sexta-feira, 31 de outubro de 2014

Mês do Terror - Halloween, A Noite do Terror



E como eu sou clichê, vamos encerrar as postagens de Halloween, mês do Terror, com a própria série de filmes de Michael Myers, nosso psicopata além-túmulo favorito, invejado por Jason & cia.

Esqueçam as terríveis adaptações recentes, e vamos nos deslocar no tempo, para 1978, com o primeiro filme Halloween, o então novato diretor John Carpenter conseguiu receber certa, e devida, atenção de Hollywood, após um filme de sucesso com baixíssimo orçamento. Assim nasceu Halloween.

Halloeen é um filme icônico para um gênero em transformação, ainda que filmes como O Massacre da Serra Elétrica (1974 - que eu não gosto, mas tudo bem) já tivessem apresentado a estética slasher à audiência, o horror, apesar de calcado na hiper-violência, ainda parecia pouco palpável, principalmente por sua trama se ambientar no interior com rednecks do mal.

Com Halloween John Carpenter traz o terror para o subúrbio, colocando jovens babás e crianças ingênuas a mercê de um assassino frio, implacável e malígno, movido por uma força sobrenatural. A a trama é instituída em um dos feriados mais simbólicos para os americanos: o Halloween, o conhecido dia das bruxas. Em um dos primeiros momentos do filme, o personagem de Charles Chypers, o xerife Brackett, afirma quase que diretamente a câmera: "Hoje é Halloween, um bom dia para tomar sustos." Com essa proposta externada nas palavras do personagem, John Carpenter traz um história simples, porém macabra, pronta para sobressaltar o espectador a cada virada de câmera. 

O prólogo de Halloween abre com uma sequência imersiva. Já ao som da trilha sonora hitchcockiana composta pelo próprio Carpenter, e na perspectiva de um Mike Myers (Will Sandim) de seis anos de idade, acompanhamos a observação voyeur do menino e a despudorada irmã adolescente. Depois do sexo juvenil consensual da moça com o namorado, Myers, sem muito cerimônia, invade o quarto da irmã e a mata a facadas. O menino era doido, gente.

Nesse primeiro momento, antes mesmo de entrarmos na história, de fato, o mito já está construído. Cerca de quinze anos depois, em mais uma sequência de inegável força imagética, visualizamos um médico, Dr. Sam Loomis (Donald Pleasence), chegar em uma visita noturna ao manicômio do qual é residente para levar um adulto Mike Myers (Tony Moran) à justiça. Apoiada no uso das sombras, uma chuva torrencial, aliado ainda a onipresente trilha sonora, John Carpenter concebe uma das cenas mais assustadoras de Halloween. O plano que enfoca internos vagando pela grama é um mau agouro pontual, confirmado em seguida pela forma como Myers toma o carro e foge, em destino a sua antiga cidade. Voltando ao seu lar de infância, o assassino vai instituir o terror ao perseguir um grupo de jovens moças. Mas não de uma maneira tão direta. Com cuidado, fazendo valer seu apreço pelos personagens, o diretor estabelece lugares comuns até hoje reproduzidos e parodiados nas mais diversas produções do gênero. Com forte, e incontestável, influência de Alfred Hitchcock, principalmente Psicose (1960) - considerado como um dos primeiros filmes de terror moderno -, John Carpenter aposta no incômodo que o suspense psicológico pode proporcionar.

 A intenção também era demonstrar como era possível assustar a audiência desprovido de efeitos visuais mais elaborados. A figura sinistra de Mike Myers, uma variação do Norman Bates de Psicose, associada ainda a pré-suposição do que era capaz de fazer, deveria ser a força motriz de toda a trama. Não a toa o surgimento do personagem, imóvel como uma estatua de cera, na maioria das cenas é causadora de sustos imediatos. Sua máscara, ocultando qualquer expressão, deixa tudo mais sombrio e inigmático. Afinal, o que move Michael Myers?

E assim Halloween apresentou ao mundo um dos vilões mais aterradores de todos os tempos.

Boo.

This is Halloween!


E hoje encerramos nossas postagens de Halloween.

Foi muito bacana - e cansativo - selecionar e resenhar cerca de 31 filmes de terror ao longo de outubro. Serviu para confirmar como sou realmente fã do gênero.

Ao longo do mês eu tive que reassistir alguns dos meus filmes favoritos e lembrar de outros, puxar da memória. E sobraram, viu? Quem sabe mais 31 para o próximo ano ;). Também reli livros que inspiraram alguns dos filmes aqui mostrados, o que foi muito bom. Toda a semana levava um livro diferente para a escola, meus alunos (oi, seus lindos) ficavam num misto de curiosidade e espanto. Basicamente, eu sou o único professor (licença do gênero, favor) que anda por aí com livros que não sejam John Green ou correlatos. E eu não gosto do John Green (favor reparar na metonímia).

Para entrar no clima, minha casa está cheia de abóboras e fantasminhas. Ah, ganhei cortesias e fui ao cinema conferir Annabelle e Dracula. Resenhas sobre em breve, mas digo logo que não são nada de mais. Posso adiantar que Annabelle é bem melhor do que a sua origem, Invocação do Mal. Já o Dracula... gente, o Dracula. Vale mais para ver Charles Dance (o seu, o meu, o que o Tyrion matou. - ops, spoiler :D - Tywin Lanniter). Mas não é péssimo, como Dracula 2000 (eu acho Dracula 2000 divertido) e nem memorável como o Dracula do Coppola.

Até uma próxima empreitada cinematográfica.

Boo.

quinta-feira, 30 de outubro de 2014

Mês do Terror - Silent Hill



Confesso que assisti Silent Hill sem a menor boa vontade. Um filme de terror baseado num video game de terror, que sim assusta, mas pôxa vida, né? Ledo engano o meu. Não sei explicar como o filme deu certo, mas deu.

O clima é sinistro, mas acima de qualquer coisa, é tenso, mal e triste, muuito triste, como é a personagem principal, queridinha do Pyramide Head.

O filme conta a história de Sharon, uma garota que tem pesadelos e acorda gritando o nome de um lugar chamado Silent Hill. Sua mãe, uma completa maluca, resolve ir com Sharon até a morada do capeta Silent Hill. Elas vão, são tragadas pelo nevoeiro sinsitro da cidade (que depois descobrimos que são as cinzas de um sacrifício malígno. que legal) e tudo acontece.

 O filme te mantém por um bom tempo no suspense sobre o que está acontecendo em Silent Hill, o que acontece com a Sharon etcetera coisa e tal. O suspense dura quase que o filme inteiro e o final é, literalmente, apocalíptico, com direito aos flagelos e tudo o mais.

 Uma curiosidade: a cidade de Silent Hill existe na vida real. A cidade tem muita fumaça devido a um incêndio subterrâneo, por conta de um acidente numa mina de carvão que até hoje não apagou. Atualmente cinco casas ainda são ocupadas além da Igreja.

Boo.

quarta-feira, 29 de outubro de 2014

Mês do Terror - A Lenda do Cavaleiro Sem Cabeça


É um dos meus filmes favoritos do Tim Burton e com certeza um dos filmes da infância dos meus erês. Sim, eu sou louca e e deixei meus filhos assistirem coisas do gênero em suas infâncias, me prendam.

No final do século 18, o policial de Nova Iorque, Ichabod Crane, é enviado ao vilarejo de Sleepy Hollow para desvendar o mistério de uma série de crimes, nos quais todas as vítimas foram encontradas sem cabeça. De acordo com a crença do povo local, as mortes são cometidas pelo Cavaleiro Sem Cabeça, que se esconde na floresta e mata para vingar a própria morte. Porém, Crane não acredita nesta hipótese. Para ele, deve haver alguma explicação lógica para os assassinatos, e começa as investigações com a ajuda da bela Katrina Van Tassell, uma de suas principais suspeitas. 

O filme é baseado no conto de 1890 do escritor americano Washington Irving, A Lenda do Cavaleiros Sem Cabeça, que muitos de nós conhecermos através das adaptações da Disney, bem mais bobinhas que a versão do Tim Burton.

Em Sleepy Hollow todos são meio culpados, até a névoa parece ter culpa. É o que Ichabold descobre. 

 Tim Burton conseguiu criar um filme perfeito. Há suspense e mistério, cenas românticas e algumas, eu diria, mágicas, como as lembranças de infância de Ichabold e sua mãe, filha da natureza, quase uma fada. 

