Esta publicação é originalmente do meu antigo blog Reverbera, querida!, tomei a liberdade de publicá-la aqui, porque né, o texto é de minha autoria.
A história de Cisne Negro é, em suma, a história do Lago dos Cisnes, mas não o é em essência. Nas entranhas da cousa, se fala é do feminino, é do surto e dor. Não é uma história para quem quer se divertir. Na verdade, bem distante disso, é assunto preterido por todos. A ideia da mulher, como é de fato, é rechaçada desde os primórdios da humanidade. A dor nos assola desde o nascimento e a gente simplesmente se anestesia tanto em linguagem figurada, tanto em realidade de analgésicos e afins.
E o que falar da loucura?
A gente nem entende direito o que é, e nem quer saber.
São temas completamente marginais e estranhos, desta feita, é mais do que natural o filme causar estranhamento, que pode resultar no riso (como aconteceu na sala de exibição que fui, tão cultas que são as personas da Zona Oeste carioca #sqn) ou no desdém, como podemos ler em safra vasta por ai, até por um número considerável de mulherzinhas, que não querem entender sua realidade uterina ou, maior que isso, sua realidade de ser humano, que é filho do pesar.
Se as primeiras cenas, com o close nas sapatilhas de ponta (nem falo das torturantes demi-pluié, tendus, frappés) em plena atividade já não lhe fisgam, nada mais o fará.
Olhos arregalados, efeitos especiais bobos, figurino de Rodarte e o diálogo próximo do clima de horror tipo arte, como da obra de Bergman e Lynch; tudo é apenas o espelho (que vira quase como um personagem do filme) das águas deste sombrio Lago dos Cisnes.
Inté.
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