sábado, 26 de junho de 2021

As melhores adaptações de Stephen King - filmes

 E começando essa postagem logo de cara com um título que é uma metonímia meio uó, provando a falta de apego da professora de português aqui. 

Demorou um pouquinho pra que eu arranjasse tempo e vontade de escrever. Sabe como é, final de semestre, provas da escola, revisões que eu inventei de fazer, reação à AstraZeneca (parem de escolher vacina, vacinem-se com o que tiver) e um monte de streamings que precisavam ser assistidos, alguns livros recém comprados que precisavam ser lidos, essas coisas. Mas até que eu nem demorei tanto, né? Pois é.

Deixando de embromação, vamos logo ao que interessa, os melhores filmes baseados ou adaptados da obra de Stephen King.

Se, por acaso, você chegou até aqui e não sabe quem diabos é Stephen King, ok, não tem problema nenhum, eu digo pra você! Stephen King é um dos maiores escritores vivos de ficção científica e terror, muito provavelmente você já assistiu alguma coisa justamente inspirada na obra dele. Duvida? Confere a lista então.

Dito isso, vamos aos filmes!


Carrie de Brian de Palma



De 1976, já falei do filme por aqui, procura que você encontra. É a melhor versão dessa que foi a primeira história de Stephen King publicada e que deu início à sua carreira de sucesso. Ele já escrevia antes, muito antes, mas nunca dera certo, até ele acertar o tom certo da pobre garota vítima de bullying e de uma mãe maluca cristã (eu realmente nem sei qual é o pior dos dois estágios de flagelo, ser vítima de bullying ou sofrer o terror do fundamentalismo religioso). A direção e roteiro conduziram tudo no tom certo e, a minha xará, Elizabeth Spacek, ou Sissy Spacek, encarnou a Carietta White com perfeição. As outras adaptações são ruins, e a de 2013 é a pior de todas. "Pior do que aquela que a Carrie é vesga?" Sim, muito muito pior.


O Iluminado (desculpa, Stephen) 



Por que desculpa? Ora, porque simplesmente Stephen King odeia essa versão pro cinema de uma das suas obras mais conhecidas. Acho até que ele não é muito fã, porque justamente essa adaptação, do genial Stanley Kubrock, tornou a obra célebre. É até comum a gente falar "O Iluminado do Kubrick" e não o 'Iluminado do Stephen King". É osso, né? Eu entendo. Mas, o filme é muito bom, traz todos os elementos fílmicos do Kubrick, inclusive suas "adaptações", que mudaram significativamente o enredo. Contudo, apesar de que o filme é realmente uma obra prima do terror psicológico, o livro é melhor.


À espera de um milagre



Uma linda adaptação, bem ao gosto de Hollywood, com elenco estrelado e tudo. Sem dúvida uma das melhores realizações baseadas na obra do King e traz alguns daqueles elementos de sua obra que nos cativam, o elemento humano um primeiro plano, em todas as suas baixezas e grandezas. Um lindo trabalho de Frank Darabont, que se repete em outra adaptação,


O Nevoeiro



Talvez seja o filme mais terrorzão que melhor foi adaptado (eu sei o que vocês estão pensando... "e o It?" Gente, o It só prestou mais ou menos o I, o II é uma comédia com efeitos ridículos), conta com metade do elenco da série The Walking Dead, no tempo que a gente amava The Walking Dead e novamente, os elementos humanos são o destaque. Óbvio que as criaturas abissais, bem ao gosto terror cósmico, as mortes pavorosas também estão lá, mas é  nas relações humanas, pro bem e pro mal, que a história se baseia (como The Walking Dead do Kirkman!), e é por isso a gente gosta.


Conta comigo



Pra resumir, eu diria que é uma gracinha tensa e, por vezes, nauseante. Lindas interpretações do elenco infantil à época e uma linguagem fílmica bonita. Tem aquele sabor dos escritos de Stephen King, aquele gosto de tristeza que a gente fica, invariavelmente, quando termina uma história dele. Porque até quando parece que acaba bem, não acaba bem. O filme capta isso bem direitinho.


Misery


Eu me recuso a usar o nome em português, que parece mais tema de pornochanchada. Não tenho certeza, mas acredito que seja o único filme baseado na obra do King que ganhou prêmio grande, tipo, um Oscar de melhor atriz pra Kate Bates, merecidíssimo, diga-se de passagem. "Ah, mas ganhar Oscar não quer dizer nada". Não, imagina, só um monte de dinheiro, notoriedade, ou seja, tudo no que se baseia a indústria de cinema estadunidense, só isso mesmo. Todavia, Misery é muito mais do que isso, uma excelente história de sociopatia e terror psicológico conduzido com maestria pela força de interpretação da Kate Bates e de James Caan dando vida ao Paul Sheldon e que já havia conquistado todos os cinéfilos fãs de cinema clássico com seu  Sonny Corleone em o Poderoso Chefão (eu, particularmente, o adoro em Elf, como o pai justamente do Elf - Um Duende em Nova York - especialmente porque corre à boca pequena que ele odiava contracenar com o maravilhoso Will Ferrel, o nosso querido Elf, que é elfo e não duende... adaptações ara o português, vai saber, né? Eu acho que o James Caan tem um gênio parecido com o do Sonny Corleno mesmo. Ou o Paul Sheldon no final de Misery).


A Hora da Zona Morta



Eu sou uma fã muito fuleira, porque eu simplesmente descobri o filme agora em 2021, e o filme é de 1983" Dirigido por David Cronemberg (Sacnners, Videodrome, A Mosca) e estrelando como Johnny Smith, Christopher Walken. O filme segue o enredo de maneira quase perfeita, com todo aquele ar dos filmes oitentistas do Cronemberg, que sabe arrepiar, sabe revoltar e sabe entristecer. 


