Oi gente, tudo bem? Voltei foi cedo, né? Pois é minha gente, até eu me
surpreendi comigo mesma porque ando tão abusada de tudo. Para quem não é do
Nordeste, quando a gente diz que está abusada de algo, não é uma coisa tipo
letra de funk (ai como eu tô abusada, ai como eu tô bandida) não, é mais para
'ó que abuso do universo', entendem? Então.
Voltei pra falar de Gilmore Girls. E já falei algumas vezes da série.
Rory e sua lista de livros.
Falei da lista de livros da Rory Gilmore
aqui. Problemas, muitos problemas. Na verdade, falei da minha ingênua intenção de
adaptar a lista para comprar as edições que eu ainda não tinha, mas que já
havia lido. E, recomprar edições de livros queridos. Ingênua, porque a
Lilibete de 2014 não fazia ideia de tudo o que enfrentaria, incluindo quase
morrer de desgosto (e de uma infecção no sangue) dando aula em colégio
de riquinhos imbecis tipo o Logan (pra quem não sabe, o namorado riquinho
imbecil da Rory, que parece, é o grande amor de sua vida, tipo o Christopher
foi pra Lorelai). Enfrentar toda a sorte de problemas com dinheiro, como boa
proletária mal paga e explorada. E quando Lilibete acreditava que tudo ficaria
bem, veio então a pandemia.
Eu até comprei livros sim (aqui,
aqui
e mais que eu posto no Instagram), mas esqueci completamente dessa lista besta.
Não me entendam mal, você que por acaso me lê e está seguindo a lista da Rory
e tal, está tudo certo, é apenas a opinião de alguém que padece de azedume
adquirido.
Li quase todos os livros citados ali. Alguns me arrependi amargamente de ler,
outros não tenho interesse alguns porque ou são muito estadunidenses (demais da
conta), outros são machistas, misóginos, racistas, xenofóbicos. E li tantos
outros que nem constam ali. A lista da Rory não inclui um único livro de
autor brasileiro, um erro da criadora das Gilmore, Amy Shermann-Paladino. Como
alguém que tinha o sonho de conhecer o Brasil, como a Rory, e que ama
literatura, nunca leu nenhum autor brasileiro? Um Paulo Coelho que fosse!
Ficaria muito feliz se Rory aparecesse lendo Carolina Maria de Jesus, que foi
traduzida pro inglês em 1998, mas né, pedir demais pra cabeças muito
estadunidenses. Sim, eu estou problematizando. Continuo gostando da série, mas
não sou cega.
Gilmore Girls
Muita coisa mudou desde que escrevi isso
aqui. Finalmente assisti todas as temporadas, inclusive Um Ano Para Recordar.
Quando eu comecei a assistir Gilmore Girls, eu tinha uns 25, 26 anos, assistia
quando passava no SBT, que não passava a série na ordem correta. Meu grande
interesse era Lorelai e a mãe incrível que ela era, que eu sempre quis ser, e
sua relação linda com a Rory (que também é Lorelai, pra quem não sabe). Eu
achava o Luke um sonho, dono de cafeteria charmoso, que fazia panquecas
fofinhas. Detestava os pais da Lorelai, não conseguia de jeito algum sentir
empatia por eles e, sonhava com Stars Hollow. Claro, né, minha
realidade era o calor absurdo de Fortaleza e a coisa mais próxima do
bucolismo era a lagoa do Opaia (acreditem em mim, não é bucólico).
Passados quase 20 anos de quando parei de assistir a série até hoje, 2021, o
ano em que maratonei e acabei Gilmore Girls, Lilibete com seus 44 anos pode
afirmar que algumas coisas mudaram, já outras não.
1. Lorelai, com todos os defeitos, ainda é uma querida, sigo amando e
admirando Lorelai Gilmore, seu jipe, seu amor por cinema, o amor por inverno. Mas, tem péssimo gosto pra homens.
2. Eu não gosto do Luke. Eu gosto do Luke's, das panquecas com blueberries,
dos donuts, dos baldes de café, mas eu não gosto do Luke. Ele é um machistão,
mau humorado, chato. Lorelai merecia coisa melhor. Na verdade, ela teve, o Max
Medina, o professor de Literatura da primeira temporada, responsável por um
dos episódios mais memoráveis de Gilmore Girl, o pedido de casamento que
encheu Stars Hollow de flores. Mas fazer o quê?