Boo.

terça-feira, 28 de outubro de 2014

Mês do Terror - Sexto Sentido


Eu assisti ao Sexto Sentido no cinema, sem ler nada a respeito, sem ter conversado com amigos antes. E é mais ou menos por culpa do Sexto Sentido e do Labirinto do Fauno que me alimento de todos os spoilers possíveis, porque se eu gostasse de emoção que leva a ataques cardíacos, eu amaria montanhas russas. E eu as odeio.

Mas engana-se quem pensa que o filme de Shyamalan se sustenta  em sustos e diálogos macabros (eu vejo gente morta). O roteiro, assinado pelo próprio diretor, mostra o psicólogo infantil Malcolm Crowe (Bruce Willis) e sua intensa dedicação para ajudar o garoto Cole Sear (Haley Joel Osment), que além de ser extremamente introvertido, revela ainda ter a capacidade de ver pessoas mortas. O doutor vê no menino a chance de remediar um erro do passado, no qual ele falhou com um paciente com características semelhantes a Cole. 

O roteiro é irretocável, com diversos momentos de tensão, suspense crescente, mas o grande diferencial do Sexto Sentido é a sutileza com que aborda o tema. Os fantasmas são meros coadjuvantes e não a atração principal. Há uma tristeza assombrada no filme ou asombrando o filme, mais do que as aparições. A dificuldade do psicólogo em reconquistar o amor de sua mulher ao mesmo tempo em que luta para resolver o caso de Cole. O garoto, que além de não ter amigos, ainda convive com o pavor de ver alguém morto a qualquer momento. Temos ainda a mãe, que não consegue estabelecer um diálogo com o filho, impossibilitando assim que ela compreenda as razões de seu comportamento. As atuações de Bruce Willis e Haley Joel Osment são, sem dúvida, um dos trunfos do longa. Conseguimos facilmente simpatizar com suas personagens, e sofrer com suas angústias e temores. 

 A reviravolta final virou cult e é comentada até hoje, tanto que não é incomum encontrar quem saiba o final sem ao menos ter assistido ao filme. Contudo, o atemporal d'O Sexto Sentido não está apenas na surpresa que inquieta aqueles que o visitam pela primeira vez, mas também na capacidade de emocionar, mesmo assustando.

Boo.

segunda-feira, 27 de outubro de 2014

Mês do Terror - Carrie, A Estranha



O primeiro livro do mestre Stephen King, possivelmente o mais famoso que rendeu um dos melhores filmes de terror da história (sem precisar alterar o texto como o fez Kubrick), estou falando da Carrie versão de Brian de Palma.

E o que essa história da moça que só queria ir ao baile tem de diferente? No meu ponto de vista é aquela coisa da tristeza. Sim, da tristeza, porque no final das contas fico mais triste do que assustada com a Carrie, porque acabei torcendo por ela e achando bem feito tudo o que aconteceu, uma espécie de vingança de todos os geeks e outsiders desse mundo.

Na verdade, eu considero Carrie mais um drama com toques macabros e sobrenaturais, do que um filme de terror propriamente dito. Por mais assustador que seja a imagem de Carrie coberta de sangue de porco e que isso tenha entrado para o nosso inconsciente coletivo, como metáfora imagética para se ter medo, muito medo.

Carrie White (Sissy Spacek) é uma menina introvertida e diferente, que teve uma criação religiosa severa. Na verdade religiosa-severa-maluca-fanática-camisa-de-força. Como todo mundo que já frequentou a escola sabe, gente assim costuma ser o alvo das maldades e picuinhas, o conhecido bullying. Para completar, a mãe de Carrie é maluca fundamentalista, do tipo que acha seio uma coisa errada (oi?). Ah, e menstruação é pecado (aí eu concordo ó). 

E tudo isso nos leva à conclusão de que a vida de nossa Carrie era uma bela porcaria. E era mesmo. E como sempre tudo pode piorar, ainda acontece com Carrie um dos maiores pesadelos da vida de uma garota: ter a primeira menstruação na escola. Com uma mãe maluca e uma escola ridícula (e as aulas de biologia?) Carrie chegou aos 16 anos e não fazia ideia do que era menstruação e né, pensou que estava morrendo. E daí a cena icônica do chuveiro, e daí a descoberta de seus poderes psíquicos, e daí todos os acontecimentos até o baile.

Assistam ao filme que conta com John Travolta bem novinho e de vilão ;).

p.s.: Eu sei que houve uma versão recente e sim, eu assisti e não, eu não gostei.

Boo.

domingo, 26 de outubro de 2014

Mês do Terror - O Estranho Mundo de Jack



Nem é segredo para ninguém que me conheça que eu amo Tim Burton e seu mundo criativo onde criaturas do universo do terror ganham novas facetas e podem até ser consideradas fofinhas e adoráveis, como Sally Skellington, por exemplo.

O primeiro filme de Tim Burton que assisti foi Quando os fantasmas se divertem (Beetlejuice), mas o primeiro filme de Tim Burton que comprei o dvd para assistir ad infinitum até decorar todas as musiquinhas e falas foi O Estranho Mundo de Jack. 

O Herói, Jack Skellington, é a criatura mais respeitada da Cidade do Halloween. Depois de vários Halloweens bem sucedidos Jack tem uma crise de identidade. Então sai em busca de algo novo para preencher o vazio. Por força das circunstâncias, ele acaba parando na Cidade do Natal que é governada pelo primeiro e único Papai Noel. Então, Jack decide sequestrar o bom velhinho e se tornar o senhor do Natal. Só que sua ideia de presentes não são nada convencionais (como por exemplo cobras vivas e cabeça empalhadas.) e o Natal acaba se tornando uma extensão do Halloween.

  Boo.

sábado, 25 de outubro de 2014

Mês do Terror - O Silêncio dos Inocentes



O Silêncio dos Inocentes é baseado no romance homônimo de Thomas Harris, publicado em  1988 e o segundo a apresentar Hannibal Lecter, um psiquiatra serial killer que pratica canibalismo gourmet com as vítimas. No filme, Clarice Starling, uma jovem estagiária do FBI, procura ajuda do prisioneiro Dr. Lecter, para prender outro serial killer, conhecido como Buffalo Bill. Curiosidade: Foi o terceiro filme a ganhar o Oscar em cinco categorias: melhor filme, melhor atriz, melhor ator, melhor diretor e melhor roteiro adaptado. Né?

E eu devo lhes dizer que não me odeiem, mas eu assisti O Silencio dos Inocentes no cinema, no lindo Cine São Luis no Centro de Fortaleza com o meu melhor amigo à época, o Júlio, vulgo Boi. Júlio, se você por um acaso do ocaso cair aqui no Solilóquios, saiba que eu ainda te adoro.

Mas voltando,  Assisti mentindo a idade no cinema, a censura era 16 anos e eu tinha 14. E deu certo, gente. As coisas eram mais simples, sabe?

Mas então, Hannibal Lecter. O que dizer de Hannibal Lecter? É um personagem inesquecível, a fusão do médico e o monstro sem fórmula. É a mais pura tradução do que seria um herói byroniano em todos os pontos. É o Heatcliff nas últimas instâncias, porque Hannibal é psicopata mesmo, já Heatcliffe era uma criatura linda, porém perturbado, capaz de coisas terríveis, por amor. Hannibal que desperta interesse e medo. Amor e ódio. O vilão.

 Em O Silêncio dos Inocentes a gente observa o jogo terapêutico, digamos assim, entre Hannibal e a jovem, inexperiente e corajosa Clarice Starling. Conhecer a mente de Lecter é um grande desafio para Starling, mas representa algo como um jogo para o psiquiatra, especialista na mente humana. Quanto mais Clarice se aprofunda na investigação, mais se aproxima do perigo. A coragem de Clarice, desperta em Hannibal muito mais que o prazer da caça, desperta afeto. E daí entramos no campo da ficção e suas possibilidades, em que um psicopata é capaz de amar.

Post Scriptum:  Sobre a série Hannibal. Tive uma relutância terrível, porque temia ser algo num rítmo meio CSI, que confesso, não me agrada. Prefiro caminhos mais requintados e sombrios como True Detective (primeira temporada). Mas dei uma chance e assisti a primeira temporada e olha, eu me encantei de tal jeito que até reli Silêncio dos Inocentes. Gosto particularmente do que fizeram com Graham e sua sensibilidade, a coisa dos sonhos e devaneios com os crimes. Quanto ao próprio Hannibal, é complicado de início, porque me adaptei a ver Anthony Hopkins dar vida ao Dr. Hannibal Lecter. Mas ao final do 13ª episódio já estava completamente arrebatada. Quando assistir a segunda temporada eu volto aqui com mais pormenores, prometo.