E esses são os meus favoritos, até agora. Tem quase tudo disponível por aí, recomendo com força uma maratona Stephen King, melhores adaptações, quem sabe uma prévia pro Hallooween.


Inté.



segunda-feira, 31 de maio de 2021

Stephen King - Thing of Evil


 A primeira vez que eu li Stephen King, ainda estava no ginásio, li uma edição do Iluminado, era o que chamo de "edição de banca de jornal": capa mal editada, folha estilo jornal, aquele tipo de material que desgasta rápido, tão rápido quanto li o livro, que eu devorei em horas e fiquei relendo e relendo até ter que devolver na biblioteca da escola. Quando assisti a versão do Kubrick pro cinema, eu gostei muito, mas me incomodou a dualidade de não se saber ao certo se tudo aquilo no Overlook era um surto coletivo ou a ação de algo perverso e sobrenatural. Um dos motivos que fez Stephen King não gostar muito do filme, apesar de que é um dos responsáveis por ele ficar ainda mais famoso e, antes da versão de Kubrick para o Iluminado, a Carrie por Brian de Palma (desse o Stephen King gosta).

E são as várias adaptações de suas histórias pro cinema e pra televisão que fizeram Stephen King ser um dos autores mais conhecidos do mundo, salvo engano, está entre os dez mais traduzidos. Obviamente que ele não chegaria tão longe sem algum talento e isso ele tem de sobra. É um grande leitor desde sempre e não há outro caminho para um escritor que não seja a leitura voraz, profunda e apaixonada. Quanto mais áreas diferentes, melhor o leitor, melhor escritor. É claro que nem todo o leitor voraz vai se tornar escritor, porque é necessário o ingrediente extra do talento, mas ler muito e de tudo se faz necessário. Além da leitura e do talento pra escrita, Stephen King é curioso, observador, perspicaz e perscrutador das regiões sombrias da psiquê humana. E todos esses ingredientes muito específicos resultaram no fenômeno que é Stephen King. Quantos enredos inquietantes, perturbadores, quantas personagens que povoam nossas noites em claro.

E vão aí algumas décadas que sou fã e, se você está lendo isso daqui, possivelmente tem interesses parecidos com os meus e sabe da quase obsessão que nós, que gostamos de histórias de fantasia, terror, ficção científica, especialmente histórias  de Stephen King, sentimos quando sabemos que mais uma trama será adaptada pro cinema, televisão e mais recentemente streamings. E como tem coisa adaptada, né? Desde a Carrie de 1976, até Lisey's story que estreia agora em junho pra Apple Tv (estou enlouquecendo pra ver como assisto) tem muita coisa pra se assistir e comentar.

O que eu quero com isso tudo? Falar que vou fazer algumas resenhas sobre as minhas adaptações favoritas de filmes e séries de Stephen King, o que com certeza vai durar algum tempo. Quer dizer, se eu não desistir no meio do caminho. Veremos.

Já escrevi sobre adaptações de Stephen King.

On Writing livro do Stephen King obre seu nobre ofício, a escrita. fantástico.

Sonâmbulos, uma das coisas mais bizarras que já vi na vida. 

O Nevoeiro (filme), who Lovecraft?

Misery, amo a Anne. Sim, eu sou doida.

Rose Red, pens para fãs esforçados. 

Cemitério maldito (versão antiga)

O Iluminado (claro!)

Carrie (versão antiga)

It (versão antiga, pra televisão)

Para as novas postagens esperem minhas impressões sobre Outsider, The Stand, Castle Rock, Mr Mercedes e outras coisas mais antiguinhas, como a maldição do Cigano.

Inté.


Imagem: frente da casa de Stephen King. O cachorrinho acredito que seja dele, já que ele atualmente cria corgis, mas ele posta mais fotos no seu Twitter da Molly aka Thing of Evil 


terça-feira, 25 de maio de 2021

A minha relação com Gilmore Gilrs é muito pessoal




Oi gente, tudo bem? Voltei foi cedo, né? Pois é minha gente, até eu me surpreendi comigo mesma porque ando tão abusada de tudo. Para quem não é do Nordeste, quando a gente diz que está abusada de algo, não é uma coisa tipo letra de funk (ai como eu tô abusada, ai como eu tô bandida) não, é mais para 'ó que abuso do universo', entendem? Então.

Voltei pra falar de Gilmore Girls. E já falei algumas vezes da série.

Rory e sua lista de livros.

Falei da lista de livros da Rory Gilmore aqui. Problemas, muitos problemas. Na verdade, falei da minha ingênua intenção de adaptar a lista para comprar as edições que eu ainda não tinha, mas que já havia lido. E, recomprar edições de livros queridos. Ingênua, porque a Lilibete de 2014 não fazia ideia de tudo o que enfrentaria, incluindo quase morrer de desgosto (e de uma infecção no sangue) dando aula em colégio de riquinhos imbecis tipo o Logan (pra quem não sabe, o namorado riquinho imbecil da Rory, que parece, é o grande amor de sua vida, tipo o Christopher foi pra Lorelai). Enfrentar toda a sorte de problemas com dinheiro, como boa proletária mal paga e explorada. E quando Lilibete acreditava que tudo ficaria bem, veio então a pandemia. 

Eu até comprei livros sim (aqui, aqui e mais que eu posto no Instagram), mas esqueci completamente dessa lista besta. Não me entendam mal, você que por acaso me lê e está seguindo a lista da Rory e tal, está tudo certo, é apenas a opinião de alguém que padece de azedume adquirido. 

