quarta-feira, 25 de junho de 2014

Get thee to a nunnery - ou - The fault, dear Brutus, is not in our stars




Dia desses fui ao queridinho dos shoppings de Fortaleza, o velho e bom Iguatemi e fui visitar a Saraiva Mega Store. Confesso que quando conheci a Saraiva no Rio eu não gostei muito. Porque é aquele tipo de livraria best seller, que me enfada o juízo. Em Fortaleza nunca houve uma cultura de livrarias, mas as que existiam eram diferentes da postura da Saraiva. 

Eu sou cria do Livro Técnico, livraria que, como o nome norteia, é especializada em livros especializados, ou seja, livros acadêmicos. Eu nem sei ao certo se o Livro Técnico ainda existe, porque não vi nenhuma por aí e antes haviam algumas espalhadas pela cidade. Mas o certo é que era uma livraria para leitores de costume e não leitores de ocasião, que é este fenômeno pelo o que passamos agora.

O que diferencia um leitor de costume de um leitor de ocasião, Tia Elizabete? O de costume lê por hábito adquirido ao longo de tempos. O de ocasião lê por moda. Um leitor de ocasião pode vir a se tornar um leitor de costume. Nem sempre a leitura do tal leitor de costume não visita um best seller. Contudo, o fato é que um  leitor de costume leu e releu clássicos e textos afins, e não apenas o que está nas pilhas e pilhas que formam verdadeiras trincheiras na entrada de livrarias como a Saraiva Mega Store. E é este o meu problema com a Saraiva, que virou nos últimos meses a livraria do John Green.

Não me entendam mal, eu não odeio John Green - até já disse que odiava para meus alunos do 3ª ano por maldade. Eu sou má - também não odeio a Saraiva, inclusive comprei o meu volume único de Jane Austen in English na livraria por 40 moças da República. Mas eu não gosto dessa coisa de livraria de best seller, que só vive a coisa da venda, acima da causa do livro. Tudo bem, é um posicionamento romântico e besta, mas como sou leitora de Keats, Shelley acho que tenho licença poética para tal.

Quanto ao Green, eu o acho um escritor de talentos que eu não admiro, mas reconheço. Seu projeto literário YA (Young Adult) é, de quase todos os escritores do gênero, muito que bem elaborado, mas a estorinha da Miss Cilindro (como diz minha filhota Kelly), e esta coisa de "doentes de amor" é uma chatice. Ao menos da maneira como se desenvolve no livro, que é piegas e nada comovente. 

Eu, insensível? Eu chorei lendo Werther, chorei com alguns poemas de Emily Dickinson e sim, chorei lendo Shakespeare, pela tristeza de algumas peças e às vezes apenas pela beleza da escrita. Chorei muito com Hamlet. John Green não fez nada por mim, a não ser transformar um trecho de Julius Caesar de Shakespeare, que discutia o sistema político romano, em uma coisa melosa e modística. Daí que né? Pois é.

Inté.

Imagem: De Hamlet, perguntando se Ophelia iria para um convento.


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