3. Consegui sentir uma certa dó dos pais de Loreali, até da Emily Gilmore. Eu
consegui entender a amargura de ser abandonada pela filha, que preferiu
fugir de casa ainda adolescente, com uma bebê nos braços, pra trabalhar de camareira
numa pousada. As expectativas quebradas, a ausência da única filha, que faz
questão de ficar longe. Mas, só reafirmei que Lorelai, tirando os exageros da
ficção, estava certa em se manter longe. Eu tenho uma relação mais ou menos
parecida e uma história muito próxima do enredo entre Lorelai e Emily (hoje em dia, inclusive, numa via de mão dupla) e é
isso gente, não tem muito o que fazer, manter uma distância segura é a decisão correta.
4. Continuo sonhando com Stars Hollow. Se todo o problema fosse o Taylor,
pôxa vida!
Os namorados de Rory e a coisa do bad boy
Nunca tive muita paciência pras aventuras românticas da Rory Gilomore. Eu
gostava/gosto da relação entre Rory e Lorelai, boa parte porque eu queria ser
filha da Lorelai, sabe, e crescer numa casa cheia de música, de filmes,
procurando fadas pelas várias árvores centenárias de Stars Hollow. Mas o certo
é que a Rory herdou o dedo podre da mãe.
O menos ruim dos amores de Rory foi o Dean. E sim, Dean tinha alguns
problemas, o pior foi casar ainda gostando da Rory e trair a esposa com a
Rory. O grande problema do Dean, além do péssimo gosto pra se vestir, era a
Rory.
Logan, que aparece por último e que marcou a vida da Rory pra sempre (pra
saber do que estou falando, caso já não saiba, assista Um Ano Pra Recordar na
NetFlix) é um riquinho, imbecil, fraco e idiota. E olha que ele nem é o que eu menos gosto, hein!
E o Jess é detestável. Ele é um Luke piorado. A única coisa boa desse sujeito
é que ele gosta de ler. Mas ele gosta de ler Bukowski, geração beat... ai que
sono. Não tenho paciência com bad boy nem na vida real,
tampouco na ficção. Quer bad boy de verdade? Heathcliff de Morro dos
Ventos Uivantes, aquele ali sim, é um garoto mau pra ninguém duvidar, do tipo
que trapaceia, rouba, mata, desenterra o cadáver da "amada" pra olhar uma
última vez pro seu rosto (crânio?). Vamos falar a verdade, Heathcliff é um
macho ruim ficcional. As pessoas chamam a personagem de Emily Brontë de anti-herói, não,
o nome correto é macho ruim ficcional! Anti-herói é o Darcy de Orgulho e Preconceito da
Jane Austen. Rochester da Jane Eyre, da outra irmã Brontë, também se encaixa
na definição (minha) de macho ruim ficcional (porque existem os machos ruins da vida real e desses, a gente não deve ler nem a capa). Vejam bem, ele aprisiona a mulher, Bertha,
num quarto secreto na mansão Rochester, porque a coitada enlouqueceu e daí tudo
certo em prendê-la, afastando sua existência de tudo e de todos, porque assim
é melhor pra ele. E o problemático é o Darcy da Jane Austen? Eu não entendo
esse gosto por macho ruim. O Jess não chega a ser um macho ruim, mas ele não é um cara legal, ele foi um idiota com a Rory, com o tio, com a cidade que o recebeu bem. E não, idade e agruras não justificam tudo. A gente pode entender os porquês, mas é só.
Tudo isso, e foi muito, como sempre, cheio das minhas digressões, pra dizer que a minha relação com Gilmore Girls é muito pessoal. E é isso, as séries, os filmes, as músicas e, especialmente os livros favoritos com os quais nos envolvemos ao longo da nossa vida penetram tão profundamente em nossas almas que passam a ser parte de nós, como velhos amigos. Por isso, peço desculpas por quem gosta de Heathcliff e Rochester, eu gosto dos livros que eles protagonizam. E gosto muito muito de Gilmore Girls, mas do Jess e do Luke não.
Inté.
Blog perfeito!
ResponderExcluirBlog perfeito!
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