quarta-feira, 5 de novembro de 2014

I go through all this



Às vezes  eu me pego pensando o que fiz da minha vida nos últimos sete anos e eu não gosto muito das respostas que o vento me traz. Foram anos em que eu deixei de me bastar, desisti de uma carreira e estudos e vivi para os outros e não para mim. Apesar da minha teimosia, muito humana por sinal, em apontar culpados para a inércia, a culpa é toda minha. E só minha. E me resta chorar as pitangas.

Estou assim, porque fazem exatamente sete anos que me vejo às voltas com o ímpeto de cursar uma pós-graduação e entre o conseguir, o desistir ou o fracassar, que saldo que me resta? O desgosto existencial.

Lembro que um ano, lá no Rio, inscrevi-me no Mestrado em Literatura da UFRJ. Ô mestrado lindo. Estudei, li, tudo escondido. Mas fugi, como quem foge de si mesmo. Como fugi do Grupo de pesquisa sobre Clarice da UERJ. Eu meio que peguei trauma, por conta do meu vertical fracasso no mestrado da Federal da terra dos Alencares. Travei uma luta no dia da entrevista, uma banca que nem leu o feto de projeto que a gente tem que apresentar para conseguir uma vaga. Ao menos o meu, eles não lerem. Já entrei naquela sala com a sentença dada. E tive que enfrentar um dos professores, que teimava em chamar Clarice Lispector de escritora egoísta. Fui chamada de arrogante. Virei meio que uma lenda assombrada por lá.

Depois vieram as confissões da minha amiguíssima Bel, teimosa que só ela, conseguiu defender sua dissertação filosofante e interdisciplinar sobre Machado, lutando contra praticamente todo o Departamento de Literatura, recebendo a ajuda furtiva da única que lhe sobrou, a Profa. Odalice (Ah, a Professora Odalice). E ela conseguiu. Sempre me emociono, porque ela me disse que quando defendeu, defendia não só por ela, mas por mim. A perseguição foi algo tão escabroso que se conta pelos corredores do curso de letras que Bel perdeu o mestrado. Quando conto para alguém que, além de ter conseguido, ainda está cursando tradução na Alemanha, o espanto é tamanho que às vezes me dá vontade de rir, da pequeneza dessa gente.

Apesar da lindeza da vitória dessa minha amiga, o trauma aumentou. Toda vez que abro a página da Pòs dessa minha antiga universidade, sinto náusea e calafrio. Não sou forte como Isabel. Somos parecidas em nossas diferenças, mas sei que não conseguiria. 

E agora eu fico matutando o que fazer da minha vidinha, atarefada com aulas, com pavor da pós da minha antiga morada acadêmica, quase sem opções.

Penso num curso de fotografia com o lindo do André (do Grão de Sonho) como companhia. Feliz de ter feito esse amigo. Penso em outras formas de continuar os meus estudos, em lonjuras e aspectos diferentes, La Coloriste precisa de atenção e de cuidado. Ai de mim.

Torçam por mim, por favor. Precisada.


Inté.



Imagem: La Coloriste.

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Sejam educados, seus lindos!

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