quarta-feira, 25 de julho de 2018

Suspiria



Como que eu nunca havia assistido Suspiria, é o que me pergunto desde que assisti, há poucos dias. O nome do diretor italiano Dario Agento não me é estranho, até porque suas realizações influenciaram abertamente outros diretores cuja obra eu cresci assistindo, como Halloween, Sexta-feira 13 e os filmes de Tim Burton. Só que, infelizmente, Agento só me chegou agora, na minha maturidade, uma lástima pra mim. E se você gosta de filme de terror e ainda não entrou em contato com o espetacular universo de Agento, faça-o logo. 




 Os filmes de Argento não economizam nas mortes sangrentas e cenas aflitivas. Entretanto, o mestre do “giallo” (amarelo em italiano, nome dos filmes de terror italianos - explico já o porquê do nome) sempre foi considerado um cineasta inovador e esteticamente cuidadoso. Produções suas como Prelúdio para matar, Tenebre e O pássaro das plumas de cristal, realizadas nas décadas de 1970 e 1980, são clássicos de terror. Seu título mais conhecido é justamenteria Suspiria, graças à construção do clima de medo por meio de cores saturadas e uma trilha sonora arrepiante, é quase uma unanimidade. O filme me chamou a atenção por conta do remake, que será dirigido por Luca Guadagninob (Call me by your), inclusive parece que era um sonho antigo desse diretor, já que Suspiria é seu filme favorito. O remake tem no elenco as atrizes Tilda Swinton e as fraquinhas Dakota Johnson e Chloe Grace Moretz, essa última já tem no currículo a péssima versão do remake de Carrie A Estranha, uma desnecessidade. Daí que já se fica ressabiado, mesmo que o teaser do trailer seja bem convidativo. Ah, essa nova versão conta com trilha de Thom Yorke, o que é muito bom também, já que a trilha na versão original é incrível. 




Assistindo Suspiria, dá pra perceber a importância do expressionismo alemão da década de 1920, de diretores como Fritz Lang e F.W. Murnau, e o cinema surrealistas de Luis Buñuel. Sua estreia como diretor foi 1970 com “O pássaro das plumas de cristal”. No filme, o assassino aparece com luvas pretas, que são usadas pelo próprio Argento. A marca se repetiria em diversas produções suas. O pássaro é a primeira de uma trilogia sobre animais que também inclui “O gato de nove caudas” e “Quatro moscas sobre veludo cinza”. Em 1975, ele lança “Prelúdio para matar”. Sanguinolento, o filme foi pioneiro dos slasher films, em que um assassino trucida pessoas com instrumentos cortantes. Entre os influenciados está “Halloween - A Noite do Terror”, dirigido por John Carpenter, de 1978. O título original do filme, “Profondo rosso” (ou “vermelho profundo”), alude a sangue, mas também sinaliza a importância da cor, portanto do cuidado visual, na violência filmada por Argento. Seus filmes são decerto brutais e frequentemente estéticos. Em “Prelúdio para matar”, Argento colabora pela primeira vez com a banda de rock progressivo Goblin. Liderada pelo brasileiro radicado na Itália Claudio Simonetti, a tensão musical criada pelo grupo se tornaria um componente essencial da obra de Argento. 


 Suspiria: Uma estudante descobre um mundo de bruxaria e horror em uma escola de dança na Alemanha. A trama de “Suspiria”, como de costume nos filmes de Argento, é simplória, quase nula (a maneira como a bruxaria é retratada no filme em termos de enredo-roteiro é de uma tosquice comparável à Uma noite Alucinante, mas é apenas um detalhe). O filme de 1977, entretanto, é considerado o ponto alto da filmografia do cineasta. Com os anos, se tornou objeto de culto, junto com a trilha sonora, outra vez da banda Goblin. O impacto e a ousadia em “Suspiria” vêm em grande parte de seu uso de cores. Vermelho, azul e verde, os tons primários, surgem saturadas, artificiais, fortemente contrastadas com partes profundamente escuras. Argento empregou uma variante do processo de colorização Technicolor para conseguir o efeito visual. Com elementos clássicos como feitiços, bruxas e a floresta negra, “Suspiria” foi descrito como “um conto de fadas gótico”. Para fazer Suspiria, uma total abstração do que chamamos de ‘realidade diária’, foram usadas cores primárias, que são geralmente tranquilizantes, apenas na sua forma mais pura, fazendo com que ficassem violentas e provocativas de forma imediata e surpreendente. Argento constrói a história de maneira que os momentos mais horrendos têm uma beleza horripilante. Mesmo os espirros de sangue parecem meio que com uma pintura viva de Jackson Pollock. Como dito no começo, em italiano, “giallo” significa “amarelo”. A cor passou a ser associada no país a histórias de terror e mistério na década de 1930 graças a uma série de livros “pulp” chamada “Il giallo Mondadori”. Publicadas pela editora Mondadori, as capas vinham sempre com um fundo amarelo. Com o sucesso dessas edições, outras editoras começaram a imitar a estética. 



O termo “giallo” ganhou abrangência nas décadas seguintes, sendo usado na Itália para designar livros e filmes de suspense e terror. A partir da década de 1960, “giallo” entrou para a língua inglesa como uma designação genérica para filmes italianos de terror. O diretor Mario Bava é um reconhecido pioneiro deste cinema, com fãs como Martin Scorsese e Tim Burton. Em 1956, dirigiu “I vampiri”, considerado um dos primeiros filmes italianos de terror. A obra de Bava inclui títulos como “Seis mulheres para o assassino”, de 1964, e “Banho de sangue”, de 1971, que inspirou produções como a série “Sexta-feira 13”.

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