Boo.

sexta-feira, 24 de outubro de 2014

Mês do Terror - Sexta-Feira 13



Confessa pra mim, algum de vocês já teve medo do Jason? Deixa eu adivinhar a resposta: não, né? Sexta-feira 13 é um filme de terror daqueles pra fazer a gente se divertir, é tosco, é risível, é um clássico dos filmes de terror feitos pela indrústria hollywoodiana.

 O primeiro filme da série foi lançado em maio de 1980,  já criando a identidade visual da cinessérie que nos acompanha até os dias de hoje, com remakes piorados. O mote ad infinitum: uma criatura de repente começa a matar jovens que acampam em Crystal Lake até que alguma coisa ou alguém o pare. Acabou. Ah, os tais jovens sempre (eu disse SEMPRE) são irresponsáveis, idiotas, bonitinhos, drogados e tarados.

Sexta-Feira 13 foi criado primeiramente para aproveitar o sucesso de outra cinessérie de terror que havia sido lançada há pouco tempo, Halloween (o filme que encerrará nosso Mês do Terror). A trama se inicia no cenário principal da saga, o tal do campo Crystal Lake, com a morte de dois monitores do acampamento, em 1958. Logo, saltamos para a sexta-feira 13 de junho de 1980, quando o campo está para ser reaberto. Novos empregados adolescentes começam a chegar, cercados por todas as superstições da cidade em relação ao local. 

Rapidamente as mortes começam a acontecer. Investindo no suspense, vemos vários trechos do filme do ponto de vista do assassino, mas sem ver quem ele é. Somente perto do final é revelada sua face. Mas, neste primeiro filme, não temos Jason como assassino, mas sim sua mãe, Pamela Voorhees (elemento que serviu de pegadinha no filme Pânico, de 1996), interpretada por Betsy Palmer. Quando enfim ela se revela, descobrimos que ela era cozinheira do campo em 1957, ano em que seu filho retardado deficiente Jason morreu afogado. Culpando os monitores por isso, acusando-os de estarem fazendo sexo quando deveriam estar cuidando das crianças, ela se torna uma assassina louca. 

 Em dado momento do filme, descobrimos que o campo chegou a ser também incendiado. Quando soube da reabertura do campo, Pamela decidiu matar a todos. Em vários momentos, ela fala como se fosse Jason, inclusive incorporando sua voz, chegando a criar diálogos entre ela mesma e seu filho. Um detalhe interessante é que ela diz que aquele seria o aniversário de Jason. Como dita a regra dos filmes de terror, a única sobrevivente é a mais certinha das personagens, a jovem Alice (Adrienne King), que decapita Pamela Voorhees e fica à deriva no lago do campo, acabando por seu puxada para o fundo pelo menino Jason (Ari Lehman), apenas para em seguida acordar no hospital. Fica a dúvida se o ataque de Jason foi mesmo um sonho ou realmente aconteceu. O que a gente confirma no filme seguinte, Sexta-Feira 13 parte II que Jason que retorna da morte numa versão com 2 m de altura, rosto deformado sempre coberto a famosa máscara de hockey e o facão (no Ceará conhecido rabo de galo). 

Vamos combinar, o Jason é o Michael Myers sem glamour. Qual é o glamour do Michael Myers? Espera até o dia 31 de outubro que eu te conto ;).

Boo.

quinta-feira, 23 de outubro de 2014

Mês do Terror - Água Negra



Eu devo ser, possivelmente, a única fã do cinema oriental de terror que realmente gosta e muito de Água Negra, quando a maioria prefere a versão americana, refilmada pelo nosso Walter Salles. O que eu acho da versão americana? Uma porcaria. Sim meu povo, pior do que qualquer outra versão de filmes do gênero. E eu até gosto bastante do Chamado, por exemplo. Chamado que sabemos, é do mesmo diretor, o brilhante Hideo Sadaka.

Tudo o que era lindo (a seu jeito), plástico e vibrabte na versão oriental, simplesmente não existe na versão americana que, basicamente, se deteve em contar a história da mãe, do fantasminha e da criança. E a história é muito maior do que isso.

Água Negra de 2002 é uma das maiores obras do cinema de horror moderno, na minha opinião, um dos melhores filmes feitos nos últimos anos, portanto nem se enquadra apenas na coisa do terror. Sim, é um filme de fantasmas, mas é um drama. O filme é sutil, o suspense aflora através da atmosfera tensa e inquietante, em volta da narrativa, que explora um argumento simples.

 Em Água Negra não temos uma fita vhs amaldiçoada, mas sim uma mãe (Yoshimi), que procura ficar com a guarda da sua filha menor (Ikuko), mudando-se com a filhinha para um apartamento modesto, com umidade e uma infiltração no andar de cima que leva constantemente à queda de água numa divisória da casa, algo que a conduz a fazer queixa ao porteiro do prédio, que pouco parece ligar.

Claro que a infiltração não é bem o que esperamos e percebemos que a mudança para este prédio não foi a melhor das ideias. Nem a mais inteligente, mas né, precisamos do enredo.

Ikuko ama sua mãe e até gosta da creche nova. E da lancheirinha nova, vermelha, que simplesmente aparece do nada. Uma lancheirinha fantasma. Sempre que Ikuko aparece a imagem é meio em tons de azul. Ikuko sempre está de azul. Depois, a antiga dona da lancheirinha começa a fazer aparições, sempre em tons de amarelo. E é nesse contraste rm imagens e conteúdo do que é o amarelo e o azul que o enredo se desenvolve.

Estamos entre a superstição e o macabro, numa obra que conta com uma fotografia fantástica. O prédio vira um personagem a parte, numa clara homenagem ao Iluminado de Kubrick, na forma como expõe de forma claustrofóbica e labiríntica o drama das protagonistas e o prédio em si.

A relação entre mãe e filha é essencial para a narrativa, sobretudo para a criação de uma certa atmosfera de urgência em volta dos acontecimentos relacionados com o perigoso e estranho apelo que Ikuko causa numa entidade sobrenatural, uma outra criança cujo passado triste vai se revelando aos poucos. 

Água Negra antes de ser assustador, é melancólico.

 Se alugar um apartamento já sabe, tenha cuidado com as infiltrações, nunca se sabe quem ou aquilo que se encontra no andar de cima.

Boo.

Zodíaco Fashion - Escorpião



Outro Signo solar que o povo gonga e gonga até dizer chega, tipo Áries (oi). Escorpianos são profundos, sagazes, discretos e chatos. Acho chic.

Bisous.

 Confiram o Astro/Vogue que é um luxo. 

 Fonte: Dicionário Básico de magia e exoterismo, de Irene Monteiro, com lindas ilustrações de Renata Vilanova. Imagem: Sign Vogue, by Tim Gutt.

quarta-feira, 22 de outubro de 2014

Mês do Terror - Cine Trash


Quem lembra do Cine Trash com Zé do caixão? Ô saudade de tempos que não voltam mais.

 O Cine Trash foi exibido na Bandeirantes, de segunda a sexta-feira no horário da tarde, 15:15h. Foi do dia 5 de fevereiro ao dia 25 de outubro de 1996, a partir daí exibido apenas às segundas-feiras a noite, na mesma emissora, onde permaneceu até ser extinto em 1997 para dar lugar, tempos depois, a um programa ridículo com uma versão da Tiazinha vampira. Sério.

 O Cine Trash era apresentado pelo maravilhoso Zé do Caixão e sua dicção perfeita (vocês reparavam que ao invés de falar trash ele falava tash rs?), sempre acompanhado por suas assistentes. gatinhas do capeta. Antes de começar o filme do dia, Zé do Caixão rogava uma praga na audiência, caso a gente mudasse de canal. E ninguém mudava de canal. Não com medo da praga, era por causa dos filmes de terror lixo passando a tarde e cedinho que a gente não mudava. Isso era muito bacana, gente!

À época eu morava em Brasília, tinha 19 anos, mas já era emancipada, dona do minha vida. Passei muita tarde, após passar o dia cortando isopor pra decorar mesa de festa (eu trabalhava com festas infantis, tinha meu próprio negócio) relaxando com chás, biscoitos, Yan dormindo e o Cine Trash na minha tv.