Li quase todos os livros citados ali. Alguns me arrependi amargamente de ler, outros não tenho interesse alguns porque ou são muito estadunidenses (demais da conta), outros são machistas, misóginos, racistas, xenofóbicos. E li tantos outros que nem constam ali. A lista da Rory não inclui um único livro de autor brasileiro, um erro da criadora das Gilmore, Amy Shermann-Paladino. Como alguém que tinha o sonho de conhecer o Brasil, como a Rory, e que ama literatura, nunca leu nenhum autor brasileiro? Um Paulo Coelho que fosse! Ficaria muito feliz se Rory aparecesse lendo Carolina Maria de Jesus, que foi traduzida pro inglês em 1998, mas né, pedir demais pra cabeças muito estadunidenses. Sim, eu estou problematizando. Continuo gostando da série, mas não sou cega.

Gilmore Girls

Muita coisa mudou desde que escrevi isso aqui. Finalmente assisti todas as temporadas, inclusive Um Ano Para Recordar. Quando eu comecei a assistir Gilmore Girls, eu tinha uns 25, 26 anos, assistia quando passava no SBT, que não passava a série na ordem correta. Meu grande interesse era Lorelai e a mãe incrível que ela era, que eu sempre quis ser, e sua relação linda com a Rory (que também é Lorelai, pra quem não sabe). Eu achava o Luke um sonho, dono de cafeteria charmoso, que fazia panquecas fofinhas. Detestava os pais da Lorelai, não conseguia de jeito algum sentir empatia por eles e, sonhava com Stars Hollow. Claro, né, minha realidade era o calor absurdo de Fortaleza e a coisa mais próxima do bucolismo era a lagoa do Opaia (acreditem em mim, não é bucólico).

Passados quase 20 anos de quando parei de assistir a série até hoje, 2021, o ano em que maratonei e acabei Gilmore Girls, Lilibete com seus 44 anos pode afirmar que algumas coisas mudaram, já outras não.

1. Lorelai, com todos os defeitos, ainda é uma querida, sigo amando e admirando Lorelai Gilmore, seu jipe, seu amor por cinema, o amor por inverno. Mas, tem péssimo gosto pra homens.

2. Eu não gosto do Luke. Eu gosto do Luke's, das panquecas com blueberries, dos donuts, dos baldes de café, mas eu não gosto do Luke. Ele é um machistão, mau humorado, chato. Lorelai merecia coisa melhor. Na verdade, ela teve, o Max Medina, o professor de Literatura da primeira temporada, responsável por um dos episódios mais memoráveis de Gilmore Girl, o pedido de casamento que encheu Stars Hollow de flores. Mas fazer o quê?

3. Consegui sentir uma certa dó dos pais de Loreali, até da Emily Gilmore. Eu consegui entender a  amargura de ser abandonada pela filha, que preferiu fugir de casa ainda adolescente, com uma bebê nos braços, pra trabalhar de camareira numa pousada. As expectativas quebradas, a ausência da única filha, que faz questão de ficar longe. Mas, só reafirmei que Lorelai, tirando os exageros da ficção, estava certa em se manter longe. Eu tenho uma relação mais ou menos parecida e uma história muito próxima do enredo entre Lorelai e Emily (hoje em dia, inclusive,  numa via de mão dupla) e é isso gente, não tem muito o que fazer, manter uma distância segura é a decisão correta. 

4. Continuo sonhando com Stars Hollow. Se todo o problema fosse o Taylor, pôxa vida!

Os namorados de Rory e a coisa do bad boy

Nunca tive muita paciência pras aventuras românticas da Rory Gilomore. Eu gostava/gosto da relação entre Rory e Lorelai, boa parte porque eu queria ser filha da Lorelai, sabe, e crescer numa casa cheia de música, de filmes, procurando fadas pelas várias árvores centenárias de Stars Hollow. Mas o certo é que a Rory herdou o dedo podre da mãe. 

O menos ruim dos amores de Rory foi o Dean. E sim, Dean tinha alguns problemas, o pior foi casar ainda gostando da Rory e trair a esposa com a Rory. O grande problema do Dean, além do péssimo gosto pra se vestir, era a Rory. 

Logan, que aparece por último e que marcou a vida da Rory pra sempre (pra saber do que estou falando, caso já não saiba, assista Um Ano Pra Recordar na NetFlix) é um riquinho, imbecil, fraco e idiota. E olha que ele nem é o que eu menos gosto, hein!

E o Jess é detestável. Ele é um Luke piorado. A única coisa boa desse sujeito é que ele gosta de ler. Mas ele gosta de ler Bukowski, geração beat... ai que sono. Não tenho paciência com bad boy nem na vida real, tampouco na ficção. Quer bad boy de verdade? Heathcliff de Morro dos Ventos Uivantes, aquele ali sim, é um garoto mau pra ninguém duvidar, do tipo que trapaceia, rouba, mata, desenterra o cadáver da "amada" pra olhar uma última vez pro seu rosto (crânio?). Vamos falar a verdade, Heathcliff é um macho ruim ficcional. As pessoas chamam a personagem de Emily Brontë de anti-herói, não, o nome correto é macho ruim ficcional! Anti-herói é o Darcy de Orgulho e Preconceito da Jane Austen. Rochester da Jane Eyre, da outra irmã Brontë, também se encaixa na definição (minha) de macho ruim ficcional (porque existem os machos ruins da vida real e desses, a gente não deve ler nem a capa).  Vejam bem, ele aprisiona a mulher, Bertha, num quarto secreto na mansão Rochester, porque a coitada enlouqueceu e daí tudo certo em prendê-la, afastando sua existência de tudo e de todos, porque assim é melhor pra ele. E o problemático é o Darcy da Jane Austen? Eu não entendo esse gosto por macho ruim. O Jess não chega a ser um macho ruim, mas ele não é um cara legal, ele foi um idiota com a Rory, com o tio, com a cidade que o recebeu bem. E não, idade e agruras não justificam tudo. A gente pode entender os porquês, mas é só.

