quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

Diálogos e conversas estranhas - melhor que Renoir



Numa outra escola, num outro tempo. O certo é que sempre tem uma criança problema, não é? No caso, uma criança no cursinho, numa aula de redação para o então vestibular da Universidade Federal do Ceará. Sempre tem um.

Uma aula linda, modéstia a parte, em que levei uma figura dum quadro do Renoir, para que os alunos fofinhos treinassem descrição.

Eu: Observem o trabalho com a luz, o trabalho com o claro e o escuro que o artista usou, é algo que podem incluir durante  a descrição.
Aluno (melhor que Renoir): que luz? - rindo, junto com os amiguinhos.
Eu: como assim? Não dá pra você enchergar daí? 
Aluno (melhor que Renoir): precisa não, dá pra ver que é ruim, mal feito, não tem luz nenhuma. A mão tá torta, inclusive.
Eu: como é, meu filho?
Aluno (melhor que Renoir): isso mesmo, é uma porcaria.
Eu: tudo bem, mas a aula é sobre a tela de Renoir, independente da sua opinião, é inspirado na tela que você deve criar uma descrição.
Aluno (melhor que Renoir): então vou falar mal.
Eu: ah, eu não duvido. Pois comece.
Aluno (melhor que Renoir): eu faço melhor do que ele.
Eu: É? Pois venha aqui no quadro e faça melhor do que Renoir - estendi a mão com meu pincel roxo lhe oferecendo a oportunidade.

Bem, é claro que a criança nem se levantou e nem voltou mais para aula nenhuma, tampouco seus trabalhos, que consistiam em grafites péssimos, vingaram como referência de arte contemporânea, como Banski, por exemplo.

Apesar do ocorrido eu não desisti de trabalhar com arte em sala de aula. Este ano levei Picasso e Klimt para falar de estrutura verbal e desenhei um olho humano para falar da raiz verbal. E foi lindo ó.

Bisous.


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Sejam educados, seus lindos!

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