sexta-feira, 20 de janeiro de 2017

Hoje é dia de Rio ❤



Hoje é dia de São Sebastião, padroeiro do Rio. Fazem exatos três anos e cinco dias que saí de lá. E quem me acompanha sabe que venho padecendo de um arrependimento contínuo. Por mais que eu tente me convencer de que não havia outra opção, dada a situação medonha em que eu me encontrava, foi uma decisão equivocada a qual estou pagando meio que caro.
O Rio, nesse momento, está passando por uma das piores situações que já viveu em toda a sua história. Na verdade, eu acho que é a pior mesmo. O estado está falido, consequência de governos e mais governos corruptos, agindo como sangue-sugas dos cofres públicos, que pilharam todos os recursos até a inanição econômica e moral do estado. O atual governo é incompetente e também herdeiro de toda a roubalheira já mencionada. Enquanto isso, a cariocada assiste a tudo inerte: funcionários públicos sem receber salários há mais de seis meses (como sobrevivem?), UERJ, um dos maiores patrimônios intelectuais do país em risco de fechar as portas, um risco real e parece que nada sensibiliza essa corja de pilhadores que instituiu um golpe há poucos meses. 

Eu sei disso tudo, e me assusta, mas mesmo assim, eu queria estar no Rio. Eu deveria estar no Rio. Com todos os problemas, com todas as dificuldades, com o verão de 45º, mesmo assim, eu deveria estar lá. 

Mas vamos deixar as cosias mais leves neste post, que é uma homenagem cheinha de saudades e, como eu sempre digo pra Renata, um dia eu volto, e não demora ;). Até porque, eu deixei um monte de coisas em aberto por lá, que devem ser resolvidas.



Quer ver só?

Sabe todos aquelas pontos turísticos e programas imperdíveis do Rio? Que todo mundo vai, tira aquelas fotos bregas e tal? Acho que não fui a nenhum. Sério. Nunca andei de pedalinho na Lagoa Rodrigo de Freitas e nem na Quinta da Boa Vista (acho que nunca vou, porque eu não sei nadar rs), nunca fui ao Cristo, ao Pão de Açúcar, nunca fui ao pôr do sol no Arpoador (nunca fui à praia no Rio!), nunca fui no Cine Odeon, Circo Voador, nunca fui à Lapa (de noite), nunca fui à Feira de São Cristovão (nem a do Lavradio), nunca fui ao Mercadão de Madureira, tirar aquela foto manjada na Escadaria Selarón, Floresta da Tijuca, Bosque da Barra. Nada fiz, tipo o Buscapé em Cidade de Deus.




E quero fazer tudo isso e muito mais.

Daí você deve estar se perguntando: o que você fez esse tempo todo? Hibernei nos trópicos cariocas (fluminenses, na verdade). Bem, eu vivi lá por quase uma década e fiz muitas coisas, a maioria coisas comuns e sem graça, se comparadas ao elenco aí de cima. Mas pra mim, não eram sem graça. Eram inusitadas, desconcertantes, alienígenas e tal.

Tipo, ir de carro, em que só cabia cinco, levando seis, de Nova Iguaçu à Barra da Tijuca, passando pela Linha Vermelha (quando tinha o caveirão do BOPE do lado era sinistrão rs). Entrar numa rua errada, procurando lugar de prova do ENEM, e ter que voltar porque uns moleque armado de fuzil mandaram. Churrascão de domingo à beira da piscina, tocando pagode ruim, com pavê de sobremesa e a piada escrota do "pavê ou pacumê" proferida na sua frente, de verdade. Ouvir um legítimo carioca falar "ô meu quiridu" rs. Enterro dos ossos rs! Quem é de lá, sabe do que falo (melhor evento!). Chuvas do verão carioca, em que o ceú fica preto Darth Vader, trovões anunciam o fim do mundo, tal qual trombetas do apocalipse, raios cortam os céus, e daí cai água como você, que veio do Nordeste, nunca viu. E granizo? Gente, isso é um evento, é tipo neve pra mim rs. Engarrafamentos de 4 horas, curtindo um Biscoito Globo (é bom em qualquer lugar, né só na praia não rs). Exposição no CCBB, passear na Rua do Ouvidor, ir até a Academia Brasileira de Letras, subir na estátua do Machado de Assis (sim, eu fiz isso), comer na Colombo, na Cavé, comprar filme analógico em Copacabana, esquecer da vida na Livraria da Travessa, comprar nos sebos históricos do Rio. Sim, eu vivi o Rio e o Rio me fez viver.

E eu vou voltar, Renata. Pra viver mais coisas e criar novos significados do que é viver no Rio de Janeiro.

Inté.

Imagens: 1. Chegando a Grumari vindo da Barra da Tijuca; 2. Vista oculta de Grumari; 3. céu de chuva veranesca carioca e 4. Granizo.

2 comentários :

  1. Oi, Juliana, cheguei via CT, conduzida pela imagem, que é o caminho da minha praia favorita no Rio, no mundo (que eu vi pouco, abafa). E eu adorei o texto porque, como diz a canção, gosto de quem gosta desse sol, desse mar, dessa gente (nem sempre) feliz. Quando voltar será bem-vinda!
    Aquele Abraço,
    Helê

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  2. Que post delicioso! Eu conheço esses pontos turísticos todos, mas nada como uma Enterro dos Ossos.Quando eu era criança, ficava esperando o momento q iam enterrar os ossos da asa do churrasco. Hahaha

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Sejam educados, seus lindos!

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