Tudo isso, e foi muito, como sempre, cheio das minhas digressões, pra dizer que a minha relação com Gilmore Girls é muito pessoal. E é isso, as séries, os filmes, as músicas e, especialmente os livros favoritos com os quais nos envolvemos ao longo da nossa vida penetram tão profundamente em nossas almas que passam a ser parte de nós, como velhos amigos. Por isso, peço desculpas por quem gosta de Heathcliff e Rochester, eu gosto dos livros que eles protagonizam. E gosto muito muito de Gilmore Girls, mas do Jess e do Luke não.


Inté.

terça-feira, 18 de maio de 2021

O melhor da vida é o surto


 

E faz quase um ano desde a última vez que escrevi aqui no Solilóquios. De lá pra cá, nasceu a ideia de criar um outro blog sobre decoração, ilustrações, coisas mais leves do que o descarrego que virou isso aqui (apesar de que vocês gostam, nunca me leram tanto na vida). Mas a ideia desse outro blog ficou  no papel. Não tenho desenhado muito. Pensado em decoração sim, vide meu perfil no Pinterest mas pouca coisa na prática porque não está sobrando dinheiro, pra ser franca, está faltando. Especialmente desde que fui despencada da porcaria da editora onde eu trabalhava feito uma insana e sem vínculo empregatício. 

EU ODEIO ESSA EXPRESSÃO: VÍNCULO EMPREGATÍCIO. Eu queria era tacar fogo em tudo, tipo o plot de Clube da Luta, sabe? Pois então. Continuo como professorinha arrependida, nessa distopia de ensino virtual. Não é que eu não acredite em educação dessa maneira, eu não estou é acreditando na educação de jeito nenhum. E eu era aquela pessoa que defendia a educação como elemento factual de transformação da sociedade para aplacar as desigualdades. Não me entendam mal, eu ainda acredito que esse seria o caminho correto, mas eu sou uma minoria silenciada por boletos e diversas opressões (aluguel, salário ridículo, indiferença, solidão); Eu já pressentia tudo isso, lá em 2015, desde que aquele aluno que me apelidou de "bruxa comunista" profetizou no meio da minha aula de literatura: "~ insira  o nome do atual presidente ~2018!" Senti uma coisa ruim, uma vontade de cuspir lava ou estar na realidade alternativa em que eu sou uma medusa e petrifico todo esse pessoal, mas né? Eu estou é nessa realidade cósmica em que eu só me lasco.

O que eu tenho feito? Passado raiva, serve? Muita raiva. Pelos sintomas correlatos, acredito que já tive covid e um derrame no meio do caminho. A síncope nervosa é constante. O ano de 2021 tem sido até agora o caos. Mas estou aí, sobrevivendo. Descobri que caixas d'água quebram. Penso muito em Água Negra quando me deparo com o mofo da sala dos livros. Penso em Jovens Bruxas (como eu nunca escrevi sobre Jovens Bruxas?!?), a cena da goteira, tenho uma goteira muito parecida com a do filme; coitada da Nancy. Coitada de mim. Esperando as aulas começarem, vídeo-aulas em casa, desisti de assistir telejornais, daí apelo pra Warner. Estou expert em Search Party, Super Girl e Seinfeld. 

Ah, eu lembrei que gostava muito de Seinfeld! Quer dizer, ainda gosto, né? Desenvolvi a teoria de que o Jerry Seinfeld, ao menos o da série, é pai do Howard Wollowitz de The Big Bang Theory (essa eu assisto à noite, apesar de que tenho várias temporadas que comprei em DVD. sou antiquada). Adoro o Kramer. Adoro o fato de que o nome dele é Cosmo Kramer.

Supergirl é muito ruim e conseguiu chegar a uma sexta temporada. A menos ruim é a quarta, tem ali um teor político, muito ataque ao facínora do Trump o que é ótimo, mas não dá, gente. É bem ruim, Mas eu assisto, porque eu sou masoquista.

Seach Party. As pessoas odeiam mesmo os millenials. Até os próprios millenials se odeiam entre si e em relação a eles mesmos. A série é basicamente isso. Independente de ser boa ou não, é uma declaração de ódio aos millenials e tudo o que se associa a essa geração. E eu não sei o que pensar. Eu não odeio tanto assim essa galera. Eu gosto do Instagram. Eu dou aula pra eles, sou mãe de pessoas dessa geração. Não é de todo o mal não. Eu acho. Não é que às vezes a gente não queira bater neles com um livro do Foucault. Eu também queria bater no Foucault. Em millenials eu já dei umas chineladas (meus erês), no Foucault ele já morreu então não rola. 

Fora as manhãs assistindo séries que nada têm  a ver uma com a outra, nos intervalos entre aulas sobre Pollock e morfossintaxe, eu tenho assistido muuitas coisas. De 2020 pra cá fiz maratonas de Arquivo X, Supernatural, Gilmore Girls, The Office, Cobra Kai. Muito filme de terror ruim claro, alguns filmes europeus intrigantes em vários aspectos, como Neco z Alenky, filme de 1988 (ou o ano em que a vida da Lilibete começou a dar tilt), é checo e uma versão muito bizarra de Alice no País das Maravilhas. Dentre outras coisas.

Vou encerrar por aqui, eu pretendo voltar a escrever mais, mas não vou prometer nada. Pode ser que a gente volte a se encontrar daqui uns dias, daqui um ano ou, nunca mais. Quem sabe, né? Sempre estou no Instagram e No Pinterest, é só procurar Lilibete.