 Só que né,  o sucesso e o teor dos filmes exibidos pelo Cine Trash desagradaram o Ministério Publico, que entrou com ação contra a Band, obrigando o programa a ser exibido após às 22 horas, por conta de seu conteúdo impróprio para o horário vespertino. Quando passou a ser exibido a noite, o Cine Trash perdeu audiência até acabar de vez. Lembro que me senti orfã.

Curiosidades: mesmo durante o período em que foi exibido a tarde, o Cine Trash eventualmente também tinha uma sessão noturna; o primeiro filme exibido no Cine Trash foi Halloween 4; o penúltimo foi Halloween, a noite de terror, o primeirão (que virará resenha aqui dia 31 de outubro, mas é claro).

Minha lista pessoal de filmes mais impagáveis que assisti no Cine Trash:

1. O Cérebro: Gente, um cérebro sem corpo detonando, querendo dominar o mundo. Faltava só o Pink.
2. Abominável criatura. Muito ruim. É inspirado num conto do Lovecraft, que eu leio desde os 16 anos. Você, querido leitor, que ainda não leu Lovecraft, saiba que o homem era diabolicamente genial. E a linguagem? Ah a linguagem dos livros de Lovecraft... para ler à luz de velas. Mas então, quando assisti pensei: isso daí é inspirado no Inominável? E ri, né? Ri muito, o filme todo. O filme não é trash de propósito. Mas é muito trash.
3. Demônio do espaço. Gente, é bizarro demais. Tem um macaco gigante, gente pelada demais, um fanático religioso, sacrifícios humanos, zumbis, demônios, alienígenas. 
4. Grotesque. O nome já diz tudo, é grotesco mesmo. Não é péssimo, mas é uma tosqueira. Li em alguns fóruns o povo falando bem, mas é por causa da Linda Blair. Preconceito com os punks, tadinhos.
5. Bonecos da morte. Muito muito ruim, ou seja, muito muito bom rs.

Mas passava uns filmes bons no meio da tranqueirada, tipo os próprios Halloweens, Damien, Olhos Famintos, e vai lá, A Noite dos mortos vivos.

Boo.


terça-feira, 21 de outubro de 2014

Mês do Terror - O Segredo da Cabana



Um grupo de jovens parte para um fim de semana com bebidas, drogas e sexo numa cabana no meio do mato, no meio do nada. De repente despertam um mal antigo que vai matar cada um deles.

O Segredo da Cabana começa como todo clichê de terror e, óbvio, com os esteriótipos do Hight School americano: o atleta, o estudioso, o retardado engraçadinho, a quenga e a virgem. Tudo clichê. Ah, no caminho para a cabana passam pelo óbvio posto de gasolina abandonado, com um velho bizarro que os avisa sobre o terror que os aguarda, e por fim, encontram alguns objetos estranhos no porão da cabana. A virgem encontra um diário e começa a ler. Após citar umas palavras em latim, ela acaba despertando uma família de zumbis. O que é isso tudo lembra mesmo? Nosso filminho clássico tosco (ou tosco clássico) Evil Dead ou Uma Noite Alucinante, não é? Pois é!

Dirigido pelo estreante Drew Goddard, O Segredo da cabana nos mostra que tudo o que acontece nos filmes de terror tem um propósito. O filme começa em uma espécie de complexo governamental, uma organização ou algo que o valha. Todos envolvidos para algo que acontece todo o ano, o sacrifício dos cinco jovens para satisfação dos deuses antigos, para que eles não destruam o nosso mundo. Para tanto, são escolhidos os 5 jovens, metodicamente, e levados a tomar certos posicionamentos através de indução, drogas e ambiente montado para a tal, a cabana no meio do mato. Daí viria a explicação do porquê essa galera praticamente só fazer burrice quando está no meio do mato no meio do nada. O que dá errado? Começa que pegaram os esteriótipos errados, ou seja, o negócio não foi tão metódico assim. Adendo: aliás, dá para reparar num certo tédio e falta de atenção no serviço por parte da organização que cuida dos sacrifícios, como qualquer boa repartição pública. Por exemplo, o atleta não é burro, na verdade está na pós-graduação. O estudioso (erudito) só tem do tipo os óculos, a quenga é virgem e o tolo é o mais esperto de todos, mesmo.

O filme é muito muito bom, original e surpreendente, uma espécie de homenagem muito bem sacada a todos as histórias e filmes de terror. Conversando diretamente com o público fã do gênero o filme cria todo um simbolismo cheio de referências, numa homenagem ao Evil Dead de Raimi, só que, o superando. Personagens bem elaborados, alguns com apenas poucos momentos, como Sugarplum Fairy (Fada de Açúcar) ou a Bailarina do mal, cujo rosto é uma espiral de dentes, concebida exclusivamente para o filme. E eu qeria um filme só dela, mas tudo bem.

 Em resumo, os criadores de O Segredo da cabana subverteram o subgênero e estão de parabéns. E a Sigourney Weaver naquele desfecho dantesco, gente? Nossa eterna Ripley ♥.

Curiosodade para vossas mercês, a lista de criaturas que aparecem no filme: ocotoplanta monstruosa, monstro do pântano, kraken, a bolha, aliens, monstros mutantes, palhaço assassino, bailarina demoníaca (♥), fantasma, bruxa, demônio, cenobite, árvore molestadora, cobra gigante, múmia, noiva demoníaca, espantalho do mal, morcego vampiro demoníaco, dragão, vampiro Nosferatu, reanimator, unicórnio (risos), índio canibal, médicos nazis demoníacos, gigante, gêmeas malignas d'O Iluminado, robô assassino, aranha gigante, gorila demônio, tritão demoníaco, goblins, Samara ou Sadako, lobisomens, bonecos assassinos, zumbis e o subgênero mais temido, o zumbi redneck ou whitetrash

Boo.

segunda-feira, 20 de outubro de 2014

Mês do Terror - Uma Noite Alucinante



Uma Noite Alucianante, título em português para Evil Dead, filme de 1981. A opinião acerca desses filmes é bastante distinta. Uns amam, outros odeiam e eu não sei o que sentir. Sinto medo, serve? Sim gente, eu sou medrosa pra caramba. E mesmo assim, gosto de filme de terror e subgêneros, um certo gosto por adrenalina. Há quem curta uma roda gigante, eu gosto do Freddy Krueger. Pois então. Não sou a maior fã do mundo dessa série de filmes, especialmente do primeiro filme, que é uma coisa assim, tosca, mal executada, um lixo digno de uma seção do Cine Trash do Zé do Caixão (teremos postagem sobre, viu?). Mesmo assim, é um lixo assistível, tem a coisa do humor negro, é divertido. E sim, dá medo em toda a sua tosqueira.

E eu espero que nenhum grande fã da série venha aqui nervosinho brigar comigo coisa e tal, porque eu até gosto do filme, mas né, sejamos francos em relação a sua qualidade: é uma porcaria. Mas é um clássico do gênero.

Como assim, Tia Elizabete?

Vamos lá, não é um filme que teste o intelecto de ninguém. E existe filme de terror que faça isso? Sim, os filmes do Lynch (que entrarão em nossa seleta listinha com honras lá para o final do mês *_*). Mas voltando, não precisa ser letrado nem versado em nada pra entender Uma Noite Alucinante, porque simplesmente não há nada para ser entendido. O filme é tosco, é cru, é brutal, o tal do gore, né? E acabou. Não espere grandes, tampouco pequenas, questões existenciais permeando a trama. A temática é fraca e tecnicamente o filme é falho, muito falho: o roteiro é esburacado, os atores são ridículos, os personagens soam meio imbecis.

A historinha: um grupo de amigos aluga uma cabana no meio do nada para descansar durante um tempo. Ao entrar no local encontram um livro que desperta uma entidade maligna. Adendo: o livro é o Necronomicon, que nada mais é do que o livro do Lovecraft que leigos julgam ser uma espécie de grimoire cheio das magias ancestrais.

Eu assisti os três filmes antigos da série quando era adolescente, na década de 90. Lembro como hoje que achei muito bizarro o fato de que o filme 2 parecia uma refilmagem com acréscimos do filme 1. E que o filme 2 soava muito melhor, apesar de também ser tosco e problemático. E mais assustador (a cena da bailarina sem cabeça me perturba até hoje), E mais engraçado (a cena da mão, minha gente). Daí eu cresci, reassisti os filmes, inclusive o péssimo filme 3 (é ruim, é RUIM) é conclui que o meu eu adolescente estava certíssimo, Evil Dead 2 é uma refilmagem do 1 e não adianta o Sam Raimi (diretor do filme) dizer que não, é e pronto. Basta assistir e ter ao menos meia dúzia de neurônios funcionando para perceber que se trata de uma refilmagem.

