segunda-feira, 23 de junho de 2014

A Imprensa cearense e o bodismo


Sim, você leu direito, é *bodismo, de bode e não a religião, budismo. Inventei essa coisa de bodismo para me referir a reportagens ruins e um tipo de jornalismo praticado por aqui, no Ceará (sabe-se lá onde mais) que me desagrada um monte.

Uma coisa que reparei assim que voltei para Fortaleza e tive um tempinho para ligar a tv na Verdes Mares, filial da Globo aqui em terras alencarinas, é como os telejornais daqui são ruins. Tipo, muito ruins. E eu não lembrava disso. Ou não queria lembrar. Ou o meu gosto para telejornais melhorou por influencias cariocas. O certo é que não há como se comparar a qualidade.

Começa no ethos da cousa, gente mal vestida, maquiagem sofrida e figuras que não se adequam. Não estou falando de gente bonita, é de elegância mesmo. E âncora de jornal deve ser elegante, tipo o Renato Machado.

O que aconteceu com os cursos de jornalismo do Ceará? A galera boa vai toda para a mídia escrita ou vai para os grandes centros? porque olha. Comparem o Bom dia Ceará ao Bom dia Brasil: é ridículo.

Dia desses uma das matérias do Bom Dia Ceará era sobre uma especie de festa alemã aqui em Fortaleza, com "pratos típicos alemães", só que o "prato típico alemão" era um salsichão na grelha, daquele tipo de salsichão que se encontra em qualquer mercado. - Parece que a tal festa foi promovida por um restaurante  alemão de Fortaleza, desculpa, eu sou mais alemã. Saudades eternas da Casa do Alemão. - Daí o repórter tosco foi perguntar para a entrevistada, mais tosca ainda, segurando um espeto de salsichão, se ela estava preparada para experimentar, pela primeira vez, um típico prato alemão: um salsichão grelado que a gente compra no Super Família da Lagoa. Que vergonha alheia.

Outro dia a reportagem, super relevante, era sobre as comidinhas da Copa e as padarias. Ao invés de procurar uma padaria legal de subúrbio, tipo a Costa Mendes - não precisava ser a Empório Delitalia - a reportagem vai até a padaria mais acanhada (para dizer o mínimo) e pergunta para algum funcionário o truque para os quitutes coloridos na cor da bandeira, e a criatura responde que é segredo. E desde quando mesmo que anilina é segredo? Quis morrer.

Fora reportagem de bodes fugitivos, que só me lembra quando *roubaram o rabo do Bode Ioió (daí o bodismo). Vaca em rodovia é reportagem padrão. Tudo bem, acontece isso na Presidente Dutra e na Avenida Brasil. Eu já vi um galo solto na Avenida Atlântica, que deveria ser da Narcisa Tamborindeguy. Brinks. O Brasil ainda é rural, primário, sabemos disso. Mas pôxa vida, reportagem padrão de telejornal de uma capital é osso.

Bious

Imagem: O Pão, jornal do movimento Padaria Espiritual, grupo literário cearense. 

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