Inté.

Imagem: do dito cujo do filme checo.


terça-feira, 26 de maio de 2020

Plantas em vasos











Às vezes eu não sei bem o que estou fazendo no planeta. Sim, decerto ajudando a poluí-lo com todas as quinquilharias que lotam meu mafuá, digo, casa, estragando o ar com a minha existência. Eu não estou bem, gente.

Como falei no post passado (encarem este aqui como mais uma página do diário de quarentena, mas um diário de alguém muito muito chateado) estou trabalhando em casa, gravando as aulas que são postadas pela escola em canais e, dentro em breve, pra meu desespero, numa plataforma educacional. De começo eu tinha ajuda, mas a ajuda foi embora e eu estou me virando (ou não) com a câmera do notebook. É desesperador gravar aula de gramática sem um quadro, sem saber compartilhar slide. Quando é literatura e arte, que eu posso falar e mostrar meus livros até que vai, me sinto uma YouTuber até (isso não é legal. lembram do post sobre isso? então.) mas todo o resto, não está sendo fácil.

 Usei bastante a câmera, não só a do meu iPhone velho (porque o outro o ladrão me levou mais 500 bozolóides), mas a minha Canon. Tenho desenhado, rascunhado, aquarelado bastante, mas guardado pra outro momento. O Pinterest tem sido minha salvação pra me manter em cores e não em tons de cinza.

Tentando não entrar em colapso nervoso quando lembro dos momentos que descia a 24 de maio rumo ao Centro, passando pelos casarões antigos da rua, lamentando pela situação precária em que se encontram, aproveitando a sombra das árvores que resistem por aqui, pra ir tomar um café no Centro, ou o melhor pastel com caldo de cana do mundo (Leão do Sul) ou comer um acarajé na Praça do Ferreira com a família menos baiana do Brasil e a mais antipática (mas o acarajé é bom) e o quase colapso vem porque eu posso, nesse momento, descer a 24 de maio, os casarões e árvores estarão lá, mas tudo fechado, como uma cidade fantasma, com um ou outro mascarado, como eu, arriscando a vida pra comprar antitérmico.

Como podem perceber, a saúde mental manda lembranças, ela que já não era das melhores, dada minha ansiedade clínica, piorada ao longo dos anos difíceis e traumas. Moro no andar de cima de um sobrado alugado, não tenho quintal, não tenho jardim, só uma árvore que fica na calçada do vizinho do andar de baixo, que é filho do dono e não gosta da árvore. Vez ou outra, a gente acorda com a árvore pelada. Não, não é podada, é pelada mesmo. E toda vez eu sofro. mas agora a árvore está crescida, verde, um respiro em meio ao caos, Ela faz companhia as minhas plantas em vasos. mas cada vez mais, sinto falta de um lugar com terra e muito verde que me faça querer ficar lá. Inveja sincera de todos que têm isso. Eu tento fazer, mas nunca fica do jeito que eu quero, ou preciso. Eu sinto muita falta de ter um jardim ou um quintal, ou ambos.

 Saudades de tudo da minha vidinha de antes disso tudo. Dos meus lugares favoritos, dos meus passeios com quem amo, imortalizados por fotos ruins e fortemente censuradas "para de tirar foto de tudo". Coisas simples, bestas, bobas, mas que me faziam intensamente feliz. Mesmo sem jardim, ou quintal.

P.S.: Ontem assisti Little fires everywhere. Assistam.

Inté.

Diário de quarentena blá blá blá

Querido diário, que porcaria.

Gente, eu perdi a tampa do chinelo várias semanas atrás, parei de escrever a porcaria desse diário porque eu não estava com a menor paciência, sem clima, sem saco.

Adoeci várias vezes, não sei bem o que era, mas com todos os sintomas que nesse momento causam pânico. Não só eu fiquei doente, mas meus filhos também. Quer dizer, o terror.

Aí a cidade em que você mora entra em lockdown e você não pode ficar em lockdown porque tem pessoas que dependem de você que não moram com você. Então, tente imaginar como é que fica a cabeça da criatura humana que já não funciona muito bem. A falta de paciência pra esse papo furado de que "estamos todos juntos". Porcaria nenhuma! Não, não estamos todos juntos, no mesmo barco, na mesma condição. E sim, eu sei que tem gente que está muito pior do que eu, mas isso é só pra pessoa ter consciência, não serve pra você se sentir melhor. Como se sentir melhor em meio a tudo isso?

Então é isso, estou sobrevivendo. Trabalhando através de vídeo-aula (tem sido um desafio), tentando não enlouquecer presa dentro de casa e muito, muito frustrada porque esse micróbio escroto levou todas as minhas esperanças de coisas novas que viriam com 2020. Eu e boa parte da humanidade, eu sei, tá?

Adendo: vocês me leriam em outro blog com uma outra postura? Uma coisa mais com função, ligado ao meu sonho (frustração) antiga de decoradora-ilustradora?

Inté.

segunda-feira, 6 de abril de 2020

Diário de Quarentena II



28 de março de 2020

(Des)querido diário,

Ainda na angústia dessa espera  de saber ou não se terei que trabalhar durante o pico da epidemia. Às vezes fica difícil até de raciocinar.

Saí com meu filho pra fazer compras no Mercado São Sebastião, que me pareceu movimentado, porém menos do que o costumeiro para um sábado por ali. Em geral, apinhado de gente comprando legumes, frutas, verdura, comendo uma tapioca com carne de sol e queijo coalho. Nada disso é possível pro agora. Mas ainda tem muita gente na rua e dá pra ver que não é por necessidade.



