sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

Nono Círculo do Inferno

Esta publicação é originalmente do meu antigo blog Reverbera, querida!, tomei a liberdade de publicá-la aqui, porque né, o texto é de minha autoria.

{texto de 2011 e super continuo pensando do mesmo jeito.}



A gente sempre se depara com umas asneiras por ai, que na maioria do tempo, a gente tenta ignorar, mas tem horas que simplesmente não dá né. A última foi algo como um texto tentando amenizar a força destrutiva da inveja,  tentando equiparar admiração e inveja, que são coisas absurdamente diferentes. 

Mas a tia Elizabete explica, vamos lá: 

 1. sua amiga tem um corpo garota de Ipanema, bunda e pernas definidas, barriga sem vestígios de gordurinhas e você queria muito ter a genética e força de vontade (e as vezes grana para o cirurgião plástico) para ter o corpo do mesmo jeito da sua amiga linda gata verão; Adendo. isso não é inveja, no máximo é abestalhamento. 

 2. sua amiga passa em um concurso, em terceiro lugar por exemplo, e está super feliz , querendo compartilhar com todo mundo o que é uma vitória, mas você só consegue enxergar alguém cheia de si, que se gaba, que se acha e por quem você sente desprezo; Alerta vermelho carne rubra Almodóvar: isso é inveja. Inveja não é um sentimento pequeno, é um sentimento gigantesco, que se apropria da pessoa, domina, e a transforma em algo pequeno, reles, baixo, vil. De repente ninguém que tem uma unha mais comprida do que a sua presta. 

 Outro exemplo bobo para ilustrar é o não ter e odiar quem tem. Repare no caso da unha comprida: há quem queira ter uma unha comprida, porque acha unha comprida bonita e só isso. Não consegue, se frustra um pouco, mas é apenas isso. E há quem olhe para uma unha comprida e só por isso deteste quem tenha, porque se não tem, ninguém pode, sabe como? Fora os poderes de, inté, conseguir quebrar a unha da fulaninha, o tal do olho ruim, que sim, existe. Especialmente para o próprio invejoso.

 Apesar de ler muito Jung & cia, não entendo muito de psicologia coisa e tal, mas me atrevo a afirmar que, ao menos metaforicamente, inveja é uma doença. E sim, mata. Mata o que a gente tem de mais importante, para quem acredita, é claro: a alma. 

 Imagine o quão sufocante deve ser a vida de alguém que se arrasta pelos covis de sua existência, a sentir raiva dos pequenos ganhos e acertos da vida de outrem? Imagina a pessoa não se dar tempo para se reconhecer enquanto alguém, que tem sim pequenos ou grandes ganhos e acertos? Pois é. Porque todo mundo faz algo muito bem, porque todo mundo é lindo, se procurar a beleza. E, só para avisar, até na ruína há poesia, porque sempre que dou de cara com um invejoso (e como os encontro por ai) logo o vejo cercado pelo gelo do Nono Círculo do Inferno da Divina Comédia de Dante. 

 [...] "Deixai toda a esperança, vós que entrais." [...] ''É o mísero valor daquelas almas tristes em seu choro que foram sem infâmia e sem louvor''.[...]

 Trechos da Porta do Inferno, em que Dante e Virgílio se deparam com os escritos à beira do Aqueronte. 

 Imagem: Doll via Lolitas Blog.

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