quinta-feira, 16 de janeiro de 2020

Coringa - Afinal, Arthur Fleck imaginou tudo mesmo?



Escrevi o post sobre o Coringa, minhas impressões aqui. Gostei muito do filme, grande novidade né, porque muita gente gostou, Joaquim Phoenix ganhando vários prêmios e fazendo discurso besta, como o do Golden Globe, etc. Só que muitos não gostaram também, inclusive um monte de cinéfilos, críticos de cinema e tudo bem, porque como dizia Nelson Rodrigues (de quem eu por sinal não gosto - da obra - mas reconheço que é interessante), toda unanimidade é burra.

Mas, pra quem gostou, pra quem não gostou, ficou uma dúvida - porque no fundo todo mundo saiu meio intrigado do cinema - Arthur Fleck imaginou tudo mesmo?

Tem esse livro do Umberto Eco, A obra aberta, que eu sempre recorro nesses casos, pois valida uma coisa que a minha experiencia enquanto leitora e expectadora sempre me mostrou: uma obra de arte está aberta para a interpretação de quem a aprecia. Óbvio que um autor (escritor, roteirista) quando cria uma obra, por mais que a história não seja linear ou que ainda, como no Coringa de Todd Phillips, acompanhemos um lapso de tempo de alguém com sérias perturbações mentais - naaada linear tampouco confiável - quando essa obra chega até nós, ela será percebida de maneiras diferentes, pois todos nós temos formações diferentes, olhares diferente, maneiras diferentes de percepção.

Então pra uns, Arthur Fleck imaginou tudo e nada daquilo é real. Vejo muito essa perspectiva nos fãs mais radicais da DC, porque "esse Coringa não é o Coringa de verdade". Aí eu até concordo, ele é mais. Já pra outros, uma parte do que ele experimenta é delírio, que percebemos através de cenas e referências que se espelham ao longo do filme (o sonho com Murray ao assistir o programa com a mãe, a vizinha Sophie, uma parte da dança na escadaria - vocês perceberam que uma parte da dança é delírio?). O próprio diretor de fotografia, e até o próprio Todd, afirmaram exatamente isso, que uma parte é imaginação da personagem, mas não tudo. 

Mas, como falei antes, quando a obra cai em nossas mãos, ela meio que passa a ser nossa, inclusive pra criarmos superinterpretações e delirarmos junto com Arthur Fleck.

Inté.

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