domingo, 14 de dezembro de 2014

I Hate Valentine's Day



Está longe do dia 14 de fevereiro e ainda mais longe do dia dos namorados tupiniquim, dia 12 de junho, mas eu passei a minha vida toda odiando dia dos namorados, seja em fevereiro, em junho, tanto faz. Sempre odiei, mesmo quando estava com alguém.  Acho um dia sufocante, em que pessoas sozinhas são ridicularizadas, como se fosse alguma piada vivenciar a experiência humana in loco, que é a solidão. E as acompanhadas forçadas a presentear e ser presenteadas, às vezes sem a menor vontade de fazer algo do tipo. Porque amor não significa nada disso.

E tem este filme, I Hate Valentine's Day, que sempre evitei assistir, mas que daí assisti dia desses e fiquei comovida por uma cena em especial. Não que o filme todo não seja bom, é muito bom, bom demais para o gênero, comédia romântica boba. Mas voltando, a cena do cara da entrega, Tim, quando ele responde para Genevieve o que é o amor, mais ou menos assim: minha mulher estava na cozinha fazendo panquecas, de roupão, o cabelo amassado, com bafo de espantar gambá, as crianças correndo pela casa. Sem ela ver, roubei a calda das panquecas e escrevi Happy valentine's day em seu prato. Ela chorou. Amor é isso.

Engraçado que Tim passa o filme todo reclamando da sua vida de casado com duas hipotecas, filhos correndo e berrando e a mulher, que também berra. Mas é isso, sabe, que o realiza. Tim é o cara. E eu sou como a mulher do Tim, eu sou exatamente como ela, mas sem o Tim. Ah, e o Tim é completamente secundário para a história, que é sobre Genevieve e Greg. Genevieve que é dona de uma loja de flores, onde trabalha um monte de gente legal do Brooklyn (aliás, tudo se passa no Brooklyn), que fatura um monte no dia dos namorados e que arquitetou um plano para nunca se envolver com ninguém, daí não sofrer: os cinco encontros e pronto, acaba. Até conhecer o Greg, e todo aquele clichê, porque afinal é uma comédia romântica. E por que Genevieve criou este plano? Porque ela viu todo o sofrimento de sua mãe, ao descobrir que era traída pelo marido, pai da Genivieve, e ela não queria passar por aquilo. Ela queria se proteger de chorar na frente de alguém que a traiu e magoou. Aliás, a cena em que Genevieve vai ao encontro do pai e fala tudo isso, de maneira muito plácida e lúcida, é tocante.

Mais um adendo, amei Genivieve. Ela é descrita por Greg, quando eles brigam, como se vivesse nos créditos de um filme francês. E ela ama filmes franceses. Bem, sou exatamente assim também, minha vida é assim, minha casa é assim. Um dia uma aluna me parou, eu estava ouvindo música. Ela me pediu meu fone para saber o que eu estava ouvindo. E eu estava ouvindo a trilha da Amélie Poulain. A aluna não conhecia Amélie Poulain, mas achou muito francês e achou a minha cara. E podem acreditar, desperto raiva de algumas pessoas por ser exatamente como sou, alguém que chora com mensagens escritas em pratos e que parece ter saído dos créditos de um filme francês.

Bisous.

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