quinta-feira, 24 de março de 2016

Quase 40



Hoje eu completo 39 anos, quase 40. Na verdade eu já digo que tenho quase 40 desde os 36, coisa que irrita todas as pessoas que conheço, todas mulheres, é verdade. Incrível como a sociedade encrustou em todas nós um problema absurdo com idade, como se mulher não pudesse envelhecer. E a gente pode, e deve, porque é a ordem natural das coisas: tudo o que está vivo, morre e antes disso, envelhece.

Então, nesses meus quase 40 anos eu vi muita coisa, vivi muita coisa, e fiz outras tantas, especialmente coisas socialmente inaceitáveis. Por exemplo, tomei porres memoráveis, falei verdades na cara, desfiz amizades com ebós, com gente que até era maneira, fiz tatuagens, em vez de estudar algo que me desse dinheiro, eu estudei Letras e sou professora pobrinha, quase passando fome, como profetizou uma certa tia. Ah, e casei duas vezes, tentando ser feliz, coisa que as pessoas não aceitam, porque mulher com filhos não deve tentar ser feliz. Na verdade segundo a perspectiva dessas pessoinhas, mulher não deve ser feliz, né? Pois é, mas eu nunca acreditei nisso, nunca aceitei, e me permiti tentar, mesmo que para dar com os burros n'água, como de fato aconteceu, não porque mulher não pode, mas sim por problemas meus, pessoais, que sofro duma certa incompetência emocional, digamos assim.

E se tem uma coisa de que eu não me arrependo nesses meus quase 40 anos, é a busca da felicidade. Não a procuro desesperadamente, poque desespero e felicidade não combinam, mas o certo é que sempre tentei cultivar, durante todos esses anos, o que pra mim significa felicidade: plantinhas felizes (samambaias, suculentas, flores coloridas) incenso de canela, bolo de maçã, chá, casa arrumada com cheiro de lavanda, um canteirinho com alfazemas, uma biblioteca em casa, meus filmes favoritos em dvd (blu-ray agora), música, desenhar, perfumes, decorar a casa pro Natal, estar bem longe física e mentalmente de pessoas e coisas que me fazem mal.

Já houve momentos que tudo isso era a minha vida. Hoje em dia, tenho uns, não tenho tantos outros e justamente numa fase da vida que eu deveria estar começando a pensar em descansar mais, cuidar de mim, e viver pra mim, encontro-me numa dessas tormentas, que todos afirmar que é augúrio de tempo bom que virá. E me resta a fé, que venha e que dessa vez, venha para ficar esses tempos bons. Esse é meu grande desejo de aniversário, que os tempos bons comecem.

Inté.

Imagem: Tim Walker.

2 comentários :

  1. Acho que o legal da vida é essa coisa de viver tentando descobrir o que te faz feliz,pois isso nos ensina a descobrir os mistérios contidos dentro de cada um de nós,e não a felicidade em si.A felicidade em si é chata, é como comer quando você está cheio,não tem o mesmo prazer.Porém quando você está com muita,muita fome a hora de comer se torna um momento de prazer de absoluto.

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Sejam educados, seus lindos!

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