terça-feira, 25 de maio de 2021

A minha relação com Gilmore Gilrs é muito pessoal




Oi gente, tudo bem? Voltei foi cedo, né? Pois é minha gente, até eu me surpreendi comigo mesma porque ando tão abusada de tudo. Para quem não é do Nordeste, quando a gente diz que está abusada de algo, não é uma coisa tipo letra de funk (ai como eu tô abusada, ai como eu tô bandida) não, é mais para 'ó que abuso do universo', entendem? Então.

Voltei pra falar de Gilmore Girls. E já falei algumas vezes da série.

Rory e sua lista de livros.

Falei da lista de livros da Rory Gilmore aqui. Problemas, muitos problemas. Na verdade, falei da minha ingênua intenção de adaptar a lista para comprar as edições que eu ainda não tinha, mas que já havia lido. E, recomprar edições de livros queridos. Ingênua, porque a Lilibete de 2014 não fazia ideia de tudo o que enfrentaria, incluindo quase morrer de desgosto (e de uma infecção no sangue) dando aula em colégio de riquinhos imbecis tipo o Logan (pra quem não sabe, o namorado riquinho imbecil da Rory, que parece, é o grande amor de sua vida, tipo o Christopher foi pra Lorelai). Enfrentar toda a sorte de problemas com dinheiro, como boa proletária mal paga e explorada. E quando Lilibete acreditava que tudo ficaria bem, veio então a pandemia. 

Eu até comprei livros sim (aqui, aqui e mais que eu posto no Instagram), mas esqueci completamente dessa lista besta. Não me entendam mal, você que por acaso me lê e está seguindo a lista da Rory e tal, está tudo certo, é apenas a opinião de alguém que padece de azedume adquirido. 

Li quase todos os livros citados ali. Alguns me arrependi amargamente de ler, outros não tenho interesse alguns porque ou são muito estadunidenses (demais da conta), outros são machistas, misóginos, racistas, xenofóbicos. E li tantos outros que nem constam ali. A lista da Rory não inclui um único livro de autor brasileiro, um erro da criadora das Gilmore, Amy Shermann-Paladino. Como alguém que tinha o sonho de conhecer o Brasil, como a Rory, e que ama literatura, nunca leu nenhum autor brasileiro? Um Paulo Coelho que fosse! Ficaria muito feliz se Rory aparecesse lendo Carolina Maria de Jesus, que foi traduzida pro inglês em 1998, mas né, pedir demais pra cabeças muito estadunidenses. Sim, eu estou problematizando. Continuo gostando da série, mas não sou cega.

Gilmore Girls

Muita coisa mudou desde que escrevi isso aqui. Finalmente assisti todas as temporadas, inclusive Um Ano Para Recordar. Quando eu comecei a assistir Gilmore Girls, eu tinha uns 25, 26 anos, assistia quando passava no SBT, que não passava a série na ordem correta. Meu grande interesse era Lorelai e a mãe incrível que ela era, que eu sempre quis ser, e sua relação linda com a Rory (que também é Lorelai, pra quem não sabe). Eu achava o Luke um sonho, dono de cafeteria charmoso, que fazia panquecas fofinhas. Detestava os pais da Lorelai, não conseguia de jeito algum sentir empatia por eles e, sonhava com Stars Hollow. Claro, né, minha realidade era o calor absurdo de Fortaleza e a coisa mais próxima do bucolismo era a lagoa do Opaia (acreditem em mim, não é bucólico).

Passados quase 20 anos de quando parei de assistir a série até hoje, 2021, o ano em que maratonei e acabei Gilmore Girls, Lilibete com seus 44 anos pode afirmar que algumas coisas mudaram, já outras não.

1. Lorelai, com todos os defeitos, ainda é uma querida, sigo amando e admirando Lorelai Gilmore, seu jipe, seu amor por cinema, o amor por inverno. Mas, tem péssimo gosto pra homens.

2. Eu não gosto do Luke. Eu gosto do Luke's, das panquecas com blueberries, dos donuts, dos baldes de café, mas eu não gosto do Luke. Ele é um machistão, mau humorado, chato. Lorelai merecia coisa melhor. Na verdade, ela teve, o Max Medina, o professor de Literatura da primeira temporada, responsável por um dos episódios mais memoráveis de Gilmore Girl, o pedido de casamento que encheu Stars Hollow de flores. Mas fazer o quê?

