domingo, 25 de agosto de 2019

Era uma vez em Hollywood... e a sina do gringo.




Foi na faculdade que me apresentaram aos filmes de Tarantino. Na época, eu tinha uma amiga que gostava muitomuito de seus filmes (e foi ela que me apresentou) e um outro que detestava. Dois amigos, duas opiniões completamente contrárias. Passados alguns anos, alguns filmes de Tarantino depois, eu quase que mantenho minha primeira impressão, a de que são filmes muito divertidos e é só isso mesmo. Mas já já falo sobre isso.

 É uma forte linha de trabalho do diretor, que cinema é, acima de tudo, entretenimento, que cinema é diversão, ele até faz todo o set repetir isso quando está filmando algo (ou é e amamos fazer filmes, algo que o valha). E pra quem conhece o trabalho de Quentin Tarantino, uma coisa que dá pra perceber muito bem é o quanto ele se diverte e o quanto ele ama Los Angeles, Hollywood e toda aquela aura do cinema norte-americano dos anos 1960. E é justamente aí em que se ambienta Era uma vez em Hollywood, criando um faz de conta tarantinesco, (com violência pornográfica, caricaturas e preconceitos), alusões às memórias da infância do diretor, como a rede KHJ no rádio, os passeios por Los Angeles num Karmann Ghia, as marquises dos teatros, os anúncios fluorescentes e a paisagem de bairros como Cielo Drive, onde moravam as estrelas da época, em que também não havia o distanciamento entre público e estrelas, até o caso Tate-LaBianca na vida real. Mas, os filmes de Tarantino não são vida real (na verdade nenhum é) e numa altura dessas, todos vocês já sabem o que acontece no filme. 

O detalhe do filme que mais gostei foi a doçura e ingenuidade que Sharon Tate é apresentada. Um lindo retrato, me deixou até um pouco melancólica, que é, ao menos pra mim, uma bela marca de autoria de Tarantino, fazer um filme puro entretenimento a base de ultra violência e comicidade nos deixar um pouco tristinhos. Um simulacro de reflexão, numa cultura tão ensimesmada, que pouco ou mal consegue olhar pra fora, isso é provocar. Não sei se é a isso que Tarantino se refere quando se autodeclara um provocador, mas é onde eu o reconheço, mesmo com o ranço xenofóbico (a parte do Bruce Lee).

Voltando ao começo, hoje seguramente posso afirmar que, os filmes de Quentin Tarantino, pra mim, são sim cinema entretenimento quase que absolutamente, só que, com classe e personalidade, apesar de ser muito norte-americano, a catarse se processa através de alguns momentos pra se refletir um pouco e, ficar triste.

Inté.

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