Quando eu tinha uns 16 anos eu era uma garota difícil, que, basicamente, só vestia preto, camiseta de banda, jeans velho e all stars mais velhos ainda (até porque eu era pobre e não tinha dinheiro para trocar de tênis a cada temporada). Colecionava vinis que eu conseguia comprar e fitas k7 dos vinis que eu não conseguia. Ouvia tudo no meu sonzinho 3 em 1 da CCE (mais conhecida como: comecei comprando errado), que eu comprei com o meu dinheirinho das aulas particulares e da bolsa de artes do museu.
E eu era bem agressiva. Sem papas na língua. petulante, cheia das coragens que, via de regra, só se tem aos 16 anos.
Mas acontece que a idade me trouxe uma certa dose de moderação. O certo é que eu continuo sem paciência para um monte de coisas, o que acontece agora é que eu não falo mais. E eu me tornei uma fingida. Finjo que ignoro, finjo que não ligo, que não me importo e é mentira.
A maioria do tempo sinto ímpetos assassinos quando escuto algum impropério, quando um escroto mexe comigo na rua, voltando do trabalho carregada de livros e provas para corrigir. Mas aqui dentro de mim, a Elizabete de 16 anos, de camiseta dos Sex Pistols quer é arremessar uma pedra no olho do idiota que mexe com mulher sozinha na rua. E eu já fiz isso, mas não com 16, e sim com 28.
Talvez a Elizabete dos 16 esteja se unido a Elizabete dos 28, ambas brigando para romper o invólucro desses meus 37.
Inté.
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