Eu tenho gatos, eu tenho livros e tenho árvores natalinas. Tudo assim no plural.
Os gatos se multiplicaram sem cruza. Fui recolhendo da rua. Dois bateram aqui na porta, de mala e cuia quase. Juro pra vocês. Recebi conselho: livre-se deles. Bem, livraram-se de mim algumas vezes e não foi bom. Não tenho esse hábito de me livrar dos seres e das cousas. Sou uma espécie de acumuladora metafórica. Minha casa é um mafuá de fofurices.
Os livros também se espalham pela casa. Pelas estantes, pelas mesas, aparadores, em cima do sofá. E chegando pelos correios. É um problema, porque onde vou encontro com livros ou os livros encontram comigo. Não é incomum visitar um amigo e ele me dar uma edição sua, que achou a minha cara, geralmente depois de me ver namorando com a tal edição, geralmente um livrinho pequeno esquecido no fundo da prateleira, já com alguma poeira. Gosto de revivê-los, os livros. Livros que ninguém lê, são livros sem vida. Chegam de viagem e me trazem um livrinho de capa rosa, que acharam num sebo em Bruxelas. Obrigada.
E as árvores de natal são três. Uma gigante, dois metros de altura. Uma pequenina, cor de rosa, tão linda. Ah, e a de madeira pecorruncha.
Os livros ornam com uma casa com gatos em época de natal. Mas os gatos destroem a decoração de natal e, invariavelmente, dormem sobre os livros. E afiam os unhas nos livros. E escalam a árvore de natal. Também acontece de roerem os dorsos dos livros. E comerem os galhos das árvores natalinas artificiais. Fico imaginando o que seria se fosse um pinheiro de verdade, num apartamento bonitinho no Brooklyn, no inverno em vez de um pinheiro artificial na João Pessoa. Acredito que deva ser a maneira felina de se ler e viver. Ocorreu-me especialmente quando Justine roeu Doryan Gray.
Bisous.
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