terça-feira, 4 de novembro de 2014

Enem, o que ler em termos de Literatura



Quando fiz vestibular, trocentos milhões de anos atrás, na época do temido e famigerado vestibular da Universidade Federal do Ceará, a cousa que mais me alegrava era a linda lista de livros para a prova de língua portuguesa. Todos a odiavam, já eu, era pleno amor. Foi através da lista que conheci José Saramago, Miguel Torga e tive contato com escritores cearenses modernos, como Moreira Campos, que inclusive será homenageado pela Bienal do Livro Fortaleza 2014.

Eu sei que está em cima da hora, afinal as provas já estão aí, batendo à porta e numa altura dessas, todos inclusive já sabem onde passarão cerca de 10 horas de suas vidas, resolvendo as questões do Exame Nacional do Ensino Médio para de pleitear uma vaga via Sisu.

Mesmo assim, deixarei por aqui a lista comentada que saiu num certo jornal sobre os 10 autores da nossa Literatura que são recorrentes na prova de Linguagens e Códigos. Fica de incentivo para uma leitura rápida sobre, ao menos até quarta, quinta. De sexta em diante, por favor, descansem. Vale de aviso aos meus alunos e todos que, por ventura, passarem por aqui, para que estudem e parem de menosprezar a nossa Literatura. Leiam, porque a literatura é libertadora.

Drummond

O autor que encabeça a lista de leituras obrigatórias é Carlos Drummond de Andrade. A leitura de ao menos um compêndio de suas poesias é essencial. É um dos poetas mais importantes da poesia brasileira do século XX e um dos mais importantes de todos os tempos em relação à poesia tupiniquim. É um poeta de lira inquieta, que versou sobre os pesares da alma, mas também sobre o nacionalismo de forma crítica. Sua escrita moderna peregrinou por diversas técnicas de estruturação do poema. É de sua autoria o famoso "No meio do caminho tinha uma pedra tinha uma pedra no meio do caminho."

Machado

Machado de Assis é o nosso escritor mais importante. Conhecido e reverenciado, merece todo o respeito dos leitores brasileiros, coisa que não acontece. Você não é um bom leitor se Machado não lhe toca, não tem jeito. Muitos falam da linguagem machadiana, irônica e com inovações técnicas para a época (final do século XIX), contudo há de se observar que os temas machadianos despertam algo dentro de nós: o cinismo da sociedade burguesa e seu vazio, representado pelas personagens femininas.

Clarice

Clarice é o próprio Modernismo em prosa. A técnica narrativa singular, através do fluxo de consciência em catarses, o lirismo individual de suas construções e a profundidade abissal dos seus personagens são temas que podem separar o joio do trigo na hora de se avaliar a maturidade para absorção de leituras mais sofisticadas.

Oswald

Provavelmente dos menos conhecidos de vossas mercês, queridos jovens leitores, o que é uma pena. Oswald de Andrade o mais radical dos escritores da primeira fase do movimento modernista (1922-1930). A comparação entre sua obra e outras produções mais tradicionais é recorrente.

Cecília

Cecília Meireles, sua obra é capaz de traduzir com singeleza as mais duras fragilidades da condição humana, numa linguagem musical. De factual importância ler Romanceiro da Inconfidência, em que um fato da História nacional permite grandes reflexões sobre a gente brasileira.

 Rubem Braga

É o grande nome da crônica brasileira, seus textos abordam temas cotidianos sob uma perspetiva peculiar. Rubem Braga é agridoce em sua incrível capacidade de fazer o complexo parecer simples.

José de Alencar

Ou Tio Zezinho, como carinhosamente o trato, porque são muitos anos de amor e leitura por José de Alencar, que comecei a ler  na antiga 5ª série (hoje 6ª ano). Todos os meus coleguinhas detestavam Iracema e eu a tinha como a mulher maravilha do Ipu. Que bom que existiu a escola Romântica e seus absurdos queridos, que fez   avida, por vezes tão ordinária, algo suportável.

 Alencar, numa perspectiva romântica (idealizada), tentou mostrar o Brasil para os brasileiros. O pai da Literatura Brasileira de verdade. Seus romances constituem um grande painel da nossa variedade linguística, da nossa cultura popular, da nossa fauna, da nossa flora e dos nossos tipos humanos.


Graciliano Ramos

Principal nome do “Romance Social Nordestino”, foi o escritor do povo marginalizado pela seca e, principalmente, pelo sistema social, político e econômico vigente. Psicologismo da sua obra permite que qualquer um se identifique com os dramas narrados , universalizando o Sertão.  Ler Vidas Secas é uma experiência de vida.


João Cabral de Melo Neto

É um autor de uma dureza lírica absurda. Utilizando procedimentos tradicionalistas na estruturação do poema, ele consegue trabalhar seus temas com abordagens inovadoras. Contido e racional até para tratar de temas sentimentais.


Álvarares de Azevedo

O poeta dos tremores, E como tremia, meu Deus. Piada interna para os estudantes de literatura brasileira dos cursos de Letras por aí.

O mais romântico dos nossos poetas românticos. Nele, encontram-se exageradas todas as características típicas do Romancismo. Mas ele subverteu algumas expectativas e zombava de suas próprias convicções poéticas. 

Boa leitura.


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