quinta-feira, 15 de outubro de 2015

Mês do Halloween - Anjo Malvado



Quando assisti esse filme eu era muito jovem e me lembro que foi exatamente ele que me chamou a atenção para atores crianças, justamente o destaque do filme, concentrado na figura de Macaulay Culkin, dando vida ao perturbador Henry. 

O filme foi lançado há mais de vinte anos, mas sua temática é atemporal. Conta a história de Mark (Elijah Wood) e Henry (Macaulay Culkin), que iniciam uma convivência depois que ambos passam por tragédias familiares.  Cada personagem do filme parece viver sob múltiplas tensões, desde a resistência em sair da fase da negação do luto, até na distorção que fazem da realidade.

 O filme inicia-se com a morte da mãe de Mark e com a influência que suas últimas palavras tiveram na construção que seu filho fez do luto. A mãe disse que sempre estaria com ele, o que poderia ser uma metáfora do amor que os une, no entanto, devido aos momentos de stress que se seguiram à sua morte, Mark acreditou nas palavras de forma literal, assim fez uma projeção de sua mãe na mãe de Henry, com quem foi morar temporariamente em virtude do trabalho do pai.

 A família de Henry vive sob a sombra de um acidente que matou um dos seus filhos (afogado na banheira), deixando a mãe com uma permanente sensação de culpa e dor. Aparentemente, os outros filhos do casal (uma menina de uns 8 anos e Henry) possuem uma rotina normal. Mas, o problema é justamente esse, pois quase tudo parece normal na superfície, mas há uma estranha sombra de horror ao se observar as ações que compõem o dia a dia de Heny.

 A primeira experiência que Mark tem com a face mais obscura de Henry quase custou-lhe a vida. Em uma tentativa de subir na casa da árvore, ele fica a mercê de sua ajuda, pois sem isso muito possivelmente cairia de uma altura imensa e, pela reação de Henry, ele começou a se dar conta do seu estranho senso de humor. Como eles passavam muito tempo juntos, Henry mostrou a Mark muito de sua personalidade, nuanças que os pais não enxergavam por não suportarem o peso do entendimento do que estava sob a superfície. Mark foi percebendo, rapidamente, que Henry não suportava ser contrariado, que mínimas coisas poderiam trazer à tona uma forte irritação. O cão que latia foi um dos seus alvos. Ao mostrar uma arma que inventou ao primo e depois usá-la com a desculpa de assustar o cão, Henry, na verdade, apontou diretamente no animal e o matou. Medo e horror se instalam. E Mark não consegue entender o primo, pela falta de elementos para compreensão. E afinal, alguém consegue entender um psciopata? É disso que o filme trata, da psicopatia infantil.

Segundo estudiosas, psicopatia é um transtorno de personalidade caracterizado por uma série de características afetivas, comportamentais e interpessoais. Recentemente foi proposta uma estrutura de: 1. Estilo interpessoal enganador e arrogante; 2. Experiência afetiva deficiente, com pouca capacidade de sentir remorso, culpa e empatia; 3. Comportamento impulsivo ou irresponsável, incluindo tédio, busca contínua por emoção.

É tudo que Henry demonstra, como no episódio com o cachorro e a terrível sequência da ponte. 

Nesse ponto, Mark já não tinha dúvida da maldade que havia em Henry, maldade que ele não compreendia, mas que estava latente, apesar de distante da percepção dos pais do menino. O stress de ter que proteger a prima, a projeção de sua mãe (representada pela mãe de Henry) e a si próprio desencadeou um transtorno em seu comportamento, o que fazia com que a sua palavra não significasse muita coisa, ainda mais tendo alguém como Henry para manipular tranquilamente os fatos. 

Em uma conversa com a terapeuta, Mark tentou entender que tipo de pessoa era Henry, ao fim do diálogo o terapeuta afirma não acreditar no mal, ao que Mark responde: Pois devia acreditar. 

Filme genial, se ainda não assistiu, assista.

Boo.

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