29 de março de 2020 

O episódio de WestWorld foi incrível, nível muito incrível mesmo. Quem está no corpo de Charlotte? 



30 de março de 2020

Finalmente, prorrogaram a quarentena nas escolas do Ceará até o final de abril.

Descobri uma série baseada na obra de Stephen King, Outsider, e fiz maratona pela HBO Go. E essa foi a minha segunda. Muito boa a série. Como sempre, Stephen King me deixando com medo do escuro.


31 de março de 2020

Ida à farmácia, muita chuva. Muita mesmo. Como esqueci de comprar guarda-chuvas e não tem mais onde comprar, imagine aí o desmantelo.



01 de abril de 2020

Fui até a casa da minha mãe de novo pra ver se estava tudo bem e se ela se mantem quietinha em casa. Tudo certo, porém doida pra bater perna, no estilo Nazaré Tedesco.

Aproveitei e fui ao Extra do Montese, mais ou menos perto de onde minha mãe mora, e fiz umas compras de perecíveis. Achei tudo mito caro. Gente enchendo carrinho, acredito que pra não sair mais de casa. Comprei mais um conjunto de talheres em tom pastel, coisa mais fofinha.


02 de abril de 2020

Saí cedo pra reforçar as compras de casa no Assaí, um mercado desses atacadistas em que os preços deveriam ser mais em conta. Porém, nada estava em conta. É um mercado enorme, mas estava lotado e isso 7 da manhã.

Comecei maratona de La Casa de Papel (finalmente). Apaixonada por Nairóbi


03 de abril de 2020

Terminei a maratona de La casa de Papel, entendi porque todo mundo me dizia que eu iria adorar. De fato, adorei, mas fiquei chateada com os acontecimentos dessa última parte. Esperando ansiosa pelo desfecho.


04 de abril 

Maratona de Twilight Zone, com produção do maravilhoso Jordan Peale (Corra, Us), inclusive é ele que apresenta, que era o papel de Rod Serling na versão antiga. Para quem não conhece, é o Além da Imaginação, uma série de terror e syfy com muito de existencialismo e metafísica. Amava a série original e amei a versão nova. Disponível na Prime.


05 de abril

De novo às compras e, encontrei o Assaí  com fila pra entrar. Isso mesmo, só entrava um cliente por vez e a fila estava gigantesca. Da série "como formar aglomeração quando não deveria se formar aglomeração".

Desisti, mas fui até outro mercado, o Hiper BomPreço, pra conferir se estava do mesmo jeito. E não estava, na verdade estava vazio, excelente pra fazer as compras com muita calma. Os preços bem reduzidos, foi o único mercado que reparei isso, especialmente nos itens de páscoa, como os ovos de chocolate, alguns 10 reais mais barato do que ano passado. 

Fiz maratona de outra série disponível na Prime, Channel Zero Candle Cove. Não conhecia, é de autoria do escritor Kris Straub, é uma especie e creeypasta (histórias que viralizam na internet, que narram lendas urbanas que podem ou não ter acontecido). Tem uma espécie de fada dos dentes meio medonha. Ou completamente medonha. Na verdade, não é uma fada dos dentes, mas eu não sei como diabos definir aquela coisa. Da uma gastura, minha gente. Recomendo.

Outro episódio incrível de WestWorld. Dolores confirmando com fé a máxima popular  "do it yourself".

Inté. I hope so.



segunda-feira, 16 de março de 2020

Diário de quarentena I


Não sei vocês, mas até onde eu sei, quarentena consiste em uma reclusão de gente pelo período de 40 dias. Por aqui, são 15. Como estou bem apavorada com tudo que está acontecendo, eu realmente queria ficar em casa, super praticando o distanciamento social durante quarenta dias. Eu me sentiria mais segura. Mas, até segunda ordem, volto dia 2 de abril a dar aula, sem a menor vontade, morrendo de medo.

Daí que decidi escrever uma espécie de diário dessa quarentena xexelenta, escrever ao menos um pouco, já que blogs se tratam disso (pra mim, pelo menos). Só coloquei no ar agora, porque os primeiros dias dessa merda foram tão tensos que eu escrevia pra não ficar doida. Escrever sempre me ajudou muito a aliviar um tantinho esse monte de coisa ruim que eu sinto, como se eu vivesse batendo o dedo mindinho do meu espírito na quina da mesa da vida e escrever fosse tipo, um emplasto sabiá.



16 de março de 2020

Querido diário da quarentena xexelenta. Por que não estou de quarentena, com esse vírus assassino no ar da minha cidade?

Bibi passou carnaval em Minas e veio de lá meio doente, uma tosse que não passa, um mal estar que não passa, me deixando meio com um pânico que não passa. Ela sempre fica doente no começo do ano, em especial em março. Mas, tinha que ser no mês do meu aniversário? Sim, é o mês do meu aniversário. Não é ótimo?

Nem sei como consegui dar aula. Esqueci todos os conteúdos. Eu só pensava em: eu tenho lupus, vou morrer nessa merda. Bem, metade do povo (alunos) faltou e eu entendo. Anos atrás, durante a epidemia de H1N1, estávamos no Rio e meus erês todos ficaram em casa antes mesmo das autoridades mandarem.

Vamos ver como fica, (des) querido diário.



17 de março de 2020

Hoje já cheguei ao trabalho com a notícia do recesso até o dia dois de abril. Mas, dei aula "normal" (ênfase nas aspas). Antes, todos foram reunidos na quadro pra receber as informações gerais. Sei que não tinha outro jeito, nossa escola é pequena e tal, mas não consegui evitar de pensar que não deveríamos estar todos reunidos numa quadra fechada.

