domingo, 11 de outubro de 2015

Mês do Halloween - Amantes Eternos



Encerro as resenhas de filmes de vampiros para o nosso mês do terror com Only Lovers Left Alive (título lindamente poético) ou em português Amantes Eternos, com os maravilhosos Tom Hiddleston e Tilda Swinton.

Quando  a gente pensa que vampiros já estão saturados em nossa cultura pop, que não há mais meios de renovar o tema, aparece um filme como Amantes Eternos. O cultuado diretor Jim Jarmusch testa sua mão com o mito dos mortos-vivos sedentos de sangue. Tom Hiddleston e Tilda Swinton, como Adão e Eva, os vampiros originais e ao seu lado, John Hurt, Mia Wasikowska, Anton Yelchin e Jeffrey Wright são o elenco dos sonhos. 

 O filme acompanha a existência solitária do casal de vampiros que, separado por um oceano, limita-se a esconder sua existência das pessoas, desfrutar da arte humana e trocar juras de amor infinito pela internet. Jarmusch, que também roteirizou o filme, tem uma visão curiosa sobre os imortais, mais focada em entender o que aconteceria com pessoas que realmente vivessem tanto tempo - e tivessem conhecido algumas das maiores mentes da humanidade. 

Fica de lado todo o suspense inerente aos vampiros, que é substituído pelo fascínio com a ideia de que tais seres ancestrais talvez conheçam todas as línguas, todas as culturas e sejam versados e que ainda, podem ter influenciado e por sua vez, ter sido influenciados por todas as artes já produzidas. 

 O ideal romântico e intelectualizado do vampiro de Jarmusch é inspirador, mas suas criaturas não escapam do mesmo destino conhecido de outras já vistas no cinema: são melancólicas e soturnas, vivem famintas, ainda que racionem sangue em tempos de comida maculada por doenças, e sentem falta dos bons tempos da Idade Média, quando era tranquilo esconder os corpos devorados, algo que foram obrigados a deixar de lado no século 21. 

 A atmosfera criada pelo cineasta é favorecida pela música e a fotografia escura, inspirada em Caravaggio. Curiosamente, o filme lembra muito em temática também a obra em quadrinhos de Neil Gaiman, especificamente Sandman, com Hiddleston com visual de roqueiro pálido e lânguido, desinteressado pela humanidade, que ele chama de zumbis e culpa pela feiúra do mundo. As citações aos inventos de Tesla e desdém pelas nossas instalações elétricas dão um charme especial ao personagem. 

 Adão e Eva, ao final, parecem uma espécie de zeladores da criação artística humana, discutindo artistas e vagando metaforicamente pelas ruas vazias de Detroit, cidade esvaziada pelo colapso econômico, hoje a mais violenta dos EUA. Quando tudo terminar, os dois primeiros também serão os que apagarão as luzes.

Boo.

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