Fortaleza cantarolando let it be.

11. Preciso me encontrar (Cartola)

Deixe-me ir 
Preciso andar 
Vou por aí a procurar 
Rir pra não chorar 
Se alguém por mim perguntar 
Diga que eu só vou voltar 
Depois que me encontrar

Quando eu paro, muito raramente, para ouvir o que o povo diz que é samba hoje em dia e que toca nas rádios por aí, eu me remeto automaticamente ao Cartola. E não, não é samba. 

Como é intenso e lindo. Profundo. Aprendi a amar Cartola com meu pai também.

12. Falando de Amor (Tom Jobim)

"Quando passa, tão bonita, nessa rua banhada de sol"

Imagine uma mãe solteira e seu bebê, e esta mãe embalando sua criança, cantarolando Falando de Amor. Esta fui eu em 1998. Imagine esta mesma mãe, passeando pelo orla do Rio, em 2008, com o bebê já crescido e ouvindo no fundo da mente e do coração, o mesmo choro canção.

13. Por enquanto (Renato Russo na voz de Cássia Eller)

"Mudaram as estações, nada mudou"

Um dos maiores especialistas em músicas melancólicas, Renato. A voz intimista de Cássia.

14. O Bêbado e A Equilibrista (na voz de Elis Regina)

"A esperança dança na corda bamba de sombrinha, e em cada passo dessa linha , pode se machucar, azar, a esperança equilibrista, sabe que o show de todo artista tem que continuar”

A lista de músicas tristes da maior intérprete brasileira é gigante, mas esta em especial, autoria de João Bosco e Aldir Blanc, gravada por ela em 1979, nesse momento em que as pessoas pedem uma intervenção militar, é de doer.

15. Ne me quittes pas (na voz da Maysa)

Não existe outra versão mais linda e melancólica. 

Ah, Piaf nunca gravou esta canção.

Depois eu volto com a minha lista de músicas felizes, ao menos umas 30, pra contrabalancear, porque né, "tristeza não tem fim, felicidade sim."

Imagem: La Coloriste.

Bisous.



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