3. Consegui sentir uma certa dó dos pais de Loreali, até da Emily Gilmore. Eu consegui entender a  amargura de ser abandonada pela filha, que preferiu fugir de casa ainda adolescente, com uma bebê nos braços, pra trabalhar de camareira numa pousada. As expectativas quebradas, a ausência da única filha, que faz questão de ficar longe. Mas, só reafirmei que Lorelai, tirando os exageros da ficção, estava certa em se manter longe. Eu tenho uma relação mais ou menos parecida e uma história muito próxima do enredo entre Lorelai e Emily (hoje em dia, inclusive,  numa via de mão dupla) e é isso gente, não tem muito o que fazer, manter uma distância segura é a decisão correta. 

4. Continuo sonhando com Stars Hollow. Se todo o problema fosse o Taylor, pôxa vida!

Os namorados de Rory e a coisa do bad boy

Nunca tive muita paciência pras aventuras românticas da Rory Gilomore. Eu gostava/gosto da relação entre Rory e Lorelai, boa parte porque eu queria ser filha da Lorelai, sabe, e crescer numa casa cheia de música, de filmes, procurando fadas pelas várias árvores centenárias de Stars Hollow. Mas o certo é que a Rory herdou o dedo podre da mãe. 

O menos ruim dos amores de Rory foi o Dean. E sim, Dean tinha alguns problemas, o pior foi casar ainda gostando da Rory e trair a esposa com a Rory. O grande problema do Dean, além do péssimo gosto pra se vestir, era a Rory. 

Logan, que aparece por último e que marcou a vida da Rory pra sempre (pra saber do que estou falando, caso já não saiba, assista Um Ano Pra Recordar na NetFlix) é um riquinho, imbecil, fraco e idiota. E olha que ele nem é o que eu menos gosto, hein!

E o Jess é detestável. Ele é um Luke piorado. A única coisa boa desse sujeito é que ele gosta de ler. Mas ele gosta de ler Bukowski, geração beat... ai que sono. Não tenho paciência com bad boy nem na vida real, tampouco na ficção. Quer bad boy de verdade? Heathcliff de Morro dos Ventos Uivantes, aquele ali sim, é um garoto mau pra ninguém duvidar, do tipo que trapaceia, rouba, mata, desenterra o cadáver da "amada" pra olhar uma última vez pro seu rosto (crânio?). Vamos falar a verdade, Heathcliff é um macho ruim ficcional. As pessoas chamam a personagem de Emily Brontë de anti-herói, não, o nome correto é macho ruim ficcional! Anti-herói é o Darcy de Orgulho e Preconceito da Jane Austen. Rochester da Jane Eyre, da outra irmã Brontë, também se encaixa na definição (minha) de macho ruim ficcional (porque existem os machos ruins da vida real e desses, a gente não deve ler nem a capa).  Vejam bem, ele aprisiona a mulher, Bertha, num quarto secreto na mansão Rochester, porque a coitada enlouqueceu e daí tudo certo em prendê-la, afastando sua existência de tudo e de todos, porque assim é melhor pra ele. E o problemático é o Darcy da Jane Austen? Eu não entendo esse gosto por macho ruim. O Jess não chega a ser um macho ruim, mas ele não é um cara legal, ele foi um idiota com a Rory, com o tio, com a cidade que o recebeu bem. E não, idade e agruras não justificam tudo. A gente pode entender os porquês, mas é só.

Tudo isso, e foi muito, como sempre, cheio das minhas digressões, pra dizer que a minha relação com Gilmore Girls é muito pessoal. E é isso, as séries, os filmes, as músicas e, especialmente os livros favoritos com os quais nos envolvemos ao longo da nossa vida penetram tão profundamente em nossas almas que passam a ser parte de nós, como velhos amigos. Por isso, peço desculpas por quem gosta de Heathcliff e Rochester, eu gosto dos livros que eles protagonizam. E gosto muito muito de Gilmore Girls, mas do Jess e do Luke não.


Inté.

2 comentários :

Sejam educados, seus lindos!

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