Mas voltando à cabana no meio do nada, num momento da história, certa personagem sai no tal meio  do mato, no meio do nada e de noite, de camisolinha, procurando por algo que a espreitava pela janela do quarto. Ela ainda chama o cramulhão, ou seja. Hoje isso soa como um clichê idiota que todo  filme de adolescentes no meio do mato tem, não é? Pois é minha gente, é de Evil Dead que todos os filmes clichês copiam herdaram essa premissa, um dos motivos que faz o filme ser um clássico.

E o remake recente? Eu assisti no começo do ano. Não tem  humor negro dos filmes originais, os efeitos são melhores, alteraram um pouco (um montão) a história na ordem dos personagens. O filme é pavoroso, mas eu prefiro as versões antigas com toda a sua tosqueira.

Boo.

Imagem do dia - Hitch


domingo, 19 de outubro de 2014

Mês do Terror - O Exorcista



Um dos filmes de terror da minha vida, que marcou época e me traumatizou até a minha fase adulta. Sério. E se você acha que isso só aconteceu comigo, saiba que você esta enganado, queridinho, porque O Exorcista mexeu com o juízo de algumas gerações através das décadas.

O Exorcista é um films clássico de terror, de 1973 dirigido por William Friedkin. O filme foi indicado a diversos prêmios da academia, vulgo Oscar. Foi o primeiro filme de terror a ser indicado para a categoria principal. A atmosfera sombria, densa, o desespero das personagens e o crescente horror que se estende a todos que convivem com a menina possuída são detalhes que o tornam atemporal.

Inspirado no livro homônimo de William Peter Blatty (que também escreveu o roteiro do filme), o que temos certeza no filme, que a garota está possuida por uma entidade demoníaca, não temos no livro. Em cada página a origem da possessão de Regan (no filme vivida por Linda Blair) e sua veracidade são dúvidas mediadas pela figura do Padre Karras. É uma guerra além do manequeismo bem contra o mal, antes disso, a ciência contra a religião, o conhecimento e a fé.

Se a função do cinema é fazer a platéia vivenciar experiências pelas quais nunca passaria, pelo menos não em situações normais, O Exorcista excede qualquer expectativa. Medo, esperança, horror, alívio, passamos por todo uma Babel de sentimentos e emoções, que esquecemos de pensar com lógica e apenas somos levados pela experiência do que acontece no quarto de Regan. Na verdade O Exorcista é uma experiência.

Boo.


Domingo rolê de vassoura - Coraline




sábado, 18 de outubro de 2014

Mês do Terror - Poltergeist



"They're here!"

Uma típica família feliz do subúrbio, os Freeling, formam um lindo casal com três filhos, a base da família americana. Depois de um tempo, algumas coisas estranhas começam a acontecer, objetos que se movem, cadeiras que se movimentam sozinhas etcetera coisa e tal. Ah, a filhinha mais nova, Carol Anne, começa a se comunicar com "pessoas" da TV. A mãe, que passa mais tempo em casa, acha que ela está falando dos programas e seriados. Depois ela percebe que não, porque também presencia os fenômenos da casa e fica empolgada com as atividades sobrenaturais que acontecem em sua casa, porque ela é completamente maluca, mas tudo bem. Mas essa empolgação toda dura pouco, porque né. As manifestações começam a ficar violentas, a piscina toma vida, a árvore (pavorosa) tenta engolir pessoas e a menina acaba se juntando às "pessoas" da TV em alguma outra dimensão. Agora, eles terão que contar com a ajuda de peritos no sobrenatural para terem suas vidas e a filha de volta. 

Lançado em 1982, Poltergeist é uma produção e roteiro de Steven Spielberg, que no mesmo ano dirigiu E.T. O extraterrestre. Como estava preso por contrato com o filme do ET simpático, não poderia ter seu nome associado à direção de outro filme e por isso usou o nome de Tobe Hooper (Massacre da serra elétrica). 

Na época de seu lançamento, o filme contava com o que havia de melhor em efeitos especiais que impressionavam muito a platéia, eu, por exemplo, morri de medo por anos daquela árvore do capeta, cruzes. Hoje, os efeitos estão bem datados e não impressionam, mas o filme Poltergeist é muito mais do que efeitos especiais. 

Curiosidades: tragédias acompanharam a história de Poltergeist; a atriz que interpreta a filha mais velha, Dominique Dunne, foi estrangulada pelo namorado e teve morte cerebral no mesmo ano do lançamento do filme; Heather O'Rourke, que interpreta a mais nova, morreu de parada cardíaca com apenas 12 anos no mesmo ano em que seria lançada a continuação de Poltergeist; dizem que ela estava doente durante toda a produção no ano anterior mas nunca reclamou; a fala do filme, "They're here!" foi eleita como a 69ª de uma lista de 100 das melhores falas da história do cinema.

Sempre que penso em Poltergeist algumas reflexões me ocorrem. Nos anos 1980 o mundo presenciava o boom dos vídeos cassetes e as saudosas vídeo locadoras. O vhs era então um lançamento relativamente recente, fora lançado em 1976 pela JVC, em resposta ao criado pela Sony um 1975. Em outros países, como o Brasil, só viria a se popularizar em meados da década de '80. A televisão passou a fazer parte de um número maior de classes e se popularizou a ponto de tornar as pessoas dependentes de seus programas (tipo euzinha), o que acontece hoje em dia com a internet. Não é à toa que em Poltergeist, Carol Anne (a garotinha) é tragada para dentro do aparelho e se comunica através dele, por ironia, durante a estática, quando a tv está “fora do ar”, o que reforça a ideia de interferência e desestabilização da família. A cena mais emblemática nesse sentido, a cena final, quando o pai da família atira a tv para fora do quarto.Poltergeist é um clássico.

Boo.

sexta-feira, 17 de outubro de 2014

Mês do Terror - A Bruxa de Blair



Todo mundo já assistiu ou ouviu falar do filme A Bruxa de Blair, não é? Pois é. Mas talvez nem todos saibam que a história  que inspirou o filme é uma espécie de lenda urbana americana, do tempo das 13 colônias, e que tem versões em diferentes pontos do país, como Blair que é no Sul. Blair, a cidade (hoje Burkittsville) e a floresta, existem, e, a tal Bruxa de Blair também existiu. Na verdade era uma senhorinha com hábitos pagãos do culto à natureza: chás, infusões, celebrações das estações, dançar pelada ao luar, essas cousas. O povo da época, puritanos malucos (aquele povo que se vestia de preto, cujas fotos são ótimos artigos de decoração para o Halloween)  não se sentiam muito bem com a existência de tal insólita senhorinha e pah, mataram a véia. Ao que parece, porque ela sumiu e a floresta começou a tretar, que na verdade (ou não) foi uma espécie de histeria coletiva por dor na consciência.

Vocês ainda estão aí? Eba.

O filme causou tamanho rebuliço que existem lendas sobre as lendas sobre o filme, desde documentários falsos feitos pelos próprios produtores, até a reação da cidade que criou um site para desmentir todas as lendas contadas por gerações, porque a cidade virou atração para os filhos da Nova Era, Wiccas e afins.

O filme: três estudantes de cinema embrenham-se nas matas do estado de Maryland para fazer um documentário sobre a lenda da bruxa de Blair e desaparecem misteriosamente. Um ano depois, uma sacola cheia de rolos de filmes e fitas de vídeo é encontrada na mata. As imagens registradas pelo trio dão algumas pistas sobre seu destino : a Bruxa de Blair comeu os fígados deles com cebolinhas e ervas locais, nhoin.

Um dos maiores êxitos do filme foi justamente a forma como se gravou, com uma câmera simples, dando ao público a imagem de que aquilo é uma produção amadora que realmente fora filmada pelos estudantes. A sensação de realismo é incrível. Outro grande ponto do filme são os atores. Desconhecidos até então, Heather Donahue, Michael Williams e Joshua Leonard são os principais atrativos do filme, junto com a edição e o próprio enredo. As cenas de Heather durante a noite na floresta, o medo, o desalento que descamba para o desespero dão o ar aterrorizante.