Geralmente, quando chega minha hora, eu saio da escola muito rápido, mas dessa vez eu saí da escola tipo The Flash. Sempre fico muito feliz em voltar pra casa, mas hoje eu quase choro de alegria.

Apesar de que precisamos ficar em casa, que é o certo pra tentar conter a epidemia, eu precisei sair, pois março, além de ser meu aniversário, é também o aniversário da minha caçula e eu queria muito fazer algo especial pra ela, pois tivemos anos bem difíceis desde que saímos do Rio. Não tem sido fácil pra nenhum de nós, mas pra ela tem sido um pouco pior.

Fizemos um tour por alguns mercados da Aldeota (é meio a Zona Sul do Rio), tipo Campachi, São Luiz, Pão de Açúcar, Mercadinho Japonês. Coisas pro aniversário, compras pra casa e voltamos cedinho, o mais rápido que deu.

Estou mais tranquila que ficarei em casa ao menos alguns dias.



18 de março de 2020

Bibi só piora. Não tem febre, mas um mal estar que não melhora. Não consigo ficar em paz um minuto. Pensei que essa porqueira de quarentena serviria pra descansar um pouco a minha cabeça, mas não. 

Como ela se queixa muito de dores articulares e agora, dificuldade pra andar, acho melhor levá-la ao médico.

***

Foi atendida mas não foi. Atendimento ruim, não foi medicada. passaram uns remédios, um soro reidratante (?).

Que dia longo.



19 de março de 2020

Levamos Bibi de novo ao médico, mas no pronto atendimento só recebiam quem chegava com suspeita de covid-19. Meio que tendo uma crise de pânico me perguntando o que fazer com uma filha dizendo que não conseguia andar. Um anjo em forma de velhinha me deu a dica de um hospital que o atendimento funcionava. Atravessamos a cidade até lá. Já reparou que essas cosias nunca ficam perto da gente? 

Chegando lá, parecia uma instalação de Chernobyl, o que não me ajudou em termos de esperança. E, numa noite que teve de tudo, mulheres em trabalho de parto e pessoas morrendo, sim, Bibi foi atendida, medicada, saiu com receita de remédio e foi dormir dizendo que se sentia levemente melhor.

Acho que vou chorar até dormir.



20 de março

No  primeiro dia com todo o comércio fechado, menos as Lojas Americanas, saí pra tentar comprar uma lembrancinha pra minha caçula. Ela se queixava que eu não fazia surpresas pra ela desde o Rio. Eu não faço tanta coisa desde o Rio.

Parecia um domingo fora do lugar, tudo fechado, mas ainda com muita gente na rua. Tive que me contentar em comprar algumas coisas que eu pensei, pra surpresa da minha filha, nas Americanas mesmo. O rapaz que me atendeu morrendo de medo, disse pra mim que queria muito ir pra casa. Fiquei de coração partido, torcendo por ele, torcendo por todos. 

Bibi terminou o dia bem melhor.



21 de março

Chegou o aniversário da minha caçulinha! Casa arrumada, festa só pra gente aqui em casa, mas tivemos que sair pra pegar o bolo na Tortelê da Aldeota. Pegamos um taxista maluco, que dirigia tipo Mad Max. O bolo sofreu umas leves avarias no percurso, mas conseguimos salvá-lo.

Foi um dia leve e bonito em meio a tudo o que está acontecendo.   

Muita gente nas ruas ainda, gente usando máscara sem necessidade, gente idosa se expondo. 

Bibi sem dores!



22 de março 

Dia tranquilo finalmente. Maratona de filme de terror trash na Prime e na Netflix. Não, nada de epidemia, nem doenças que geram zumbis etc.

O segundo episódio da terceira temporada de Westworld foi muito bom. O primeiro eu não sei se gostei. Muito cyber punk, apesar de que gosto de cyber punk. Eu sei lá. 



23 de março

Fui até a casa da minha mãe ver como ela estava. Está bem segura, tomou a vacina contra gripe. Tudo certo com ela, que está fazendo o certo, ficando em casa com sua calopsita.

Passei no Extra perto da minha mãe e comprei um conjunto de talheres rosa pastel, coisinha mais linda. 



24 de março

Meu aniversário.

Acordei bem cedinho, como sempre, fiz faxina e bolo pra mim: limão siciliano e geleia de framboesa que eu mesma fiz (comprei as framboesas no Campachi). Minha caçula fez café da manhã pra mim.

Foi meu primeiro dia de home office de fato. Planejei aulas futuras, fiz provas e o roteiro de estudos pros alunos. 



25 de março

Fiz maratona do Monstro do Pântano (Swamp Thing). Amei a série. É muito triste o que acontece com Alec. É muito triste que a série foi cancelada. Falta o último episódio que vai ao ar dia 27 agora.

Fui inventar de assistir Globo News pra ficar em pânico de novo.



26 de março

Fiz maratona The Circle Brasil (é o Big Brother da NetFlix, mas não é o público que escolhe os vencedores - e é? - mas eles mesmos, os participantes). Só a Marina e a Lolô prestavam. 



27 de março 

Fora uns filminhos de terror pela Prime e NetFlix, fieis companheiras da quarentena xexelenta,i o que mais marcou o dia, até mesmo pra essa pagã aqui, foi a cerimônia Urbi et Orbi, a benção que o Papa faz durante a Páscoa. Acho que pela primeira vez praticamente sozinho na imensa praça São Pedro. Muito simbólico e triste. Estamos vivenciando história nesse momento. Para o bem e para o mal.

E me despedi de Swamp Thing num misto de alegria, porque a série foi muito boa e trsteza, porque só teremos uma temporada.

