sábado, 23 de novembro de 2019

A história de uma xicrinha


Comprei a xicrinha fofa da foto este ano, foi a segunda coisinha de natal que comprei: a primeira foi um letreirinho da Camicado (Xmas - depois eu mostro); dois piscas-piscas daqueles meio vintage que aparecem em filmes e desenhos de natal, como Charlie Brown e daí a xicrinha, que tem uma história triste com final feliz.

Em 2013, quando já estava tudo certo de que eu voltaria pra Fortaleza e, consequentemente, sairia do Rio, eu não estava nada certa da minha decisão. Eu não queria voltar, mas algo dentro de mim dizia que era o certo a fazer. Eu morava numa casa que não era minha, estava separada, sem emprego, não tinha família no Rio, sem amigos pra ajudar, era só os meus meninos e eu. Então, por mais que me doesse muito deixar o Rio, a casa com teto de madeira e papel de parede, toda a vida dos meus filhos, Fortaleza ficava me chamando. Então, em dezembro de 2013, já com mudança marcada e tudo acertado, eu comecei a comprar coisas, mesmo de mudança, o que não é muito recomendado. E um dia, nas Americanas, eu encontrei uma xicrinha igual a essa da foto, acho que custava 35 reais, algo assim, e comprei na mesma hora. Acho que eu estava tentando levar o máximo de Rio de Janeiro comigo.

 Só que veio o natal de 2014, o primeiro longe do Rio e daí, o destino, com uma ajuda da minha ascendência em gêmeos, fez que eu quebrasse essa xícara, depois de usá-la pela a primeira vez e eu nem preciso dizer pra vocês que chorei como uma criancinha emocionalmente desajustada.

 E todo o ano eu ia às Americanas, na esperança de que encontraria a xicrinha. E passaram-se 2015, 2016, 2017, 2018 e, veio 2019. Numa bela manhã, de um belo sábado de novembro, procurando coisinhas de natal pra casa, encontro no cantinho da prateleira, uma caixinha velha e amassada, a xicrinha e seu pires de biscoito, acho que esqueceram no estoque, porque quando levei ao caixa nem constava preço, mas me venderam por 15 reais. A vida é muito arbitrária e às vezes é bem interessante. 

 E o mais feliz de tudo, além de que reencontrei uma coisinha que é muito linda e cheia de significado pra alguém como eu que, ama o natal do jeito que eu amo, é que não olho pra essa xicrinha e penso que é uma coisa do Rio ou que me faz lembrar de lá. A xicrinha na verdade é uma coisa minha, que parece comigo e que ajuda a definir essa colcha de retalhos que sou eu. É muito bom quando conseguimos não nos perder de vista.

 Inté.

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