Curiosidades: os atores receberam aulas para aprender a manusear câmeras; foram levados para ficar oito dias na floresta, privados de sono e alimento com apenas uma bússola, e sem saber mesmo onde estavam; a produção se mantinha camuflada e escondida no meio da floresta; Joshua Leonard caiu colina abaixo rodando e quebrou as lentes da câmera 16 mm durante a gravação; A Bruxa de Blair custou 35.000 dólares e teve um ganho de 250 milhões de dólares nos cinemas do mundo inteiro; a inspiração para o filme veio do documentário “Häxan” de Benjamin Christensen; Os atores terminaram a gravação suplicando por comida e abrigo, estavam inclusive machucados por causa dos galhos e armadilhas naturais do bosque; aos atores foi entregue um esboço de apenas 35 páginas sobre a trama antes de começarem a gravar. Todas as frases eram improvisadas e quase nenhum evento do filme era conhecido de antemão por eles; Eduardo e Daniel (diretores) surpreendiam os atores, dando-lhes sustos pela manhã e também trabalhavam durante a noite para assustá-los de verdade; o Departamento de Recursos Naturais do estado americano de Maryland tomou a decisão de salvar a casa em que foi gravada a cena final de A Bruxa de Blair; a casa seria derrubada, pois se encontra em estado de abandono e possui 200 anos. 

  Boo.

quinta-feira, 16 de outubro de 2014

O Mês do Terror - Fenômenos Paranormais



A primeira vez que assisti Fenômenos Paranormais foi em algum momento entre 2012 e 2013, não recordo bem, mas lembro da sensação de assistir a mais um found footage, com a certeza de que seria uma completa decepção, como são 99% dos filmes do gênero e, de me surpreender em calafrios. Para uma fã de terror, é muito bom quando isso acontece. Reassisti este ano com meus filhos, minha filha Vivi ficou tão assustada que passou algumas noites me acordando para conversar, com medo de acordar e nosso apartamento ter virado outra dimensão doentia e sinistra.

A historinha fuefa #spq: Lance Preston e sua equipe do programa Grave Encounters (o nome do fime em inglês), um reality show caça-fantasmas, está filmando um episódio no interior de um hospital psiquiátrico abandonado, onde fenômenos inexplicáveis têm sido relatados ao longo dos anos. Em nome do entretenimento de qualidade, eles voluntariamente se trancam dentro do prédio durante a noite para iniciar a investigação paranormal, registrando tudo em câmeras. Eles rapidamente percebem que o edifício é mais do que apenas assombrado, ele está vivo, mais ou menos como Rose Red de Stephen King. E olha, esse tipo de história, sobre lugares assombrados, tão assombrados que adoecem quem nele está, são de lascar. Li que um monte de gente não entendeu muito bem que é sobre isso que o filme fala, que, quando um lugar está assombrado é que ele está doente (de novo, mestre Stephen King). Ou entendeu e não gostou por isso mesmo.

No começo temos cenas tensas, sustinhos, daí as coisas começam a dar muito errado, depois que um dos membros da equipe some. As horas passam, mas a noite nunca acaba e a comida deles estraga como se eles estivessem ali há meses. E daí a gente percebe que eles não estão mais na dimensão dos vivos ou nesse plano que nós julgamos conhecer. E obviamente o pânico e o histerismo tomam conta de todos, que se apegam com o que podem, como a câmera, por exemplo. Um dos argumentos mais falhos das críticas contra o estilo found footage é essa, do porquê as criaturas não largarem as câmeras. Bem, no cao de Fenômenos Paranormais temos o singelo detalhe de que a única luz que sobra é justamente a da câmera e, lá para o final, nosso querido Preston não larga a câmera pelo mesmo motivo que fez a última vítima do Buffalo Bill (Silêncio dos Inocentes) não soltar o cachorrinho: pânico. A coisa de você se agarrar ao último laço com o mundo que conhece, com a sanidade. Gostaram da explicação em diagrama?

Boo.

quarta-feira, 15 de outubro de 2014

Mês do Terror - REC



REC, filme ganhador de alguns prêmios do gênero terror, foi uma inovação e me chegou quando já conhecia algo sobre os filmes de terror espanhois, como contei aqui. Trouxe de volta o found footage, o famoso ''filmagens encontradas'', subgênero já utilizado em Holocausto Canibal e A Bruxa de Blair.

O filme mostra a repórter Ângela Vidal (Manuela Velasco) e seu câmera Pablo (Pablo Rosso) numa noite de filmagens monótona em um quartel de bombeiros (o nome do programa é ''Enquanto você dorme''), para mostrar a rotina deles. Essa parte do filme, como de costume para o gênero found foootage, tudo é calmo, comum e esperado. Até que os bombeiros são chamados para uma emergência. Como Ângela e Pablo querem mostrar tudo o que acontece na rotina desses bombeiros, eles vão também, daí né? Pois é. Chegando lá descobrem que a emergência se trata de uma mulher num possível surto psicótico. Só que não é um surto psicótico, é o diacho de uma possessão demoníaca in vitro. Sim, eu contei o final, nhoin.

A protagonista Ângela Vidal é um destaque a parte, desde em que ainda consegue manter o controle, até quando a história desce ladeira abaixo (para o inferno. literalmente) gritando palavrões em espanhol, tipo que cojones e coisas do gênero que, em outro contexto nos faria rir, mas que no ambiente tenso e terrível de REC realmente apura o clima de terror.

Os últimos quinze minutos de filme são os melhores, com um nível de suspense sufocante, porque se descobre a coisa da possessão demoníaca in vitro que citei no começo da postagem. Tudo seria fruto das experiências pancada de um padre cientista que estaria isolando o "vírus" da possessão demoníaca, para criar uma cura, porque o Vaticano achou a ideia bacana. Mas né, dá tudo errado, a cura não funciona e a possessão demoníaca começa a ser transmitida como a raiva. Lindo.

Curiosidades: foi rodado em locações verídicas, sem que fosse necessária a construção de quaisquer sets de filmagens; durante as filmagens da cena em que um jovem bombeiro cai da escada nenhum ator sabia o que estava realmente acontecendo, o que fez com que as reações gravadas fossem as dos próprios atores naquele instante.

Boo.

terça-feira, 14 de outubro de 2014

O Mês do Terror - Alien- O Oitavo Passageiro



"In space no one can hear you scream"

 Para começar eu quero dizer que tenho muito, muito medo desse filme. Eu tenho pavor, gente!

Filme de 1979 de Ridley Scott, responsável por fazer algumas muitas pessoas não conseguirem dormir à noite, aterrorizadas por aquele alienígena sem nome, apenas Alien, que mal aparece durante o filme,  mas que cria tamanha tensão que deixaria o ar denso ao ponto de paralisar os pulmões.

Uma das coisas que mais impressiona em Alien, o filme é magnífico em termos plásticos e sem utilizar computação gráfica que, nem existia à época. O filme está preocupado com o que não se mostra, completamente diferente dos filmes do gênero. Em cortes sucessivos com câmera em meia altura, o ambiente é envelhecido e nos dá a exata sensação de que estamos diante de uma nave antiga, há muito utilizada. E mal se vê gente enquanto a nave é o personagem, enquanto todos hibernam. A decadência do ambiente e o uso parcimonioso da trilha sonora ajuda a criar aquela inquietação de que algo vai acontecer e a natureza desse algo, ninguém sabe. Até o cérebro da nave, Mother, receber uma mensagem alienígena, vinda de asteróide que deve ser investigado e daí, todos sabemos o que acontece: um dos tripulantes é infectado, vira hospedeiro do monstrinho que vira um monstrão furtivo que, um a um, pega todos os tripulantes, com exceção de nossa valente Ripley.

O roteiro é simples, mas a maneira como ele é executado é impressionantemente genial. Destaque mais do que especial ao criador do mundo alternativo de Alien, o artista H.G. Ginger, inspirado no seu Necromom IV. Tudo meio orgânico, meio tecnológico, duma sensualidade doentia em suas formas com alusões sexuais, inclusive nos orifícios e falos, um sadomosoquismo nas entrelinhas. Se avaliarmos que a vítima sofre uma espécie de estupro alienígena e, independente do sexo, homem ou mulher, ao final, irá gerar e parir uma criatura parasita cujo sangue é ácido, Alien sai do campo da ficção-cientifica e escancara as entranhas do que é horror de verdade.

Boo.

segunda-feira, 13 de outubro de 2014

Mês do Terror - Hellraiser



Hellraiser, a obra-prima do escritor inglês Clive Barker, deu origem à série de filmes homônimos, sendo que o primeiro em português ficou Hellraiser-Renascido do Inferno e, apesar da tosqueira, é um clássico do terror.

