Ainda buscando por filmes de terror diferentes que tenho assistido ultimamente, dia desses (na verdade, uns meses atrás) dei de cara com esse Corrente do mal. O nome me levou para o bonitinho lacrimoso Corrente do Bem, com o então erê garotinho de Sexto Sentido, Haley Joel Osment (que por sinal, fez um outro filme de terror, muito muito muuuuito bizarro e ruim, em que um cara é transformado numa morsa; assista por sua conta e risco), mas obviamente, nada tinha a ver com o filme da criancinha que conectava toda uma comunidade; esses problemas de tradução de nomes de filmes que direcionam as expectativas dos incautos. Não, Corrente do mal é uma outra coisa.
Alguns já consideram o filme um clássico moderno, pois tem tem todos os elementos de um bom filme de terror, seguindo as regras à risca: adolescentes em perigo, um assassino invencível e a discussão eterna sobre sexo.
De fato, o filme pode soar um pouco moralista para alguns, mas né, afinal, qual filme de terror realmente não é moralista? Podemos até digredir que se trata de uma crítica metafórica ao sexo sem proteção. Mas seus aspectos técnicos são de qualidade inegável: a trilha sonora do Disasterpeace nos transporta direto para o universo do filme, os planos grandiosos do diretor Mitchell conferem beleza e uma surpreendente poesia aos personagens, que até parecem um Clube dos Cinco do horror, e a menina Maika Monroe está perfeita como Jay Height; fazia tempo que uma protagonista não causava tanta empatia.
Corrente do Mal parte do princípio que existe uma maldição por aí, que cai sobre algumas pessoas e a única forma da vítima se livrar dela é passando esta maldição adiante (daí a tradução pra corrente do mal, duh). Uma vez com este estigma, o “ser” ( ou seres) persegue a vítima até matar, sendo que o ritmo com que a perseguição ocorre,acaba sendo até mais torturante do que o desfecho. Sabe aquela frase “Você pode fugir, mas não vai escapar“? Pois bem, a entidade (seja lá o que for, sei lá, alteregos sobrenaturais de vítimas anteriores) do filme literalmente te segue até o fim.
A busca incessante e incansável disso aí faz ainda suas vítimas ficarem paranoicas com todo mundo ao seu redor. Ah sim, mas de que forma as pessoas amaldiçoadas podem passar adiante a maldição? Através do sexo, como já mencionado de leve. Aí caberia uma infinidade de metáforas com relação à vida em sociedade, relacionamentos, doenças venéreas e tal, mas creio que não precisaria discutir algo tão óbvio assim, até porque o filme também não se aprofunda nestas questões e deixa tudo subentendido, o que é muito bom. Mesmo soando clichê, as cenas de sexo não tem nada de excitante e sim frias e mecânicas.
Uma vez que já conhecemos estas regras, logo em seguida vamos acompanhando no decorrer dos minutos o que ocorre com as vítimas dessa entidade. E apesar das regras serem explicadas assim de uma vez, não espere mais respostas fáceis sobre o que aconteceu ou o que virá acontecer. Boa parte do que acontece no filme é apenas sugerido e não exatamente revelado, tendo cenas até certo ponto econômicas, mas eficientes. A tática do “menos é mais” funciona aqui mais uma vez e ajuda, ao deixar o espectador mais apreensivo sobre o desenrolar da história. E acaba assim, tudo subentendido.
Assistam.
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