sexta-feira, 31 de outubro de 2014

Mês do Terror - Halloween, A Noite do Terror



E como eu sou clichê, vamos encerrar as postagens de Halloween, mês do Terror, com a própria série de filmes de Michael Myers, nosso psicopata além-túmulo favorito, invejado por Jason & cia.

Esqueçam as terríveis adaptações recentes, e vamos nos deslocar no tempo, para 1978, com o primeiro filme Halloween, o então novato diretor John Carpenter conseguiu receber certa, e devida, atenção de Hollywood, após um filme de sucesso com baixíssimo orçamento. Assim nasceu Halloween.

Halloeen é um filme icônico para um gênero em transformação, ainda que filmes como O Massacre da Serra Elétrica (1974 - que eu não gosto, mas tudo bem) já tivessem apresentado a estética slasher à audiência, o horror, apesar de calcado na hiper-violência, ainda parecia pouco palpável, principalmente por sua trama se ambientar no interior com rednecks do mal.

Com Halloween John Carpenter traz o terror para o subúrbio, colocando jovens babás e crianças ingênuas a mercê de um assassino frio, implacável e malígno, movido por uma força sobrenatural. A a trama é instituída em um dos feriados mais simbólicos para os americanos: o Halloween, o conhecido dia das bruxas. Em um dos primeiros momentos do filme, o personagem de Charles Chypers, o xerife Brackett, afirma quase que diretamente a câmera: "Hoje é Halloween, um bom dia para tomar sustos." Com essa proposta externada nas palavras do personagem, John Carpenter traz um história simples, porém macabra, pronta para sobressaltar o espectador a cada virada de câmera. 

O prólogo de Halloween abre com uma sequência imersiva. Já ao som da trilha sonora hitchcockiana composta pelo próprio Carpenter, e na perspectiva de um Mike Myers (Will Sandim) de seis anos de idade, acompanhamos a observação voyeur do menino e a despudorada irmã adolescente. Depois do sexo juvenil consensual da moça com o namorado, Myers, sem muito cerimônia, invade o quarto da irmã e a mata a facadas. O menino era doido, gente.

Nesse primeiro momento, antes mesmo de entrarmos na história, de fato, o mito já está construído. Cerca de quinze anos depois, em mais uma sequência de inegável força imagética, visualizamos um médico, Dr. Sam Loomis (Donald Pleasence), chegar em uma visita noturna ao manicômio do qual é residente para levar um adulto Mike Myers (Tony Moran) à justiça. Apoiada no uso das sombras, uma chuva torrencial, aliado ainda a onipresente trilha sonora, John Carpenter concebe uma das cenas mais assustadoras de Halloween. O plano que enfoca internos vagando pela grama é um mau agouro pontual, confirmado em seguida pela forma como Myers toma o carro e foge, em destino a sua antiga cidade. Voltando ao seu lar de infância, o assassino vai instituir o terror ao perseguir um grupo de jovens moças. Mas não de uma maneira tão direta. Com cuidado, fazendo valer seu apreço pelos personagens, o diretor estabelece lugares comuns até hoje reproduzidos e parodiados nas mais diversas produções do gênero. Com forte, e incontestável, influência de Alfred Hitchcock, principalmente Psicose (1960) - considerado como um dos primeiros filmes de terror moderno -, John Carpenter aposta no incômodo que o suspense psicológico pode proporcionar.

 A intenção também era demonstrar como era possível assustar a audiência desprovido de efeitos visuais mais elaborados. A figura sinistra de Mike Myers, uma variação do Norman Bates de Psicose, associada ainda a pré-suposição do que era capaz de fazer, deveria ser a força motriz de toda a trama. Não a toa o surgimento do personagem, imóvel como uma estatua de cera, na maioria das cenas é causadora de sustos imediatos. Sua máscara, ocultando qualquer expressão, deixa tudo mais sombrio e inigmático. Afinal, o que move Michael Myers?

E assim Halloween apresentou ao mundo um dos vilões mais aterradores de todos os tempos.

Boo.

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