Larry (Andrew Robinson) e Julia (Clare Higgins) mudam-se para a antiga casa da família. Lá, descobrem uma horrível criatura, que na verdade é Frank (Sean Chapman), meio-irmão de Larry e antigo amante de Julia. O Frank é um escroto, uma criatura depravada e pervertida que perdeu o corpo físico para criaturas que atendem pela a alcunha de Cenobites, cujo  líder é o Pinhead (Doug Bradley). O filme não explica, mas como li os livros e sou fã de Barker eu explico: os Cenobites são súditos de Leviatã, que é uma recunstrução barkeriana dessa entidade. É o Cthulu dele. Cenobites, basicamente, se ocupam em passar a eternidade torturando corpos e almas em busca do prazer mais profundo, que só viria através da dor. Muita dor. Dor pra caramba. A ligação desse mundo horroroso com o nosso se faz através de um cubo enigmático que deve ser resolvido para abrir uma certa dimensão. É o cubo mágico da desgraça. Quando a pessoa se diverte sendo torturada ao estilo Jogos mortais, ela vira um Cenobite. Sado masoquismo do capeta, sabe como? Pois é, ainda bem que a gente não sabe.

Voltando, Larry tem uma filha, Kirsty (Ashley Laurence), que tem alucinações com criaturas terríveis e poças de sangue (Cenobites, nossos amiguinhos). Então, um acidente faz o sangue de Larry cair no chão do sótão, o que faz com que ocorra a ressurreição de Frank, uma das cenas mais toscas já produzidas pelo cinema, mas tudo bem. Porém, o corpo dele está só a guimba do cigarro do malandro. O meio-Frank procura a ajuda de sua antiga amante, Julia (vulgo vadia das trevas), para ter novamente a forma humana. Ainda secretamente apaixonada por Frank, Julia o ajuda seduzindo homens da cidade e levando-os até a casa, para que o seu renascido amante possa beber o sangue e assim recuperar seu aspecto humano. Adendo: mas em momento algum se explica como que ele sabe disso tudo, etcetera coisa e tal.

 Tentando melhorar sua relação com Julia, Kirsty, que nunca se sentiu a vontade com a madrasta, vai até a casa para conversar com ela. Quando está chegando, vê Julia com desconhecido, que na verdade é a próxima vítima e não o que Kirsty pensa. Ao entrar na casa, Kirsty fica diante do estranho, que está coberto de sangue, e pede por socorro. Aterrorizada, ela se depara com o ainda incompleto Frank, que se identifica e aí é treta. Apavorada, Kirsty pega por acaso o cubo e sente que ele é importante para Frank, então o atira pela janela, o que deixa Frank em pânico. Ao fugir ela pega o cubo e anda pelas ruas desnorteada, por motivos óbvios. Só sei que a pobre Kirsty vai parar num pinel (manicômio) e lá os Cenobites querem brincar com ela.

No final dá tudo certo, até o filme 2 em que a Kirsty é levada para o mundo de Leviatã, nhoin.

Não sei se vocês repararam, mas eu super me amarro nesses filmes.

Boo.




Imagem do dia - Horror Movies!


domingo, 12 de outubro de 2014

Mês do Terror - It (A Coisa)



Em homenagem ao dia 12 de outubro, dia dos erês aqui na terra brasilis, falaremos sobre um clássico para criancinhas incautas, It (A Coisa) de Stephen King. O livro foi recentemente relançado e já esgotou. Eu ainda não comprei e aceito de presente de dia das crianças atrasado, viu leitores, editora coisa e tal? Obrigadinha.

Como já assisti o filme (que é uma versão muito boa para a televisão, que foi apresentada à época em dois episódios, no dia 30 e 31 de outubro) e li o livro, posso lhes afirmar que ambos são assustadores quase na mesma medida. Na minha experiência particular com o livro, relíquia de um amigo, lendo em períodos noturnos, acompanhada por velas (não era charme, era pobreza mesmo) e café, eu confesso que fiquei com muito muito medo.

E a história? Derry é uma cidade do Maine, onde crianças foram assassinadas por algo que todos chamam de A Coisa: um ser sobrenatural e assustador que não se sabe ao certo o que é, porque assume a forma que mais lhe assusta.  Super legal. Nessa cidade havia sete crianças pertencentes ao Clube dos Perdedores, cujo principal objetivo era ouvir indie Belle & Sebastien caçar e destruir A Coisa, antes que ela os destruísse ou algo que o valha.  Muita treta depois, eles pensavam que tudo havia ficado no passado e seguiram seus caminhos. Lego engano. Anos se passaram, as crianças são adultos que se reencontram com a notícia de que A Coisa voltou a atormentar Derry e eles precisam por um fim nisso.

Tenham medo.



Boo.

Domingo rolé de vassoura - Addams

sábado, 11 de outubro de 2014

Mês do Terror - Carnivàle



Não poderia continuar as postagens sobre filmes e séries de terror sem citar com menção honrosa Carnivàle, possivelmente a melhor série do gênero já criada para a televisão.

Carnivàle foi uma série norte-americana que teve apenas duas temporadas, infelizmente. Ou felizmente, quem sabe, teriam perdido a mão. Mesmo assim, teve seu fim prematuramente decretado em 2005, porque né, não combinou com o gosto do público em geral, não tinha audiência necessária e daí não dá. Também não tinha gente famosa, não tinha gente bonitinha, etcetera coisa e tal. Em resumo, não era a fórmula convencional para uma série de tv, mesmo que fosse HBO. 

Mas acontece que após o seu lançamento em DVD a coisa meio que mudou e a série foi descoberta pelos geeks (oi), adquiriu notoriedade e vejam só, virou cult, e merecido. Carnivàle é original, é diferente em tudo, desde o roteiro ao figurino. Um freakshow circo com parque de diversões itinerante rodeado de mistérios, que percorre os territórios desertos dos Estados Unidos, durante a grande depressão de 1934. Narra simultaneamente as histórias de um fugitivo prisioneiro com poderes milagrosos (Nick Stahl) que se junta ao circo, e a de um reverendo metodista poderoso e manipulador, na ótima interpretação do ator Clancy Brown. 

Pouco a pouco, o mistério de cada personagem se desenrola e os fatos levam em direção a um grande conflito entre o bem e o mal, só que nada óbvio coisa e tal. Carnivàle é linda e terrível.

Boo.

sexta-feira, 10 de outubro de 2014

O Mês do Terror - O Iluminado



“Only work and no play makes Jack a dull boy” 

Recentemente assisti Room 237, documentário, dirigido por Rodney Ascher e lançado em 2012, que revela algumas teorias implícitas e mensagens subliminares presentes na versão para o cinema de O Iluminado, versão essa do nosso querido Stanley Kubrick. O livro a gente sabe que é Stephen King que por sinal, odiava Stanley Kubrick.

Adendo: prometi  falar algo sobre a pinimba entre Kubrick e King. Cumprirei em breve.

 O filme deixa claro que, mesmo após tantos estudos, provavelmente ainda há mais mensagens que não foram descobertas pelos estudiosos da obra. E olha que o filme foi super dissecado. Inclusive foi visto por gente maluca por Kubrick, de todas as formas possíveis: de trás para frente e sobreposto ao original. E eu acho isso tudo muito interessante, mas, ao mesmo tempo, aborrecido, porque né, Kubrick modificou consideravelmente a história em relação ao romance original. O labirinto, por exemplo, sequer existe no livro e seria uma referência ao mito do Minotauro, que super faz sentido, mas é uma avacalhação com o autor. Duchamp adoraria.

O certo é que o filme traz muitas referências da mitologia do universo kubrikiano, mas o que mais me chama a atenção é a tensão entre o delírio e o fantasmagórico: em que lugar os personagens se encontram, sabe como? Se na versão literária de O Iluminado temos uma construção psicológica que direciona a narrativa para os acontecimentos que se passam no Overlook, o filme de Kubrick, ao contrário, não nos conta nada. E de propósito. 

Na amplitude lúgubre colorida do hotel, a sensação de insegurança nos faz descartar todo o background da família Torrance, para centrar a constructo imagético no Overlock. Prédios são elementos utilizados por ele para criar uma atmosfera de dúvida, deixar o espectador com a sensação perene de que algo não está certo. Um dos aspectos decisivos para o sucesso visual do filme foi o uso ostensivo da steadicam, técnica de filmagem que havia acabado de ser criada. Com a câmera móvel, acompanhando as andanças dos personagens pelo hotel, Kubrick, ao contrário da estética clássica do terror, que sempre optou por esconder o ponto de ação, o diretor deixa sempre o cenário muito amplo e visível, o que coloca o espectador dentro da cena. Os passeios de velotrol de Danny pelos corredores do hotel, estamos sempre no ângulo de visão do pobre Dany, sob a imensidão quase opressora do prédio, a cada curva um novo corredor, a expectativa de encontrar algo ou ser encontrado pelo Overlook.