Até agora foi isso.












sexta-feira, 17 de janeiro de 2020

Parasita



Estou numa fase da minha vida que não quero ser desafiada ou, no mínimo, procuro não ser. Até que consigo ficar bem longe das notícias e ficar me martirizando com a estupidez coletiva dessa época. Tento fugir de reler trechos de livros que me corroem as entranhas. Ficar bem longe do Ensaio sobre a cegueira, ou O Conto da Aia, Admirável mundo novo e a barata da GH. Mas daí, a barata da GH me parece muito mais o surto de uma dondoca asquerosa da zona sul carioca, porque aquela dondoca infeliz é a barata. Resquício de crítica social? Toneladas de crítica social? Eu tento.

 Aí a criatura humana começa o ano assistindo Frozen 2. Vai a uma sala da Cinépolis, a mais cara da cidade, compra o balde de pipoca do Olaf, já pra né, não se desafiar a nada, fora terminar o mês pobre. Só que sede à tentação de ir até os cinemas do Centro Cultural Dragão do Mar, pra assistir Parasita. Por que eu fui fazer isso?

Um filme muito arriscado pra pessoas que não querem ser desafiadas, como eu nesse momento. Vou passar dias sem conseguir dormir direito por causa do Bong Joon-Ho (já gostei dele no Golden Globe, sugerindo que o povo começasse a ler as legendas).

É uma espécie de sátira-terror, uma mistura muito comum que acontece nos filmes contemporâneos, um passeio por alguns gêneros sem se prender a nenhum, como Bacurau. É engraçado, faz a gente rir, há o humor, mas muito atropelado. Há também a tensão do drama. Aterroriza por conta da violência gráfica. E é uma melancolia na falta de certeza do que realmente foi o desfecho.

Vendo todo o seu realismo brutal, não consegui não lembrar de toda a legião de alunos fãs de KPop (não tem nada de Kpop no filme, é só um surto meu, que não sou dondoca, mas surto constantemente) e o tanto que KPop é errado e tudo o que tem por trás da sociedade sul-coreana, muito doente e pervertida, em busca de se americanizar e perder a própria cultura. Mas o pior mesmo, é a degradação a que são submetidos os pobres e miseráveis de um país que abraçou o modo mais aviltante do capitalismo. Decerto, é um filme muito contemporâneo e, desafiador, para o meu mal.

A família do filme (Kim), aninhada  num porão, o que sobra pra eles morarem, como uma família de ratos (parasitas), no estrato mais baixo da sociedade, consegue se embrenhar na família rica (Park), tentando sobreviver às custas dos ricos, que só são ricos porque são o topo de um sistema que não deixa quem está embaixo, subir. Quem é o parasita, né? Tá lá no Auto da Compadecida, "a esperteza é a arma do pobre." Só que nem a Compadecida, tampouco a família Kim esperava pelo pobre de direita adorador de quem o despreza.

Tem uma máxima popular que fala assim, que "todo castigo pra pobre é pouco." Eu vivo dizendo isso pra mim mesma. Dia desses falei isso, debaixo de uma chuva torrencial, carregando uma caixa de bolo, porque decidi vir a pé pra economizar o do táxi (pobre sinistra). Mas, são enredos como o de Parasita que me dizem que sim, mas também que o castigo quando vem pra rico, vem em tempo. 

Inté. Assistam Parasita.

Imagem: Não se enganem com a imagem.

quinta-feira, 16 de janeiro de 2020

Coringa - Afinal, Arthur Fleck imaginou tudo mesmo?



Escrevi o post sobre o Coringa, minhas impressões aqui. Gostei muito do filme, grande novidade né, porque muita gente gostou, Joaquim Phoenix ganhando vários prêmios e fazendo discurso besta, como o do Golden Globe, etc. Só que muitos não gostaram também, inclusive um monte de cinéfilos, críticos de cinema e tudo bem, porque como dizia Nelson Rodrigues (de quem eu por sinal não gosto - da obra - mas reconheço que é interessante), toda unanimidade é burra.

Mas, pra quem gostou, pra quem não gostou, ficou uma dúvida - porque no fundo todo mundo saiu meio intrigado do cinema - Arthur Fleck imaginou tudo mesmo?

Tem esse livro do Umberto Eco, A obra aberta, que eu sempre recorro nesses casos, pois valida uma coisa que a minha experiencia enquanto leitora e expectadora sempre me mostrou: uma obra de arte está aberta para a interpretação de quem a aprecia. Óbvio que um autor (escritor, roteirista) quando cria uma obra, por mais que a história não seja linear ou que ainda, como no Coringa de Todd Phillips, acompanhemos um lapso de tempo de alguém com sérias perturbações mentais - naaada linear tampouco confiável - quando essa obra chega até nós, ela será percebida de maneiras diferentes, pois todos nós temos formações diferentes, olhares diferente, maneiras diferentes de percepção.

Então pra uns, Arthur Fleck imaginou tudo e nada daquilo é real. Vejo muito essa perspectiva nos fãs mais radicais da DC, porque "esse Coringa não é o Coringa de verdade". Aí eu até concordo, ele é mais. Já pra outros, uma parte do que ele experimenta é delírio, que percebemos através de cenas e referências que se espelham ao longo do filme (o sonho com Murray ao assistir o programa com a mãe, a vizinha Sophie, uma parte da dança na escadaria - vocês perceberam que uma parte da dança é delírio?). O próprio diretor de fotografia, e até o próprio Todd, afirmaram exatamente isso, que uma parte é imaginação da personagem, mas não tudo. 

Mas, como falei antes, quando a obra cai em nossas mãos, ela meio que passa a ser nossa, inclusive pra criarmos superinterpretações e delirarmos junto com Arthur Fleck.

Inté.
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