Ápice da loucura em palavras repetidas, Jack pretende terminar seu livro durante seu período como zelador. Esse trabalho literário de Jack aparece no livro, mas não tem tanto destaque como no filme de Kubrick, que utiliza a frase “Only work and no play makes Jack a dull boy” repetidas vezes ao longo dos originais para dar forma a uma das cenas mais perturbadoras do filme, o momento em que a loucura do protagonista se torna insuperável. 

Boo.


quinta-feira, 9 de outubro de 2014

Mês do Terror - A Hora do Pesadelo



One, two, Freddy's coming for you! 
Three, four, better lock your door! 
Five, six, grab your crucifix! 
Seven, eight, better stay up late! 
Nine, ten, you'll never sleep again! 


Um dos clássicos de terror da minha infância e da infância de todo mundo, A Hora do Pesadelo com Titio Freddy Krueger, sim eu tenho problemas.

A premissa do filme, um grupo de adolescentes tem pesadelos horríveis, onde são atacados por um homem deformado com garras de aço. Ele apenas aparece durante o sono e, para escapar, é preciso acordar. Os crimes ocorrem seguidamente, até que se descobre que o ser misterioso é na verdade Freddy Krueger (Robert Englund), um homem que molestou crianças na rua Elm e que foi queimado vivo pela vizinhança. Que meigo.

O primeiro filme é um clássico, um dos melhores da série, mas o melhor mesmo é o filme 5 (aquele do Freddy cobra rs). O tempo passou e, com ele, A Hora do Pesadelo (1984) foi ganhando um ar de clássico do terror. E algo não dá pra discutir, Wes Craven criou personagens muito interessantes, a começar pelo grande vilão, Freddy Krueger, que aparece nos sonhos, justamente algo que remete à tranquilidade. Sonho como possibilidade de viagem e alucinações, das associações que o racional não permitiria. Craven subverteu tudo isso e transformou o sonho em pesadelo. Fora que Craven criou praticamente todo o mote para os filmes de terror dos últimos trinta anos e isso não é pouco.

Vocês sabiam que Wes Craven tinha se inspirado meio que na vida real para criar A Hora do Pesadelo? Pois então, a inspiração meio que começou quando leu determinados episódios relatados num jornal de Los Angeles, contando que cambojanos tinham pesadelos após fugir do país. Wes deu a ideia, mas ninguém deu importância. Um dia ele teve convulsões a noite após a explosão de adrenalina por exposição contínua a filmes de terror. Vixi. Daí ele pensou, olha que legal, vou fazer um filme em que todo mundo morre enquanto dorme, que sinistrão, um assassino de criancinhas torcedor do Flamengo. E deu certo.

Boo.


quarta-feira, 8 de outubro de 2014

Mês do terror - O Grito (Ju-on)



O Grito (versão original) sempre me deu muito mais medo do que Ringu. Medo, pavor de Toshio, o gato endiabrado e sua mamãe do pescoço quebrado. Cruzes.

Mas vamos lá, O Grito ou Ju-on (呪怨) é uma série de filmes japoneses de terror, dirigidos por Takashi Shimizu. Eles falam sobre uma maldição folclórica japonesa, que quando uma pessoa morre num momento de extremo ódio, uma maldição nasce, tomando a forma das vítimas e habitando o local da morte, assombrando e matando qualquer um que entre em contato com ela. Fofo, né? Pois é.

Já tivemos curta-metragens, daí os filmes para tv, a versão para o cinema versão japonesa e americana mesclada (com atores japonese se americanos). E todos são assustadores, sendo que o japonês é ainda pior.

Boo.

Imagem: Ju-on 2.

terça-feira, 7 de outubro de 2014

Mês do terror - A casa da árvore dos horrores



Como boa fã de The Simpsons que sou, todo ano, na época do Halloween, espero o novo episódio de A Casa da Árvore dos Horrores. É uma tradição, gente, e todo ano a equipe criativa nos surpreende.
O certo é que The Simpsons educaram o humor (negro) de muita gente, formou opinião, e o mais legal, apresentou alguns dos grandes clássicos da literatura e do cinema de forma completamente despretensiosa. 

Algumas curiosidades.

O Episódio de origem, ou seja, o primeiro especial de Halloween, Casa da Árvore a origem, a ideia era fazer um especial de Halloween inspirado em quadrinhos de terror da década de 1950. Todo ano, desde a segunda temporada, o autor elabora episódios especiais para a data. E todo ano tem coisa nova, tipo: que personagem de Simpsons deixará o show (ou morrerá definitivamente, tipo o médico carniceiro); O nome. Inicialmente era No Dia das Bruxas, mas passaram a ser conhecidos como A Casa da Árvore dos Horrores, porque no primeiro especial de Halloween, Bart, Lisa e Maggie contam histórias de terror (com exceção da Maggie, né?), isso tudo na famosa casa da árvore de Bart; Homer vez ou outra morre. Mas fico mais chocada quando matam o Bart; Marge, em uma paródia do filme de Frankenstein (1931), alerta os telespectadores sobre o conteúdo violento do programa, daquele jeito bem reaça da Marge. Eu gosto da Marge, mas ela é uma reaça. Ela explica que o episódio poderá causar pesadelos nas crianças e sugere que os pais “ponham seus filhos para dormir mais cedo, ao invés de mandar cartas iradas para a emissora no dia seguinte”; Os episódios sempre se inspiram em clássicos do horror e já contaram com paródias de filmes como O Iluminado (1980) e Poltergeist (1982). Houve até mesmo uma interpretação do poema clássico de Edgar Allan Poe, O Corvo, pela família Simpson, um dos mais famosos. 

No episodio da temporada XXIV a participação ilustre na Casa da Árvore dos Horrores foi do diretor Guillermo del Toro. A abertura feita por Del Toro conta com mais de 30 referências a séries (como Game of Thrones), filmes, escritores e obras clássicas do terror, inclusive do próprio Del Toro.






Boo.

segunda-feira, 6 de outubro de 2014

Mês do Terror - Espinha do Diabo



 O primeiro filme que me fez conhecer (e temer) o terror espanhol. Saído das mãos de Guillermo del Toro e Almodóvar não poderia decepcionar.

Anos 30, Guerra civil espanhola. Uma bomba cai, sem explodir, na praça de um orfanato isolado. Nesse mesmo dia, o menino Carlos passa a ser o mais novo interno da instituição, que fica no meio do nada. Abandonado por seu tutor, ele vai aos poucos conhecendo os internos da casa, entre os quais Jaime, o valentão que exerce sua influência sobre todos os outros. Como todos os novatos, Carlos terá que passar por algumas provações para ser aceito. Os adultos que coordenam o orfanato também não parecem nada confiáveis. Entre a diretora Carmen, o professor Casares, o porteiro Jacinto e a jovem Conchita existem relações de dependência, que vão do sexo à inveja. E todos guardam o mesmo segredo: uma morte.

Todos se calam quando Carlos pergunta sobre um menino chamado Santi, o fantasma. Santi foi assassinado em condições misteriosas por alguém que mora no orfanato, daí ele volta como fantasma e faz frequentes aparições para Carlos, com o intuito de fazer dele o seu vingador. O personagem Santi, o fantasmito é um detalhe a parte, com uma faixa de sangue flutuando no ar, que parece um cachecol vermelho bailando ao vento, que óbvio, não exite na Espinha do Diabo.

 Apesar de ser testado o tempo todo, Carlos se mostra forte e equilibrado e não cede aos temores de estar num lugar desconhecido e assombrado por um fantasma que o persegue, que as outras crianças chamam de o que sussurra. Assim como acontece com o garotinho em O Sexto Sentido, Carlos.

A Espinha do diabo é um filme sobre fantasmas. Um fantasma como o da tradição desse gênero de histórias: um espírito que ainda não se juntou ao reino dos mortos porque tem a necessidade de se vingar e estabelecer a justiça no mundo terreno. Mas Espinha do Diabo é muito mais do que uma história de fantasmas, em que meninos, órfãos ou abandonados, vivos ou mortos, são aqueles que fazem A Espinha do Diabo se dobrar. Um filme de terror sim, mas que combina o sobrenatural e a melancolia.

Boo.
Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...